Capítulo n°1.

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P O V : B e c k y
19/11/18


— Heng por favor, FAZ ALGUMA COISA ! — Gritei me afundando em seus braços, chorando até não ter mais água no meu corpo. — A MINHA.. — Fiz uma pausa. — A minha esposa, Heng..

— Becky, me desculpa.. — Meu amigo envolveu seus braços em volta de mim. — A gente tentou de tudo, eu juro..

— MENTIROSO ! — Me afastei dele. — SE REALMENTE TIVESSE TENTADO DE TUDO, ELA ESTARIA AQUI PRESENTE !

Acabei caindo de joelhos no chão, meu mundo estava completamente desabado naquele momento.

— Heng.. onde será que está a minha garota.. ?— Ditei choramingando, olhando para ele com os olhos marejados.

— Eu não sei Becky, eu não sei..

5 anos depois.
19/11/23


Hoje faz exatamente cinco anos que você desapareceu.

Cinco anos me perguntando se você ainda sequer está viva.
Cinco anos me perguntando o porquê.
Cinco anos que eu sinto a sua falta.
Cinco anos que eu não sei mais o que fazer.

Você sumiu, sem pelo menos ter se despedido de mim.. Você me abandonou aqui, sozinha, mesmo sabendo que você era a razão do porquê eu estar aqui ainda.

Mas.. algo dentro de mim não está certo.

Por que ainda sinto a sua presença..?

Ainda consigo sentir os seus olhos pousados sobre mim.
Seu cheiro se espalha em qualquer lugar que eu vou.
Sua voz ainda ressoa em minha mente.
Qualquer letra F ou S que aparece na minha frente, imediatamente me faz pensar em você.
Quando vejo um cachorrinho na rua, as lembranças de você com o Bonbon e o Fluffly aparecem na minha mente.

Tudo isso está me deixando paranoica.

🥀

Juro que ainda mato a porra desse chefe.

Comentou Nam, que se sentava ao meu lado para o nosso tempo de refeição.
Hoje eu estava silenciosa, não que eu não seja assim todos os dias.. Mas hoje, completamente exatamente cino anos que a minha esposa foi declarada desaparecida.
O estranho é que dias depois dela ter sumido, uma sensação ruim começou a se espalhar no meu dia a dia.

Como se alguém estivesse me observando de longe, ou até mesmo de perto..

Quando eu vou dormir, tomar banho, sair para algum lugar ou até mesmo ir até o trabalho.. essa sensação me acompanha. Confesso que estou começando a ficar assustada com isso..

— Becky ! — Nam gritou, fazendo assim os meus pensamentos irem embora. — Meu deus garota, você vive no mundo da Lua hein.

— Ah, desculpa.. eu estava meio pensativa. — Sorri fraco. — Hoje completa cinco anos que..

— A Freen desapareceu. — Ela completou.

— É..

— Amiga, eu não quero ser má nem nada.. mas acho que já está na hora de esquecer ela. Faz cinco anos que ela sumiu, só Deus sabe o porquê ela foi embora.

— Eu sei Nam.. mas eu não consigo esquecê-la.

— Vai com calma, amor. Sei que não é fácil, mas você vai conseguir.

Ela me reconfortou com um carinho em minhas costas, após isso ela se levantou da mesa.

— Tenho que ir Becky, nos vemos depois !

— Até mais, amiga.

E fiquei sozinha de novo..

Eu ainda tinha 1h de pausa, então aproveitei para tirar o computador que se situava na minha bolso que pousada na mesa. Retirei o objeto eletrônico de dentro dela, e coloquei o mesmo em cima da mesa para começar os meus afazeres.

Enquanto eu apertava as teclas do meu computador, uma sensação ruim percorreu o meu corpo.

A sensação de estar sendo observada.

Automaticamente minha respiração começou a ficar pesada a medida que os segundos passavam.
Olhei em volta de mim, mas estranhamente.. só tinha eu ali.
Como é que o pessoal foi embora tão cedo ? E mesmo não tendo absolutamente ninguém, meu cérebro estava em pânico total por sentir algo estranho.

Senti um vento fraco e suave encostar nas minhas costas, me causando arrepios de leve. Olhei para trás e uma das janelas ali estava aberta.
Me levantei e caminhei até a famosa janela na intenção de fechá-la, mas imediatamente eu parei quando vi algo que congelou totalmente o meu sangue. Uma carta estava presa ali, como se fosse feito de propósito para ela não voar. Me aproximei da carta para ler, e então o meu coração parou totalmente.

" Você está divina com esse moletom preto.

Assinado,🌷. "

O

lhei para as minhas roupas e realmente, o moletom que eu estava usando era um preto. Era o moletom favorito da Freen.

— Mas que porra é essa ?!

Rasguei o papel por inteiro em alta velocidade, jogando os pedaços rasgados pela janela que imediatamente foi fechada. Rapidamente fui pegar as minhas coisas e corri para fora daquele ambiente o mais rápido possível.

Não pensei nem duas vezes e saí diretamente do local no qual eu estava, correndo até o parking de estacionamento da empresa.
O meu carro estava a menos de cem metros do elevador, mas parecia que eu estava andando quilômetros e quilômetros.
Ao chegar perto do veículo, retirei a minha chava do bolso e apertei no botão de abrir ele automaticamente. Entrei dentro do carro e fechei a porta  com força, verificando três vezes se eu tranquei ela bem.

— Céus.. — Suspirei profundamente.

O meu único destino agora era.. nenhum. Absolutamente nenhum lugar agora poderia me fazer sentir segura..

Droga, essa sensação de novo.
Alguém está me observando.

Olhei novamente em volta de mim, e como de costume.. ninguém.
Eu parecia estar sozinha naquele lugar, e mesmo assim a porra dessa sensação estava presente.
Quando eu menos percebi, meu pé já estava em cima do acelerador. O desejo que eu tinha de sair daquele lugar só aumentava, e então assim o fiz. Passei cerca de cinco minutos até chegar a saída, mas algo me surpreendeu e me fez parar na frente da mesma.

Era novamente uma carta, ali no chão, acompanhada dessa vez de una tulipa rosa.

Puta que pariu..

Respirei fundo e saí do carro, indo em direção a famosa carta que estava no chão. Verifiquei em volta de mim antes de pegá-la.

Estava tudo tão silencioso..

Arregalei os olhos assim que li o que estava escrito na carta.

" Estou de olho em você, Rebecca.

Assinado,🌷. "

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