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Hana Vivien

Desde que mamãe morreu, eu nunca me apeguei a ninguém como fiz com Henry. Nunca depositei amor, esperanças e sempre vi pessoas como animais presos em uma jaula mantendo seus sentimentos e instintos retraídos para viver em uma sociedade.

O afeto que um dia senti por mamãe se tornou algo precioso que eu não queria expor para ninguém, e mesmo que nossa relação fosse um casamento de arranjo, eu mantinha meu respeito por ele.

O clima do ambiente, o céu parecia nublado. Acredito que também compartilhavam da mesma dor. Agora, eu estava usando um vestido preto, em frente a seu caixão e o vendo ser enterrado ao lado de diversas pessoas que eu não conhecia. De cabeça erguida, e sem derramar uma lagrima.  O véu preto escondia minha face, e meus lábios fechados os gritos de minha alma.

Serafina tentava arrancar alguma emoção de mim, de forma doce e irritante como sempre. Mas, eu não lhe dava ouvidos. Depois de sepultado, muitos foram embora, e eu permaneci ali.

— Hana. Fala alguma coisa. Você não disse nada desde que...

Serafina havia sofrido, eu entendia um pouco de seu sofrimento,todos que ela amava haviam a traído, e Henry também me traiu, se deleitou nos braços da morte antes de mim. Mas, a voz doce da jovem já estava me dando nos nervos. Então juntei as mãos a frente do véu e o ergui, revelando meu selante triste, mas forcei um sorriso e um olhar gentil.

— Serafina, não se preocupe comigo. eu só quero ficar sozinha. Pode fazer isso?

Eu não via aquela mulher desde que havia fugido de minha casa para os braços de um sangue suga, e então voltou apenas no dia do meu casamento trazendo sua cria com ele. Mas, agora eu só queria ficar sozinha, sem ver ninguém. Apenas orar em silêncio 

— Claro, me desculpe.

Eu não queria a pena de alguém como ela, pelo menos não nesse momento. Assim que ela foi embora, olhei para a pedra onde estava escrito o nome de Henry, e permiti que uma lágrima escorresse de meus olhos e tocassem aquela terra.

— Meu amor...

Me coloquei de joelhos diante daquela terra, sujando meu vestido e toquei o barro com as mãos, olhei para meus dedos e a terra como ficava molhada toda vez que minhas lágrimas derramavam e os pingos marcavam pequenos buracos no chão. 

As muralhas de meu coração se derrubavam e decidi chorar,  agarrada com as pequenas lembranças do último momento que tivemos juntos antes da cerimônia.

Há três dias, Henry me convidou para um pequeno passeio ao palácio, onde ele me guiava para conhecer nossa parte, e nesse passeio cheio de romance, acabamos por enganar meu irmão Zephyr que havia ficado como guardião, para me proteger de qualquer tentativa de sedução vinda dele, na qual ele falhou miserável mente.

'' Entramos em um quarto, muito grande. Havia uma enorme cama, um imenso mosqueteiro e as janelas fechadas. Quando entrei lá dentro, me senti totalmente impotente pelo meu desejo e a curiosidade de meu coração. Meu peito se erguia e abaixava de forma lenta conforme entrelacei os dedos mutualmente com as mãos unidas a frente do meu corpo.

— Não devíamos estar aqui. Não ainda.

Desviei meu olhar, eu nem conseguia olhá-lo.

— Não seja tímida, meu amor. Eu não vou te obrigar a nada.

Ele tinha um tom de voz sedutor, que me fez erguer a cabeça e finalmente olhá-lo. Era fato, ele estava vestido e colocando alguma bebida. Mas, caminhou até mim segurando uma taça que parecia conter vinho.

— Eu agradeço, mas ainda acho cedo para beber.

O homem diante de mim deu um breve riso e encostou a cabeça a minha. Apenas alguns centímetros mais alto, el me envolveu em seus braços e colocou a taça a uma comoda.

