Akatsuki - Reunião da Akatsuki

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Não deposite confiança em quem você não viu sangrar. 

Essa frase me fazia refletir sobre aquele breve momento, compartilhando a mesma fogueira e a mesma comida, cobertos pela mesma caverna, há dias dormindo no mesmo lugar. Konan havia partido uma semana antes, me deixaram sobre os cuidados do homem de cabelos vermelhos — que embora parecesse mal humorado, estava disposto a me ensinar o que sabia sobre controlar um grande poder. 

Ele era mais alto, a magreza se escondia atrás do manto negro com nuvens vermelhas, e aqueles olhos, olhos que pareciam esperar o momento certo para separar a carne do meu corpo dos ossos. Passei todos aqueles dias com medo, mas jamais o transparecia, e nem podia, por mim, por todos aqueles que abandonei mas não deixei de amar, pelo meu irmão mais velho, por Gaara e todos os outros jinchuurikis que eles estavam dispostos a capturar. 

A noite caíra rápido desta vez, a fogueira crepitando, fervendo aos poucos a água para o chá com as ervas que Nagato me obrigara a coletar. 

— Seus olhos me parecem familiar. — a saliva sumiu da minha boca, fui obrigada a engolir a respiração para parecer calma. — De onde você é? 

Uma breve lembrança de Konoha zarpou diante meus olhos. — Suna. — respondi, misturando com o dedo indicador as ervas na água quente, ardia o suficiente para me lembrar de continuar mentindo. 

— Em breve você conhecerá mais pessoas. — ele continuou falando, sequer se dava ao trabalho de me olhar, parecia concentrado demais em encarar o caldeirão com chá. E por que ele gostava tanto de chá?

— Eu conheci muitas pessoas que não acreditavam no que eu poderia fazer. — o Rinnegan caiu sobre mim outra vez, mas não senti seu chakra me açoitar como da última vez. — As pessoas...

— Querem te ver provar seu valor? — ele completou a frase de forma lenta, como se pudesse prever o que eu podia dizer. — Você por enquanto foi a única pessoa que não se ajoelhou implorando pela vida quando olho em meus olhos, eu sei o seu valor, no entanto, as pessoas lá fora não estão interessadas na gente, até... 

— Que sejamos um problema... — foi a minha vez de completar. 

Ele tinha razão, ninguém de Konoha procurava saber como meu irmão se sentia quando o tratavam mal, mas todos tinham medo do que ele poderia significar para o futuro da vila. Eu queria ser um problema, um grande problema, mas não um problema ruim, queria ser tão forte que me mandar para uma missão se tornasse último recurso, os inimigos evitariam a qualquer custo chamar minha atenção. 

— O que você pretende? — as palavras saltaram por meus lábios, chamando atenção daqueles olhos para mim, eu tinha impressão que ele desejara sorrir, mas evitara por não me conhecer o suficiente para isso. — O que pretende fazer com essa reserva de chakra que possuo? 

— Eu não costumo matar crianças para roubar o poder delas. — sua voz anunciava que parecia ofendido. 

— Deixe-me ajudá-lo, — era o momento perfeito para demonstrar devoção, ganhar sua confiança. — quem tirou a felicidade de vocês? 

Aquela pergunta o afetara, eu conseguia sentir, era como se suas emoções pudessem transparecer através de seus gestos, que mínimos, eram suficientes para que eu pudesse entender. Nagato perdera alguém que amava e junto com esse alguém sua fé que as coisas poderiam ser melhores, no entanto, a morte é a consequência de estar vivo, sempre será impossível evitá-la. No fundo, ele apenas precisava de alguém que lhe desse sentido, um amigo, alguém que fosse capaz de atravessar toda a dor que sentia para chegar até ele. Katara seria perfeita para isso. 

— Eu não tenho pelo que viver, — confessou, meus olhos se abaixaram levemente até que pudesse encarar a lenha queimando. Eu sabia que ele me olhava e que naquele jogo de manipulação ninguém poderia ser melhor que eu. — deixe-me viver por algo que faça sentido para você, para ela... 

— Você... — uma lágrima escorreu por minhas bochechas, os sentimentos de uma garotinha pareciam então suficientes para deixá-lo sem palavras? — Isso tudo acaba em morte, menina, não vai querer participar de algo tão cruel. 

