Capítulo 9

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Eu hesito por um momento, ainda processando o que acabou de acontecer, mas aceito a mão do misterioso protetor. Minha mão trêmula vai de encontro com a dele, e ele me ajuda a levantar.

— Obrigada... Eu nem sei como agradecer por me salvar. — Ele me olha mas continua em silêncio, até que vira de costas e olha ao redor e colocando novamente o capuz.

— Quem é você? — Pergunto, olhando para o rosto suave e inexpressivo sob o capuz de sua capa e coberto por uma mascara até o nariz.

Ele me lança um olhar gélido e vazio, chamando minha atenção para seus olhos azuis que pareciam brilhar . — Sou alguém que veio para ajudar. Vamos, vou levá-la para um lugar seguro. Você consegue andar?

— Acho que sim. — Tento andar, mas sinto pequenas dificuldades devido aos ferimentos que foram causados enquanto eu tentava me esconder. Ele tira a capa que estava usando deixando a amostra seus cabelos tão brancos quanto a neve e cobre parte do meu corpo, já que uma parte dele estava amostra e imediatamente me pega nos braços me surpreendendo o que me deixa um pouco tonta, então me apoio em seus braços, sendo assim possível sentir alguns de seus músculos bem definidos, e enquanto caminhamos, percebo detalhes na parte do rosto que estava amostra como o pequeno sinal que tinha perto do seu olho direito. Eu permaneço em silêncio e começo a observar o caminho que estávamos fazendo, tentando identificar aonde ele estava me levando, então chegamos em frente a igreja nas proximidades. O som do vento e a escuridão ao redor acrescentam uma atmosfera sombria ao local, fazendo minha pele arrepiar.

Dentro da igreja, a luz fraca revela detalhes arquitetônicos antigos, imagens de santos e vitrais coloridos, dos quais eu ja tinha visto antes, mas agora parecem mais opacos, sem brilho. Ele me ajuda a cuidar de alguns ferimentos leves, mantendo-se em silêncio. Minhas mãos ainda tremem, dificultando a conclusão do tratamento, fazendo com que se torne mais doloroso.

— O que era aquilo? — Pergunto, referindo-me à criatura que me atacou.

Ele suspira antes de responder, tentando se concentrar no que estava fazendo. — Aquilo era um Mothman. Sua aparição está associada ao acontecimento de futuros desastres. — Ele faz uma pequena pausa nas palavras me deixando ansiosa: — Criaturas como aquela existem nas sombras, e minha missão é eliminá-las. Salém é uma cidade cheia de segredos, Elara. — Ele suspira novamente.

— Mas quem é você? Por que está fazendo isso? — Insisto, sentindo a necessidade de entender melhor a situação.

O misterioso protetor olha para mim com uma intensidade ainda maior, como se estivesse ponderando o quanto compartilhar, seu olhar me deixa um pouco intimidada. — Chame-me de Azrael, se quiser um nome. Pode ser muita coisa para você processar. Meu propósito é manter o equilíbrio entre este mundo e o sobrenatural que o cerca. E esta é minha missão atual. — Ele diz enquanto abaixa a mascara preta que usava, não pude evitar minha cara de surpresa quando vejo que ele é o padre que estava na igreja no domingo em que fui com a minha mãe.

Suas respostas levantam mais perguntas do que respostas, mas antes que eu possa indagar mais, ele desvia o olhar e se levanta, indo em direção a uma mesa onde deixou curativos e algumas armas. Ele tira sua blusa, revelando o torso musculoso e pálido, no qual era possível ver algumas veias e em alguns pontos hematomas. Azrael pegou os curativos e começou a cuidar do próprio ferimento com habilidade e precisão. Os movimentos eram fluidos, revelando uma destreza adquirida com experiência. Ele tratou do machucado com cuidado, demonstrando uma preocupação consigo mesmo que contrastava com sua aura de mistério e poder.

Enquanto me perdia na contemplação do seu corpo, ainda em silêncio devido ao choque que estava visível, ele diz: — Se continuar me olhando desse jeito, vai ter que pagar. — Nesse momento, percebo que o encarei por tempo demais e viro o rosto, sentindo-me envergonhada.

Mas antes que eu pudesse desviar completamente o olhar, algo dentro de mim me faz questionar.

— Você... Você é o padre? — Minha voz soa hesitante, quase sussurrante, ele me olha de lado parecendo surpreso com minha pergunta, um misto de confusão e intriga passa por seus olho .

— Como você... — Ele começa, sua voz soando incrédula. Então, num movimento repentino, ele vai até mim e  agarra meu braço com firmeza seus dedos frios tocavam minha pele, seus olhos perfurando os meus com intensidade. — O que você é? — Sua pergunta é direta, suas palavras soam como um desafio, mas eu estou tão confusa quanto ele. O que ele quer dizer com "o que você é"?

— Eu... Eu não entendo... — Minha voz saiu trêmula, minha mente girando em confusão enquanto tentava processar o que estava acontecendo. Azrael soltou meu braço, sua expressão tornando-se indecifrável, e afastou-se de mim, deixando-me ainda mais perplexa.Sem saber o que fazer ou dizer, permaneci ali, observando-o cuidar de seus próprios ferimentos com precisão e rapidez. Enquanto ele se concentrava na tarefa, senti a necessidade de esclarecer as coisas.


— Azrael, por favor, preciso de mais respostas. O que está acontecendo? Por que você está aqui? Por que me salvou? — Minhas palavras saíram em um misto de desespero e curiosidade.

Ele ergueu o olhar para mim, seus olhos azuis buscando os meus por um momento antes de desviar novamente.


— Não é seguro para você saber mais do que já sabe. — Sua voz soou fria e distante, como se estivesse tentando me afastar.— Mas eu preciso entender! — Insisti, sentindo-me cada vez mais confusa e frustrada com a falta de respostas.Azrael suspirou, parecendo resignado.— Não é o momento certo Elara. E, acima de tudo, não pode falar para ninguém sobre o que aconteceu aqui esta noite. Eu vou encontrar você novamente para esclarecer as coisas.


Minha mente fervilhava com perguntas não respondidas. O desejo de fugir, de escapar dessa situação desconcertante, tentou se infiltrar em meus pensamentos mais uma vez. Contudo, antes mesmo que eu pudesse formular completamente esse plano de fuga em minha mente, as palavras de Azrael cortaram o ar como um aviso sombrio.

— Não adianta fugir ou se esconder, Elara. Eu te encontraria de qualquer maneira.

Seu tom de voz era firme e implacável, ecoando em meus ouvidos e congelando qualquer impulso de tentar escapar. Meus olhos se arregalaram em surpresa, e uma onda de medo percorreu minha espinha. Será que ele podia ler minha mente? Uma expressão de assombro se desenhou em meu rosto, incapaz de esconder o temor que se apoderava de mim.

Azrael notou minha reação e, com um olhar penetrante, afirmou:

— Não leio mentes, Elara. Não preciso. Suas expressões ja me dizem tudo que preciso saber.

Um arrepio percorreu minha pele enquanto ele falava, deixando-me atordoada com a ideia de que ele podia decifrar meus pensamentos sem sequer tentar. Essa revelação apenas intensificou a sensação de vulnerabilidade que me envolvia naquele momento.

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