Naruto - União Suprema

Mestre Shisui - O treinamento de uma kunoichi

Quando mostrei a ele os pergaminhos que havia roubado praticamente iniciei uma guerra. O chakra que eu concentrava atrás dos olhos me faziam enxergar — mesmo que de má qualidade — e me ajudavam a ler o pergaminho, mas na cabeça daquele Uchiha, era loucura roubar Konoha daquela forma.

— Eu não roubei, — argumentei convicta de minhas ideias. — copiei o que pude do meu pai.

— O que significa roubar, já que ele não autorizou que fizesse isso. — o rapaz sacudiu meu corpo a tentar me fazer largar o rolo. — Devolve isso, você não tem poder suficiente para dominar jutsus tão precisos quanto os feitos pelos Hokages!

Uma risadinha saiu de mim sem que eu pudesse controlar, talvez eu realmente fosse fraca, mas ninguém jamais podia me dizer isso. Naquele instante eu jurei que nunca mais iria deixar-me a encaixar rótulos nos quais eu não gostava de possuir.

— Talvez você até tenha razão, mas isso não impede que eu possa mudar de alguma forma. — era uma decisão, Liara Namikaze não seria uma kunoichi ruim. — E já que você é realmente tão poderoso, vai me ajudar a ser uma boa ninja.

— Fora de cogitação, garota, pode sumir de Konoha, mas não me obrigar a treinar alguém sem futuro!

Shisui tinha ideais, princípios que nem mesmo ele conseguia ir contra, decisões que sua própria alma havia feito, não foi difícil fazê-lo acreditar em mim e quando demo-nos conta, ele já havia me ensinado muito mais do que eu pretendia.

Conforme os meses passavam e eu sentia que melhorava, ele se afastava cada vez mais, como se tentasse me convencer que me tornar forte me afastaria das pessoas, entretanto, meu irmão me ensinou que jamais deveríamos quebrar promessas, eu não podia voltar atrás.

— Liara, — com o passar do tempo aprendemos a nos dar bem, sincronizamos nossos sentimentos para entender um ao outro. — eu sinto algo incomum em você.

— Já me disseram isso uma vez... — diziam-me que eu não era parecida com meus pais, afinal, Minato era o quarto Hokage e Kushina seu braço direito enquanto eu me resumia a não executar nem mesmo taijutsu. — você acha que não estou tendo progresso?

Senti seu corpo se aproximar, era fim de tarde naquele momento e começava a esfriar, meu mestre sentou ao meu lado e com a mão esquerda tocou meu ombro, se pudéssemos nos enxergar eu diria que estávamos tendo um perfeito vislumbre de nossos olhos.

— Não, você aprendeu mais do que eu mesmo podia imaginar. — jurei vê-lo a ter orgulho, mas mantive minha atenção no que viria depois. — Sua mãe é uma Uzumaki, e esse clã tem uma reserva de chakra gigantesca, até mesmo a própria Kushina foi considerada uma ninja de chakra especial, mas você libera uma energia diferente.

— Mas eu nunca usei meu chakra antes de te conhecer.

— O chakra é uma energia física que é moldada através das nossas células e só pode ser eficaz quando passamos a exercitá-la. — minha cabeça acenou positivamente, aquela explicação eu já havia recebido na academia em Konoha. — Você não sabia usá-lo porque não praticava, mas não é exatamente isso que eu quero dizer.

— Então aonde quer chegar? Pare de falar em enigmas que explique de uma vez. — sentiu sua mão bater contra minha testa de forma violenta, para quem não queria ser meu mestre até que ele levava jeito na hora de punir.

— No início do mundo shinobi aconteceram muitas guerras, embora estejamos em paz agora, o destino de alguns seres do nosso mundo pode estar em perigo com o passar dos anos. — algo me dizia que Shisui odiava a ideia da guerra e prezaria a todo custo a paz, afinal, suas atitudes e desejos sempre foram claros para mim. — Você é irmã do Naruto e também filha de um ex jinchuuriki, sentia-se bem perto do seu irmão?

— Você quer dizer que minha família é incompatível comigo por causa do meu chakra?

— Não, pelo contrário, seu chakra possui uma energia pacificadora capaz de manter a besta que vive dentro do seu irmão em paz, isso faz com que sua convivência com Naruto seja essencial. — meu corpo deixou de me responder, enquanto minha mente ia ao passado meu coração tentava decidir entre a dúvida e a verdade.

Gaara havia sido manipulado por Orochimaru, assim como boa parte da aldeia da areia, mas durante sua luta contra meu irmão as coisas tomaram rumos diferentes com a minha presença — indevida — na batalha.

Gaara dizia ao meu irmão que enquanto ele lutasse por outras pessoas ele sempre iria se decepcionar, que preocupar-se com quem amava o deixava fraco demais, mas meu irmão jamais desistiu de lutar por quem amava, ele sempre acreditou que era mais do que a nove caudas e que Gaara também podia ser como ele. A solidão de ser rejeitado até pelos próprios amigos não consumiu Naruto, apesar de ser filho de um dos homens mais importantes da minha vila, ele nunca deixou de ser rejeitado pela a população de Konoha, afinal, querendo ou não, ele carregava na barriga um monstro que tirou a vida de muitos pessoas naquele lugar.

Quando chegou a minha vez de dizer algo naquela ocasião, minha presença surtiu mais efeito do que qualquer palavra que eu tivesse dito, a verdade era que naquela batalha eu havia servido apenas para manter ambos jinchuurikis calmo.

— Quer dizer que dentro de mim há uma energia que consegue manter aquele monstro calmo? Por acaso está me dizendo que eu poderia ser uma jinchuuriki melhor que meu irmão ou Gaara? — uma lágrima solitária despencou por meu rosto e novamente eu senti que estava sozinha. Vazia, como uma sala sem independência, um objeto que só pode funcionar com a ajuda de outro, um ser que fracassou em sua única missão.

— Não, você só serve para o que você quiser, aceitar um destino escrito não é o dever de ninguém, muito menos o seu. — suas palavras eram confortáveis, mas não passavam disso. — Eu achei que nunca fosse dominar os jutsus que sabe hoje, eu me enganei, você é forte o suficiente para trazer a paz onde for.

Liara significava união, uma ligação com algo, um nome que naquele instante me fazia refletir sobre minha verdadeira função no mundo shinobi. Talvez eu estivesse ali para ligar a paz com o mundo, e embora não acreditasse que fosse possível, eu sabia que tinha que seguir aquele rumo.