— Eu já participei de coisas cruéis antes, uma hora ou outra eu iria morrer, mas ela me encontrou naquele cemitério e em troca estou disposta a dar minha vida por ela, por você. 

— Concordei em cuidar de você até que ela retornasse, mas depois disso irá para outro lugar, não aceitamos crianças. — ele se virou, a água fervia diante meus olhos, borbulhavam como o sangue em minhas veias. 

— Você era mais que uma criança quando tiraram tudo de você? — eu não sabia o que perguntava, mas senti que fizera efeito quando o vi virar o corpo para mim. Um arrepio mortal subiu por minha espinha. — Vai acabar me matando de qualquer forma, não vai? Então me deixe ser útil antes, use-me como uma arma na qual pode controlar. 

Eu me arrependeria de cada palavra, de fazê-lo acreditar que podíamos ser amigos, de obrigá-lo a me encarar como alguém que o defenderia de tudo apenas para matá-lo logo em seguida, no entanto, preferia vê-lo morrer em meus braços do que nunca o ter conhecido. 

[...]

Viajamos dias depois, andando pela floresta como criaturas perdidas, usando mais a noite do que o dia, até que finalmente chegamos até onde os outros membros deveriam estar, ao que tinha entendido, eles quase nunca ficavam juntos, evitavam ao máximo chamar atenção por onde passavam e presavam a todo custo a eficácia do silêncio, morrer nunca fora um problema para nenhum deles.

Nagato me obrigara a liberar a barreira que escondia meu chakra, disseram que todos deveriam entender minha utilidade sem que ele precisasse gastar palavras para isso, no entanto, antes que pudéssemos de fato estar juntos aos outros membros, Konan me apresentaram algo que me fizera novamente estremecer: os caminhos de pain.

Me explicara que o corpo de Nagato já não era tão forte e a aparência dos seis me lembrava amargamente que eu não fazia parte daquele trio, era meu chakra que abrira a vantagem de me inserir naquele lugar, eu jamais seria a terceira pessoa a completar aqueles dois. 

— Apenas fique ao meu lado. — Konan orientou. 

Não consegui contar quantos, mas todos estavam me encarando, segurei minhas mãos atrás do corpo para evitar tremer, apenas o levantar da sobrancelha de Konan fora suficiente para que a atenção deles se dispersassem na direção de Pain, eu não conseguia encontrar o Nagato nele, mesmo que tivesse os mesmos olhos. A sensação de medo piorou com a aproximação, estávamos enfileirados na direção daquele cadáver com vida, esperando que finalmente dissesse algo para aliviar a tensão. 

Eu sabia que não me conheciam, que Konan sequer tivera o trabalho de falar sobre mim, mas o silêncio era como uma faca de dois gumes, e desta vez parecia dilacerar minha carne sem a menor pretensão de parar. 

— A Akatsuki está reunida. — meu corpo voltou a me responder quando a voz chegou aos meus ouvidos, ele iria apresentar cada membro. — Konan, Itachi, Kisame, Sasori, Deidara, Kakuzu, Hidan e Zetsu. — meus olhos passaram por cada membro assim como aquele par de Rinnegan, mas demorei mais tempo encarando Itachi. — Cada um de vocês possui os próprios sonhos e planos, mas chegamos até aqui, vamos continuar com força total. 

Cada um deles cometera inúmeros crimes no mundo ninja, ao menos era nisso que a sociedade acreditava. 

— Nossos próximos alvos são as bijuus de uma e nove caudas. — eu senti meu coração bater como nunca batera antes, meus dedos se soltaram, deixando meus braços caírem ao redor de meu corpo. O chakra que ainda guardava timidamente explodiu aos poucos, um ato no qual não pude controlar. — Nós dez vamos lutar para que isso aconteça, — o olhar demônio morto-vivo me encarou, sem expressão, sem sentimentos. — E a nossa amiga será uma forma de chegar até nosso objetivo. 

O meu chakra era a forma de chegar até as Bijuus, podia atraí-las até mim, como animais buscando refúgio na força que emanava do meu corpo.  

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⏰ Última atualização: Oct 12 ⏰

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