Enquanto eu ainda o encarava, vejo o mesmo andar em passos pequenos em minha direçãoComo se eu não pudesse fugir do que estava por vir... como se ele fosse imparável... ou até uma espécie de deus
Rapidamente saio do transe em que estava e termino de fechar a cafeteria, deixando o homem sozinho do lado de fora e eu com medo do lado de dentro
Logo após esse acontecimento, eu vou para os fundos, pego minha bolsa e começo a retirar o avental com pressa
Até que começo a ouvir barulhos do lado de fora da cafeteria...
Havia alguém batendo nas janelas com algum tipo de cano de metal...
O barulho ficava cada vez mais alto e assim, cada vez mais perto
Meus ouvidos doíam....
Rapidamente saio correndo em direção ao balcão, onde deixei meu celular
Quando chego em frente ao mesmo, pego o celular e assim que tento ligar nada acontece
O filho da puta do celular tinha ficado sem bateria
Parecia até cena de fanfic... não que eu leia esse tipo de coisa...
Ele está cada vez mais perto...
Até que em certo momento, as luzes se apagam e tudo vira um breu, no mesmo instante eu começo a correr em direção aos fundos novamente, onde eu me enfio em um dos armários do armazém
A cada instante ouço o barulho cada vez mais perto de mim, cada vez mais alto e mais agoniante
Até que em certo momento, junto com o barulho do metal... eu ouço um canto baixinho e harmonioso que com certeza era fácil de reconhecer
La Llorona
- Salías de un templo un día, llorona
Cuando al pasar, yo te vi... - o homem cantava melancolicamente, o timbre ecoava pelos corredores com harmonia- Salías de un templo un día, llorona
Cuando al pasar, yo te vi... - a cada segundo que se passava a voz do homem ficava mais grave e alta, como se ele quisesse sinalizar que estava ali, como se quisesse sinalizar que estava me vendo, como se estivesse sentindo a minha presença e soubesse onde eu estava- Hermoso huipil llevabas, llorona
Que la virgen, te creí... - ele cantava enquanto passava a barra de ferro nas paredes da cefeteria, chegando mais perto de onde eu estava- Ay, de mí, llorona, llorona, llorona
De un campo lirio.... - após esse verso ser cantado, de longe ouço o barulho de alguma coisa destrancandoNo mesmo momento, eu fico estático
Esse maluco tinha a chave da cafeteria? Como ele tinha a merda da chave desse lugar?
O barulho de seus passos era aterrorizante... e com certeza minha curiosidade havia ido pro lixo
- El que no sabe de amores, llorona
No sabe lo que es martirio - ele cantava com sua voz magnifica, que agora ecoava pelas paredes da cafeteriaParecia que ele tinha largado a barra de ferro, pois nenhum barulho com ela era mais ouvido
- No sé qué tienen las flores, llorona
Las flores de un camposanto - ele canta chegando agora cada vez mais perto, enquanto as lágrimas insistiam em cair pelo meu rosto- Que cuando las mueve el viento, llorona... parece que están llorando - Diz abrindo a porta do armazém, enquanto eu me encolho ainda mais no canto do mesmo
- Ay de mí, llorona, llorona, llorona
Llévame al.... mi río - ele canta suavemente, enquanto mais lágrimas surgiam em volta de meus olhosNaquele momento eu percebo uma coisa
A voz
Aquela voz era familiar
Eu tinha certeza que já tinha ouvido aquela voz antes
- Tápame con tu rebozo llorona porque me muero de frío - ele canta enquanto vira a esquina do corredor do armazém, assim tendo a visão de mim
Encolhido em um canto, chorando, completamente vulnerável e desprotegido
Naquele momento todas as escolhas que eu já havia feito passaram pela minha cabeça
Sera que eu deveria ter odiado tanto a minha vida? Sera que eu deveria ter tentado fazer coisas comigo mesmo? Será que eu vou pro inferno por eu simplismente ser quem eu sou? Será que eu deveria não ter amado meninos como eu? Será que eu deveria ter sido... melhor?
Mesmo eu estando na beira da morte... eu não conseguia ser minimamente util...
Eu via o homem caminhando em minha direção, que agora olhando mais de perto, tinha muita mais massa corporal que a minha, mas aparentava ter mais o menos a minha idade
Quanto mais perguntas minha mente fazia, mais perto o homem chegava perto de mim
Até que finalmente nossa distância é cortada, e o mesmo se agaixa e fica de joelhos em minha frente
Em momento algum eu levanto meu rosto, pois sou covarde e inútil o suficiente até para isso
A respiração pesada e o alito do homem batem contra meu rosto, me fazendo ficar ainda mais em pânico
Mais surpreendentemente ele não faz nada, fica somente parado olhando para mim, como se estivesse me avaliando
Em certo momento ele retira do bolso de seu casaco
Uma rosa vermelha
Ele começa a retirar os espinhos da mesma, um por um. Ele retira todos os espinhos, sem ligar para sua mão cortada e machucada. O sangue escorria pelo caule da rosa e também pelo chão abaixo de nossos pés
Quando o mesmo termina, ele pega meu rosto com uma de suas mãos, e assim põe a rosa em meus cabelos enquanto o mesmo faz questão de fazer um carinho
Eu mesmo querendo... não resisto
Pois havia visto a arma na barra de sua calça.... e não queria que uma daquelas balas parasse sobre minha cabeça
Após o breve carinho, o mesmo se levanta e sai, me deixando lá... no chão, chorando
Com uma rosa ensanguentada no cabelo e diversas perguntas na cabeça
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- La Llorona
Ángela Aguilar
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(.... direto pro manicômio)
Curtam e comentem guapitos♡
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Â꧑bᥲr - (Gᥙᥲρ᥆dᥙ᥆)
FanfictionNada melhor que um stalkerzinho né? - q!c × f!c × q!r início: 06/11/23 final: 24/04/24 🏅Qsmp 🏅Roier 🏅Guapoduo 🏅Forever 🏅Cellbit ...