Akatsuki - Ganhando Confiança

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Ainda não conseguia responder se crescer estava associado a mudar de tamanho ou de perspectiva, talvez os dois, mas tinha plena noção que aquela mulher tinha interesse naquele chakra que emava de mim.

Eu sabia reconhecer o chakra, havia aprendido isso na academia, onde a maioria dos ninjas de Konoha aprende a sobreviver no mundo ninja, no entanto, podia sentir o meu, era como se todo aquele poder estivesse envolto por uma longa camada de medo, e quando eu finalmente comecei a confiar em mim, esse medo sumiu, deixando aquela energia amedrontadora ultrapassar os limites do meu corpo.

Konan encarou meus olhos, conseguia ver seu rosto graças aquele poder, e ela não saberia disso tão cedo, seus cabelos lilases estava chegando nos ombros, lisos e sedosos como uma flor, seu cheiro se assemelhava a papel novo, e embora seu chakra estivesse adormecido abaixo daqueles olhos alaranjados, eu sabia que ele era incrivelmente forte.

— É um lugar perigoso para uma garotinha estar sozinha. — ela mentia, eu sabia que mentia, sabia que ela me sentia explodindo, mas me acalmei, encarando seus olhos com um sorriso infantil, ingênuo. — Deveria tomar mais cuidado com sua vida, mesmo quem possui um chakra como o seu pode acabar sendo derrotado.

— Um chakra como o meu? — eu nunca tinha me visto atuando daquela maneira, nunca tinha sido tão falsa e superficial. — Você consegue senti-lo? Consegue me ajudar?

Minha linha d'água se preencheu, transparecendo a emoção de encontrar alguém que pudesse me entender — uma mentira na qual quase paguei com a vida. Konan manteve os olhos sobre mim, analisando a emoção que eu demonstrava, uma garotinha perdida com um chakra na qual não sabia controlar. Um talento precisando de direção, tudo que a Akatsuki gostava de ter.

Ganhar a confiança de alguém que tem o coração em fragmentos é uma coisa muito fácil, mesmo aqueles mais fortes, com mais experiência de vida, caem diante as feridas abertas e expostas. Eu a estava expondo sobre seu luto, contornando sua dor para chegar até seu coração, e não sei dizer se um dia me arrependeria disso, afinal, sacrifícios são necessários para se chegar a um objetivo maior.

Eu precisava de rumo e ela queria alguém com um poder imensurável para lutar por sua causa, duas peças que se encaixavam tão bem, como fogo e oxigênio. Konan me acolheu como uma mãe acolhia um filho, cuidando de mim nos dias que passamos na estrada, não parecia desconfiar de minhas ações ou da curiosidade e eu ousadamente emitia em sua presença, por longos três dias ela foi o refúgio de uma presença feminina depois de dois anos com Shisui.

Eu tinha dez anos quando a prova Chunnin começou, muita coisa havia mudado em mim no tempo que permaneci ao lado daquele Uchiha de altura mediana, meus cabelos haviam crescido e meu corpo também — e confesso que foi mais fácil de entender com um homem que explicando sobre as mudanças mensais que aconteceriam comigo do que lembrar das explicações das minhas amigas.

Nós chegamos a um lugar diferente, ainda na estrada, ela não exibia aquele manto em todos os lugares pelo que entendia, ao menos, naquela missão de visitar o cemitério, ela havia ido como uma mulher que perdera um ente querido, não como uma assassina em busca de honrar um irmão de guerra. O lugar era como uma caverna, as pedras cravejadas de limbo denunciava que era um canto esquecido, perfeito para um esconderijo.

— Uma companhia? — escutei uma voz questionar, pelo timbre, um homem. Ela não respondeu, apenas caminhou para dentro daquele buraco na pedra. — Uma criança?

A escuridão me cegou por alguns instantes, mas assim que me adaptei ao ambiente pude ver, sentado em uma pedra, um homem magro, de cabelos vermelhos com os meus quando sem tinta, com uma mecha sobre um dos outros, o olho amostra tinha um tom de lilás mortífero, com anéis negros, aquele era então o Rinnegan mencionado por Shisui?

Konan passou os olhos pelo ambiente, sem muito interesse em respondê-lo, apenas me encarou, como se eu precisasse demonstrar o que sentia por baixo da pele. Fechei meus olhos brevemente, quebrando a barreira que havia criado para esconder meu chakra, a força que o oprimia se quebrou tão facilmente que pude notar a diferença em como enxergava o ambiente depois de ter meu chakra liberto. O homem de olhos estranhos me encarou por alguns segundos, como se duvidasse que aquele poder pudesse vir de mim.

— Dizem que nos menores frascos encontramos os maiores poderes. — sua fala me fez refletir sobre meu tamanho, sobre minha missão.

— Ela sabe esconder, não controlar. — minha amiga parecia depositar nele uma confiança imensurável. — Faça-a ser útil.

Era verdade que ainda não me sentia útil de verdade, a missão que prometi fazer havia acabado de começar, eu não tinha resultados, e ainda desconfiava se realmente conseguiria aguentar até que ela acabasse.

— Olhe para mim... — o ruivo ordenou, absoluto como um rei, o encarei, depositei toda minha concentração em seus olhos, embebedando-me com a vontade de enxergar atrás deles.

Algo pareceu quebrar, como um caco de vidro ao ser pisado, sua expressão mudou, aqueles olhos pareciam se mexer, como uma ilusão, um encantamento, e conforme eu o encarava tudo parecia ter ainda menos sentido. Pude ver Konan sorrir atrás do amigo de cabelos vermelhos, só então notei o que ele tentava fazer.

Os genjutsus eram especialidades dos ninjas do clã Uchiha, que podiam facilmente usar seus olhos para transformar a realidade numa versão diferente, iludindo aqueles que ousavam olhá-los nos olhos, o Rinegan era sim uma variação do Sharingan, como Shisui me dissera, então tinha o poder de conseguir me enganar, iludir. Era isso que ele tentava fazer, o sorriso de Konan era por sua falha significar minha utilidade. De alguma forma eu não podia ser imersa num jutsu como aquele.

— Qual o seu nome, menina? — ele me encarou, irritado, desacreditado.

— Me diga o seu primeiro. — ousadia era uma das armas mais afiadas que eu podia usar.

— Nagato...

— Eu sou a Katara, Nagato.

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