Às sombras da seita 11.37

Capítulo 1.0 - Passado

10 anos antes de 0.0

Havia um elemento misterioso e inexplicável naquela noite sombria, uma década atrás, que permaneceu gravado na memória de Matthew como uma cicatriz indelével. Mesmo após inúmeros esforços, embora desalentados, para apagar as lembranças daquela noite, ele ainda conseguia sentir o vento gélido que soprava da floresta em seu rosto, a escuridão opressiva que se estendia por todos os cantos e o eco dos sussurros enigmáticos do universo em direção àquelas figuras encapuzadas.

Era uma época em que Matthew era apenas uma criança de 13 anos de idade, inocente e cheio de curiosidade. Bem, é questionável se algum garoto de 13 anos pode ser realmente inocente, mas sem dúvida ele era curioso e imprudente, como um gato se arriscando a escalar um lugar que leva à própria morte. Uma única escolha, uma decisão precipitada de explorar aquela floresta espessa nos limites de sua cidade natal, foi suficiente para lançá-los na desgraça que marcaria suas vidas. Eles inadvertidamente se depararam com algo que estava completamente além de sua compreensão, uma experiência com o oculto, um lampejo das sombras do passado que assombrariam seus sonhos e vidas pelos anos subsequentes.

—Connor... — Matthew sussurrou baixinho, a preocupação tingindo a sua voz. — Connor, pelo amor de Deus, volte aqui agora! — Ele tentava, em vão, direcionar a atenção do amigo que estava à frente.

Era comum, até mesmo habitual, as suas excursões noturnas na floresta. Afinal, onde mais eles poderiam se sentir verdadeiramente adultos, bebendo whisky escondido dos pais e rindo alto, dizendo tolices sem se preocupar em serem ouvidos? Eles estavam imersos na profunda escuridão da floresta, um lugar onde podiam ser jovens e livres sem vigilância. Naquela noite, eram apenas eles dois, mas na maioria das vezes, eles se arriscavam em pequenos grupos, e claro, garotas eram estritamente proibidas. bem, pelo menos aquelas que consideravam chatas.

—não, venha logo seu covarde! — desdenhou Connor, os olhos reluzindo com uma certa confiança, entrando cada vez mais e mais floresta adentro. Connor tinha a certeza de que tinha visto algo no escuro da noite, enquanto Matthew, por outro lado, estava convencido de que Connor era louco. Sem fazer qualquer som, Connor correu com uma graça inerente, o medo o impulsionando, enquanto Matthew seguia atrás, cauteloso. Ele não era tão ágil ou silencioso, mas sua lealdade ao amigo motivava a continuar em frente, mesmo que hesitante. ele viria a amaldiçoar esse bárbaro coração leal por diversas vezes no futuro iminente. eram amigos desde o nascimento, nunca haviam abandonado um ao outro em qualquer situação, não o faria ela primeira vez agora.

talvez devesse ter feito isso.

Conforme se aproximavam cada vez mais do suposto ponto de referência do rapaz mais baixo, o aroma de algo queimando começava cada vez mais a dominar o ambiente e a se infiltrar penetrantemente nas suas narinas, contudo, não era algo desagradável; não, na verdade, era quase como a suave e sedutora melodia de um canto de sereia, levando os rapazes a tentar encher seus pulmões cada vez mais com o aroma inebriante que parecia estar atraindo-os irresistivelmente para a sua origem. Surpreendentemente, contudo, não havia nenhum traço de fogo ou de algo que tivesse queimado nas proximidades.

Os instintos de Matthew o instigavam a fugir, a deixar aquele lugar imediatamente, mas, apesar disso, ele continuava a adentrar cada vez mais fundo na floresta. Era bastante provável que ninguém da cidade tivesse um dia ousado penetrar tão profundamente naquele lugar, onde cada passo parecia ser mais perigoso e ameaçador que o anterior.

Mas ei, seria possível que aquele fosse o aroma de nozes se misturando ao cheiro de queimado?

Eventualmente, após uma longa e tensa caminhada, chegaram ao que se parecia com uma enorme e espaçosa clareira. A floresta, que até então parecia se fechar cada vez mais ao redor deles, de repente parou e se transformou em um amplo e perfeitamente aparado espaço circular.