Era errado, e totalmente inadequado. Eu não devia estar ali com ele, em um quarto fechado. Droga! Minhas bochechas estavam quentes e eu nem sabia o que fazer. Devia empurrá-lo? Mas meu coração o queria perto.

— O que está fazendo?

— Te abraçando — ele insiste encostando a cabeça na minha.

Seu corpo era tão quente e reconfortante, que eu mal sabia como tocá-lo. Levantei as mãos e de maneira suave apertando suas costas, e então ele me beijou.''

Senti um toque suave em minha cabeça. Algo estava repousando. Foi então que sai da doce lembrança do beijo que Henry havia me dado. Ao erguer a cabeça vi em minha frente sentado no chão em posição de lótus o homem de calça preta, pele branca e pálida e seus cabelos longos pretos e lisos penteados para seu lado direito.na posição em que sua cabeça estava inclinada.


— Como vai? — Ele sorri — noiva de preto.

Sua mão estava repousada em meus cabelos prateados, de momento eu ainda não compreendia, até que reconheci a voz. Era o mesmo vampiro que esteve em minha casa enquanto eu cuidava de Serafina. O irmão de Melark, a praga que se chamava Mizrak.

Palavras não conseguiam sair de minha boca, a sensação era de ódio. Só podia ter sido ele, o homem sentado sobre a cova de meu amado. O vampiro diante de mim quem havia dito que faria o possível para que eu não casasse com ele. 

— Morra.

Disse as palavras sem separar tanto meus lábios, apenas soltei o ódio de meu coração de forma suave.

Chamas de prata, era a forma que feiticeiros da minha família usavam para ferir vampiros e queimá-los sem chance deles se curarem. Era a forma mais segura de extinguir essas pragas, e principalmente os nobres. O solo que ele estava sentado foi coberto dessas chamas até o atingir. Mas, o vampiro simplesmente sumiu de meu campo de visão.

— Madame Vivien 
A voz, era dele. estava atrás de mim.
— O que?

Quando virei de costas, lá estava ele. dessa vez, sem camisa. com seu corpo forte e músculoso diante de mim. Parte da perna de sua calça estava arrancada. Eu havia conseguido atingir, pois os restos de sua roupa estavam queimando. 

— Será que podemos conversar?

Como ele ousava?

— Eu não tenho nada para conversar com um verme feito você!

Aquela criatura era tão alto, ele parecia ter cerca de dois metros. Na primeira vez que nos encontramos eu havia, sim, me assustado com ele, porém agora nada iria me fazer recuar. Não me importava seu tamanho, a sua altura. Vermes deviam morrer.

— Por favor, uma dama tão requintada não devia usar esse tipo de palavreado. — Ele parecia debochar, dando alguns passos para trás. — mas, caso queira mesmo lutar. Venha, vai ser divertido ver a mulher por qual eu estou apaixonado tentar me matar. e se conseguir vai ser uma honra.

Os punhos foram fechados diante do corpo e um sorriso cheio de mistério se abriu em seu rosto. Aquela criatura estava brincando comigo? As chamas que acendi sobre a sepultura de meu amado foi apagada, então encarei o homem diante de mim com mais precisão.

— O que você quer?

— Estou sabendo o que pensa. Você acha que quem matou ele foi eu. Mas, está errada.

— Você disse que faria qualquer coisa para que eu não casasse com ele.

— É, eu queria mesmo. Mas acabei virando amigo dele, o que complicou a situação.

O que aquele mentiroso estava inventando agora?

— Do que é que está falando?

— Eu não posso falar muito aqui. Mas, não se preocupe que irei hoje em seu quarto. e então iremos conversar. Até lá, cuidado quando brinca com fogo.

Ele abaixou os punhos e se desmanchou diante de mim como centenas de pássaros, todos bem-ti-vi.

Agora, eu tinha que me resolver com aquele demônio. mas antes, fiz uma oração para Henry. e pedi perdão pelo acontecido.

A paixão do VampiroOnde histórias criam vida. Descubra agora