Capítulo 6

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Ainda com todo o dia pela frente, decido voltar para casa. Depois de um pouco de estudo, preparo uma refeição rápida. Enquanto estou na cozinha, recebo uma notificação no meu celular. Ao ver, percebo que é uma mensagem da minha mãe. Ela avisa que vai ficar mais tempo no museu, mas que terá folga amanhã. Respondo a ela antes de me dirigir à frente da TV, onde assisto a alguns reality shows onde as pessoas competem por um prêmio, além de filmes. Depois, volto a estudar, mas logo me entedio e começo a procurar alguns jogos para passar o tempo. Finalmente, o dia chega ao fim quando minha mãe volta para casa. Pelo olhar dela, percebo o quanto está cansada. Sugiro que ela vá tomar um banho enquanto preparo o jantar. Como não tivemos tempo de ir ao mercado, nossas opções são limitadas, então opto por fazer sanduíches para nós duas. Depois que ela sai do banho, arrumo a mesa e nos sentamos para comer.

Minha mãe dá uma mordida voraz no sanduíche e, enquanto mastiga, pergunta: "O que acha de irmos à igreja amanhã?" A pergunta não me surpreende, já que, apesar de não sermos muito religiosas, ela sempre fez questão de frequentar a igreja todo domingo. "Por mim, tudo bem", respondo.

Enquanto estamos jantando, minha mãe e eu começamos a conversar sobre como foi o nosso dia. Ela me conta sobre a exposição no museu em que está trabalhando e eu compartilho um pouco sobre o que estive estudando. Entre uma garfada e outra, surgem risadas e lembranças de momentos engraçados que vivemos juntas.

Depois do jantar, enquanto arrumamos a cozinha juntas, minha mãe fala sobre como sente falta dos nossos momentos em família. Ela menciona que, apesar de estarmos sempre ocupadas com nossas atividades individuais, é importante reservarmos um tempo para estarmos juntas e fortalecermos os laços familiares. Concordo com ela e prometo fazer um esforço para passarmos mais tempo juntas.

Enquanto nos preparamos para dormir, minha mãe me agradece pelo jantar e por estar sempre ao seu lado, mesmo nos dias mais cansativos. Eu sorrio e a abraço, lembrando-a de que estamos juntas nessa jornada e que sempre estarei ali para apoiá-la.

Na manhã seguinte, enquanto nos arrumamos para ir à igreja, aproveitamos o trajeto para continuar nossa conversa. Falamos sobre nossos planos para o futuro, nossos sonhos e aspirações. 

O sol já começava a iluminar as ruas enquanto caminhávamos em direção à pequena igreja local.Ao chegarmos à igreja, somos recebidas pelo caloroso abraço de alguns membros da comunidade. Entramos na igreja e sou envolvida pela tranquilidade do ambiente. Os bancos de madeira antiga exalam um aroma suave e convidativo. Observo os vitrais coloridos que adornam as janelas, filtrando a luz do sol e criando padrões de cores no chão de pedra.Minha mãe e eu nos sentamos em um dos bancos do meio, enquanto os primeiros fiéis começam a chegar. O som suave do órgão preenche o espaço, criando uma atmosfera serena e reverente. Observo os detalhes da igreja: as pinturas nas paredes, os altares decorados com flores frescas e velas acesas, e o crucifixo no centro do altar.

À medida que aguardamos o início da missa, meu olhar percorre a igreja e, de repente, sou tomada por uma surpresa. O padre que se aproxima do altar é um jovem, com cabelos brancos e uma pele pálida. Ele parece ter não mais que 25 anos, o que me faz arquear as sobrancelhas em confusão. Cutuco levemente minha mãe ao meu lado e sussurro:

— Você viu o padre? Ele parece tão jovem!

Minha mãe me olha com uma expressão estranha nos olhos e, após um momento de silêncio, solta uma risada. — Ah, querida, sempre com suas brincadeiras, — Ela diz, balançando a cabeça. — Você realmente tem uma imaginação fértil. Jovem? O padre? Não sei do que está falando, querida. Ele é um senhor que parece esta alcançando seus oitenta anos.

Fico surpresa com o que ela fala e tento explicar que não estou brincando, mas antes que eu pudesse falar, uma mulher que esta na nossa frente me corta : — Devemos fazer silencio agora, se vocês não se importam. — Eu olho para ela e faço uma careta, então se volta para frente e resmunga algo.

— Está bem, vamos nos concentrar na missa agora.— Minha mãe diz, um pouco contrangida.

Vendo o seu jeito decido não insistir no assunto durante a cerimônia, mas a discrepância entre a aparência do padre e a visão que tenho dele continua a me intrigar.No caminho de volta para casa, enquanto caminhamos em silêncio, decido tentar novamente: — Mãe, eu realmente vi um padre jovem lá na frente. Não estou brincando.

Minha mãe olha para mim com uma expressão mista de surpresa e divertimento.— Ah, querida, você e suas ideias malucas!, ela ri. — Você tem uma imaginação tão vívida! Mas, sério, vamos deixar isso pra lá agora. Você viu como aquela mulher falou? 

Apesar de ainda estar um pouco confusa, percebo que minha mãe está convencida de que estou apenas brincando então procuro não insistir no assunto e assumo que estou ficando louca, mas decido voltar a igreja em outro dia para confirmar o que eu vi.

Passei o restante do dia pensando sobre o que tinha acontecido e compartilho com Cassius o que tinha acontecido ,enquanto trocávamos mensagens pelo celular. Falei sobre minhas teorias e especulações sobre o que poderia ter acontecido com o padre. Ele me afirma de que o padre sempre teve a aparência de um velhinho me faz rir com suas piadas e me ajuda a esquecer momentaneamente o desconforto da situação.

No dia seguinte, já estou na escola, sentada em minha carteira, olhando para o relógio na espera do intervalo. As aulas parecem se arrastar enquanto minha mente continua a voltar para o encontro bizarro na igreja. Tento me concentrar nos estudos, mas é difícil ignorar a sensação de confusão que ainda persiste dentro de mim. O sinal do intervalo tocou, indicando uma pausa bem-vinda na rotina escolar. Eu me acomodei em uma das mesas da cafeteria, decidida a aproveitar cada minuto do meu momento de alívio. Com meu sanduíche à frente e meu livro de literatura aberto, mergulhei nas páginas com a esperança de mudar meus pensamentos e focar em outra coisa.

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