A sociedade sempre impõe desde quando somos pequenos o que é certo e o errado. E muitas das vezes, o errado é sim certo. Nessa história, Lyan enfrenta um conflito entre a aceitação da sua própria sexualidade, além de um pai totalmente preconceituoso...
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LYAN MILLER,point of view São Paulo, Brasil
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Sabe quando você apronta ou então tenta entrar em uma conversa de adulto e seu pai está com uma cara de rabugento te olhando? Aquela cara de você já sabe que fez merda e já sabe que vem bronca pela frente.
Era essa cara que meu pai estava enquanto todo mundo jantava. Porém, pela primeira vez eu estava contente vendo o seu rosto. Sempre tive medo, mas parece que nesse instante o meu medo se tornou coragem ― O que é muito raro.
A mesa de jantar é de doze lugares. Oito nas laterais e quatro nas pontas. Estamos em onze pessoas, meus pais ficaram em uma ponta da mesa assim como os pais da Ágatha que estavam na outra ponta.
Na lateral onde eu sentava, que era ao lado do meu pai, estavam Ágatha, Dylan e Alice. Na outra lateral, meus irmãos e Noah, sobrando uma cadeira ao lado de Noah.
Minha mãe ama fazer jantares. Ela ama esse negócio de mesa posta, escolher a dedo os talheres e sousplat que irão como decoração. Acho que ela ama tudo em geral que envolve festas, brunch, jantares, etc...
E não é porque ela é minha mãe, mas, ela sabe fazer o que faz.
Com uma tensão no ar, os únicos sons que ouvimos é dos talheres. Parece que todo mundo só queria saber de comer.
De entrada, tivemos Ceviche de salmão. O prato principal era um combinado Ruddy, basicamente comida japonesa. E eu amo. Nem todo mundo sabia usar o hashi, como por exemplo, Noah.
Desde que Ágatha, Noah e eu somos amigos, temos o costume de comer comida japonesa. Porém, mesmo depois de anos, Noah nunca soube manusear um hashi. E eu acho até engraçado.
Mas ele também não estava sozinho nessa, o pai da Ágatha e o Dylan também estavam com um pouco de dificuldade.
― O que vocês estão achando da comida? ― Minha mãe pergunta quebrando o gelo do jantar.
