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Depois de um longo jantar agradecendo o apoio da minha turma e respondendo perguntas sobre a liga dos vilões, escorei na porta do quarto com um coração acelerado. Larguei a sacola de remédios no chão e hiperventilei por uns bons minutos.

As últimas semanas foram como um tsunami, não conseguia acreditar como a expulsão do Yuri era o acontecimento mais distante da minha mente. Entre sobreviver a um Nomu e acampar com o meu herói favorito, minha preocupação morava na última memória que tive antes de desmaiar. De correr pros braços do Bakugou com visão turva e uma coleção de machucados.

Arriscar a vida pela mãe dele foi mero instinto heróico, mas atravessar 3 quilômetros por necessidade de vê-lo era demais...eu não tinha desculpa alguma para justificar isso. Não tinha como explicar que depois de quase morrer, estar na sua presença era o que mais me relaxava.

Que o nome dele aparecia nos momentos mais inusitados e vencer ao seu lado era tão satisfatório quanto ganhar por conta própria.

Bakugou contrariou todas as expectativas que tinha dele quando entrei na U.A...o temperamento explosivo quase apagava os rastros da gentileza, mas sempre fui uma pessoa de detalhes. Quanto mais convivemos, menos eu me incomodo com o que ele diz.

Era transparente que suas atitudes nunca condizem com as palavras. Então eu simplesmente parei de me importar. Conseguia ver que esse era o garoto que guardou uma cartela anti-alérgico no bolso por minha causa, que arriscou uma expulsão para me defender do Yuri, o Bakugou que me acalmou durante a chuva e me reconhecia como igual.

Era diferente da relação que eu nutria com Midoriya ou da segurança que Aizawa me passava como padrinho, Bakugou me entendia. A cada treino, refeição e conversa que dividíamos eu me via mais nele. Em sua ambição, teimosia e orgulho. Tinha a impressão de que eu não era a única pelo alívio que Katsuki estampou mais cedo, ele não baixava a guarda com qualquer um.

Existia uma conexão mútua, talvez fruto da parceria que tanto insistiram que formássemos...ou eu que acabei nutrindo sentimentos sozinha. Porra, isso é um desastre. Levei os meus pés até o chuveiro quente e lembrei do Bakugou defendendo banho gelado para mim.

- Sai da minha cabeça!- gritei com as paredes e conclui que estava mesmo ficando doida.



Acordar foi desafiador...nem mesmo os remédios foram capazes de espantar os meus pesadelos. No café, sentei perto do Todoroki e recebi uma boa encarada pela aparência cansada. Servi uma xícara transbordando e estalei a língua com a gota que me queimou.

- O que aconteceu com você?- Shoto foi direto.

- Um sequestro?- respondi doce para enfatizar a ironia, Todoroki riu fraco.

Bakugou parecia se concentrar no seu prato, mas espiou nossa interação com um semblante curioso. Engoli em seco, levemente nervosa, e agradeci mentalmente pela aparição do Midoriya.

- Miranda, bom dia!- Izuku cumprimentou sorridente e eu retribui sua alegria- Organizei todas as matérias que você perdeu nesse fichário para facilitar o seu retorno.

- Meu Deus.- peguei as anotações sem acreditar- Não precisava...obrigada mesmo, Midoriya.

A culpa praticamente amassou meu peito, ele era bom demais pra ser verdade e manter segredo dele ficava cada dia mais complicado. Izuku passou instruções sobre como encontrar o conteúdo pelas cores e eu assenti devagar. Vou resolver isso até o final do mês. Sorri para disfarçar o conflito interno e torci para que sobrevivêssemos a quebra de confiança.

ALL I NEED | Bakugou x OcOnde histórias criam vida. Descubra agora