J.
- "Ei, 'cê pode passar protetor solar no meu rosto?" - Guilherme perguntou. A gente 'tava na praia de cabedelo, os nossos amigos estavam na água, então, acabou ficando somente eu e ele na areia.
Gui já tinha o rosto levemente vermelho, já que o ele era tão branco, eu não podia negar esse pedido, né, iria ser falta de educação da minha parte.
Coloquei um pouco de protetor na mão e estendi até o rosto dele enquanto eu o vi se aproximar.
De fundo, conseguia ouvir a música do Tim Maia, Eu amo você, tocando.
O loiro sorria e eu espalhava por suas bochechas, conseguia sentir a respiração dele perto do meu rosto. Meu corpo todo parecia tremer quando seu rosto aproximou mais. Ele ia me beijar? Por que eu quero me aproximar mais?
Mas antes que nossos lábios se encostassem, senti alguém me empurrar.
Eu abri os olhos assustado. Não estava na praia, nem mesmo beijando Gui, estava na escola, assistindo aula.
- "Tem alunos aqui que não tem o mínimo de respeito pelos professores!" - Ouvi uma voz de fundo falar isso. Alunos? Mas estamos na praia.
Bem na hora eu senti alguém empurrar meu rosto braço, onde estava minha cabeça apoiada.
Já fazem mais ou menos um mês que as aulas começaram, eu e Guilherme viramos bastante amigos, nós acabamos nos vendo muito, já que somos vizinhos. Ele é totalmente o meu contrário em questões de sociabilidade, então, a gente acabava não se falando tanto, e o menino também só andava com um grupinho das garotas, no primeiro dia de aula elas tomaram ele de mim.
- "Acorda, cara." - Ouvi a voz do loiro enquanto ele continuava me empurrando. Eu olhei para ele, lembrando do sonho. - "Tu ia se fuder bem pouquinho se o professor percebesse."- Disse irônico.
- "Foi mal, mas é que inglês é mó ruim." - Eu reclamei. - "Talvez o marido dele não comeu ele direito, esse viado." - Eu odeio esse professor, sinceramente. Depois que o pessoal da escola descobriu que ele é gay, só gerou mais xingamentos. Até pensei que Guilherme fosse rir, mas ele ficou em silêncio e me olhou de uma forma estranha. Será falei merda?
- "Entendi..." - Falou baixinho, virando o rosto. O que deu nele?
- "'Cê 'tá bem?" - Perguntei, me sentando direito e olhando para ele.
- "'Tô." - Respondeu seco. O que aconteceu?
- "Você de novo, não é, João Miguel?! Vocês dois não param de conversar, para fora de sala! Agora!" - O professor de inglês gritou, apontando para mim e Gui. O baixinho ficou quieto e caminhou em direção a porta, já eu, tentava argumentar com o professor, mas desisti e segui o loiro.
O caminho para a coordenação foi silencioso, parecia que tinha um ar tenso. Enquanto andávamos, refleti em tudo o que falei para deixar o assim. Não faz sentido, nem xinguei a mãe dele. Chegando lá, sentei em uma das cadeiras do lado de fora da coordenação, esperei ele sentar do meu lado, mas o loiro sentou duas cadeiras longe. Que merda 'tá acontecendo?
Pulei a primeira cadeira para sentar do lado dele, ele 'tava quieto e de cabeça baixa.
Pulei a segunda cadeira para sentar do lado dele. Ele continuava do mesmo jeito.
Quando já estava ao lado do baixinho, eu suspirei alto e o encarei.
- "Cara, eu falei merda? Alguma coisa que te magoo?" - Perguntei, aquele silêncio 'tava me matando. Ele me olhou indignado e cerrou os olhos.
- "Falou. 'Cê foi homofóbico pra caralho lá na sala." - O loiro respondeu. Tá, talvez eu tenha falado merda, mas porque afetou tanto ele? Nem foi dele que eu falei.
