Ⅱ.

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J.



Me chamo João Miguel, meu nascimento foi no dia 16 de março de 2008, em João Pessoa. Eu moro com minha mãe e meu irmão, meu pai vive viajando a trabalho, então, não nos vemos muito. 

Eu sempre gostei de conhecer pessoas novas, o que me fez ser bastante popular. Eu estudo no Pot desde muito pequeno, também faço parte do time de futebol do colégio. Hoje vai ser meu primeiro dia no ensino médio.

Eu levantei da cama sentindo o sol bater no meu rosto, caminhei para o banheiro do meu quarto, escovei os dentes enquanto limpava as remelas dos olhos. Tirei meu celular do carregador vendo um bombardeio de notificações.


"mn a gnt vai passar ai na tua casa pra ir todo mundo junto"


Vi a mensagem de Mauricio, meu melhor amigo.


"blz"


Respondi.


Tomei meu banho e vesti a farda, tenho que assumir que a farda desse ano 'tá péssima. Vesti meu casaco do time por cima, caminhei para a cozinha, vendo minha mãe tomando café e meu irmão mais novo, Gabriel, vestindo seu pijama de astronauta.


- "Bom dia, Gab." - Fui até ele e baguncei seu cabelo. - "Bom dia, mãe. Eu vou ir andando com os meninos." - Avisei, enquanto pegava uma torrada e mordia. Ouvindo "Bom dia" sonolento dos dois.


Meu celular começou a vibrar e eu vi que eles já tinham chegado. Me despedi e saí de casa.


- "E ai." - Mauricio disse enquanto fazíamos um toque de mão.

- "Fala aê." - Eu respondi, cumprimentando Mauricio e Rafael.


Começamos a caminhar em direção da escola.


- "E cadê Arthur, hein?" - Arthur  é um dos nossos amigos, sempre vai para a escola com a gente, mas hoje não estava, então eu estranhei.

- "Ele vai com a namorada hoje." - Rafael respondeu, enquanto ria. Rafael Paraquedista tinha entrado ano passado, ele não é tão meu amigo quanto Mauricio, mas é gente boa.

- "Ei, tu trouxe a tua bola hoje?" - Mauricio me perguntou. Que fez Rafa rir vendo duplo sentido. - "A de futebol!" - Ele disse rindo e dando um tapa na nuca do garoto mente poluída.

- "Trouxe sim." - Eu peguei e joguei em direção dele, mas antes que ele conseguisse pegar, a bola passou reto e foi em direção de um garoto loiro. Acertando em cheio o rosto dele

- "PUTA MERDA!" - Mauricio gritou e riu alto junto de Rafael.

- "Mano, me desculpa!" - Corri na direção dele preocupado. Ele parecia irritado com enquanto as pessoas dentro do carro não paravam de rir. Eu senti uma imensa vontade rir pela bagunça, mas iria ser falta de educação. Ouvi a pessoa bufar irritada enquanto Rafael e Mauricio aproximavam, ainda rindo.


O loirinho se abaixou murmurando alguma coisa que eu não entendi, talvez um palavrão, esse branquelo tinha cara de azedo. Eu sendo educado e ele todo bravinho, moleque irritante.


- "E ai, cara, tudo bem?" - Eu disse, ainda preocupado, vai que ele tinha se machucado, e mesmo assim esse loiro continuava com a expressão irritada e os meus amigos não paravam de rir.

- "Relaxa." - Disse e me entregou a bola. Oh, moleque chato.

- "Não, mano, foi mal mesmo. Eu te atingi sem querer." - Falei, mas logo desci os olhos para a camiseta dele, tive o azar de que esse menino vai estudar na mesma escola que eu, mas ele é baixinho demais para ser do primeiro ano do ensino médio, isso eu tenho certeza.  - "Ah, você também estuda no Pot? Talvez a gente se esbarre lá."- Questionei, talvez tenha saído mais feliz do que eu gostaria.


O mal educado nem respondeu, só pegou os fones de ouvido e entrou no carro. Pelo menos não vai ser da minha sala.


- "Cara chato." - Eu falei vendo o carro se afastar e os garotos caminharem na minha direção com um sorriso no rosto.

- "Parece que você já fez amizade nova, né." - Mauricio disse rindo e pegando a bola da minha mão.

- "Que nada, aquele baixinho é chato pra porra." - Eu falei resmungando.

- "Da um tempo, são nem sete da manhã e o menino já foi atingido por uma bola." - Rafael falou.

- "Eu 'tô achando que é o amor, que mexe com a minha cabeça e me deixa assim." - Mauricio começou a cantar essa música de apaixonado só para me irritar.

- "Cala boca." - Eu falei e eles riram.


Continuamos nosso caminho para a escola, dessa vez sem acertar o rosto de ninguém.

Chegando lá eu vi o garoto loiro descendo do carro junto com um menino moreno e uma garota loira.


- "Caralho, quem é essa?" - Rafael perguntou surpreso se referindo a alguma garota.

- "Essa quem? A loira?" - Mauricio questionou e eu olhava para a menina que saiu do carro e o loirinho conversarem e depois saírem para caminhos diferentes. Eu sentia uma estranha necessidade de seguir aquele garoto, de falar com ele.

- "Não, porra! Aquela ali." - Apontou para uma garota negra dos cabelos cacheados. Eu lembro dela, faço crossfit com ela.

- "Ah, o nome dela é Isa." - Eu respondi simplista e Rafael me olhou surpreso.

- "De onde tu conhece ela?" - Ele perguntou segurando meu ombros, estava agindo como se a vida dele dependesse disso.

- "Eu faço crossfit com ela." - Eu disse rindo meio surpreso pela reação dele.

- "Como tu nunca me falou dela, mano." - Disse meio bravo. - "'Cê acha que ela me dá uma chance?"- Ele perguntou meio preocupado.

- "Eu sei lá, cara. Testa a sorte." - Eu falei isso e nós três caminhamos para dentro da escola. Rafael continuava falando sobre Isa, eu respondia sem dar muita atenção e Mauricio parecia estranhamente quieto, às vezes deixando algum comentário aqui ou ali.

- "Não acredito que você  nunca me falou dela. Ela vai ser a mulher da minha vida!" - Rafael falou agitado enquanto andávamos pelo corredor.

- "Eu não achei que fosse ser tão importante... - Eu ia continuar falando, mas acabei esbarrando em uma pessoa e ela deixou todas as coisas caírem no chão.

- "Desculpa. Você 'tá bem?" - Perguntei, me abaixando para ajudar o recolher as coisas. A pessoa virou o rosto para cima e eu vi quem era. Era ele, o mesmo garoto de mais cedo. 


Merda.



Amores Opostos (PAUSADA)Onde histórias criam vida. Descubra agora