- "Tá, foi mal, mas porque te afetou tanto?"- Questionei, e me olhou surpreso.
- "Ah, sei lá. É...Que tu não sabe o que ele passou para se assumir, mano. Você não pode chegar e falar mal dele, só por causa da sexualidade do cara." - Ah, então esse foi o problema. Ele leva muita coisa para o pessoal.
- "Ah, entendi. Mas eu não odeio ele por conta da sexualidade, eu odeio por ele ser insuportável, 'cê não viu como é irritante?" - Eu olhava para os olhos azuis dele. Vi um sorriso aparecer em seu rosto, era bonito, deveria sorrir mais...
Que merda eu 'tô pensando?! Primeiro aquele sonho, depois essa preocupação bizarra com o que ele pensa, se ele vai ficar bravo comigo ou não. O que 'tá acontecendo comigo?
Talvez tenha ficado em silêncio pensando por muito tempo, pois eu vi uma expressão estranha no rosto dele. Mas antes do baixinho falar qualquer coisa, vimos a porta da coordenação abrir.
- "O que vocês estão fazendo aqui?" - A coordenadora, Rafaela, perguntou.
- "O professor de inglês tirou a gente de sala." - Respondi simplista. Quase sempre ia para a sala dela ano passado, então, acabei criando uma certa amizade.
- "Tu eu sempre te via por aqui." - Apontou para mim. - "Mas tu é a primeira vez." - Apontou para Guilherme.
Ela mandou a gente entrar e se sentar nas cadeiras de frente da mesa dela.
- "João, eu vi que as suas notas está já começando ruim, não deixa para recuperar só no final do ano, não." - Disse meio preocupada e eu concordei. - "Sabe, as sua média na escola antiga eram bem alta. Quer saber, para João melhorar as notas, Guilherme vai te ajudar a estudar." - Ela falou animada e com um sorriso no rosto.
- "QUÊ?! Tipo um reforço?! Pra quê? Eu já assisto as aulas daqui, não preciso de mais ainda." - Perguntei. Não quero mais aula.
Guilherme só ficou quieto e balançou a cabeça, talvez fosse a primeira vez dele na coordenação. E eu possa ter demonstrado não querer a companhia dele, o que é mentira, eu gosto dele, da companhia dele. Mas, porra, aula extra?!
Rafaela disse que eu iria precisar dessas aulas para melhorar minhas notas, caso contrário, seria expulso do time de futebol. Nós dois concordamos e voltamos em direção do corredor.
- "Que dias da semana você 'tá livre?" - Guilherme parou no meio do corredor e me perguntou.
- "'Cê realmente levou a sério? Não precisa me ajudar nas notas, o pai aqui resolve tudo no final do ano." - Eu respondi sorrindo e batendo no meu peito. Ele revirou os olhos.
- "É sério. A coordenadora pediu para eu te ajudar." - O loiro disse meio irritado. Moleque irritadinho.
- "Eu 'tô livre toda sexta." - Respondi. Não ia deixar o mano mais irritado que antes. Se ele quisesse me ajudar, que ajudasse, mesmo sabendo que eu não iria querer estar ali.
- "Ótimo. Combinado, toda sexta vamos estar estudando às 15 horas." - Respondeu com um sorriso. Eu acabei soltando um sorriso involuntário vendo a expressão dele. Antes que respondesse qualquer coisa, o sinal tocou e as garotas desceram trazendo a mochila do garoto, o puxando para longe de mim. Ele só deu um breve aceno e caminhou junto delas.
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Amores Opostos (PAUSADA, PRECISA SER CORRIGIDA)
Fiksi Remaja"Os totais opostos, um dia se encontraram e seus caminhos se cruzaram. E com os seus segredos, e os problemas que carregavam, será que os dois conseguiriam se amar para todo o sempre?" AVISOS: NÃO TERÁ HOT; É TUDO FICÇÃO; A HISTÓRIA ABORDA TEMAS SEN...