Em meio ao erguer do sol de seu leito no horizonte, as aves que voavam cantando rotineiramente pelo céus em busca de recursos para seus ninhos e filhotes, agitavam-se vez ou outra com as flechas desgarradas que erravam os alvos e acertavam nos troncos das árvores onde faziam morada.
Dezenas de aspirantes à arqueiros possuíam arcos e aljavas em mãos e comandos implacáveis em seus ouvidos.
— Vocês devem prestar atenção em sua postura. — A voz dura como aço quebrava a distância no campo de treinamento dos arqueiros. Seu dono caminhava imponente com as mãos cruzadas atrás das costas, mirando seus aprendizes tão firmemente que mais parecia um juiz olhando para o réu. — Sem uma boa postura jamais acertarão o alvo com precisão, e, se não acertarem o alvo com precisão, não são bons o suficiente para ingressarem na artilharia de Dahlia. Fui claro? — O príncipe sulista impôs, inflexível, apanhou um arco disponível e o armou com uma flecha, a postura polida e impecável ganhando olhares de admiração e também de ressentimento. Respirou profundamente e com calma para, enfim, soltar a flecha e acertar precisamente no centro do alvo mais distante.
Havia durado poucos segundos, porém a forma como Park Jimin se movia e se emprumava ao tensionar o arco era tão hipnotizadora que parecia que o tempo havia desacelerado. Seus dedos calejados eram tão delicados e ao mesmo tempo firmes ao aplicar tensão no arco que mais parecia estar dedilhando uma harpa.
Os aspirantes à arqueiros silenciaram-se imediatamente ao que viram a flecha do líder cortar o ar, muitos aprendendo tudo o que Park Jimin tinha a oferecer como aprendizado. Outros, no entanto, sentiam o amargor da reprovação em suas línguas.
— Ainda não posso acreditar que aceitaram ele como líder dos arqueiros. — Um cochicho que tentava ser discreto esgueirou-se pelas orelhas do príncipe sulista. — Um ômega. Eu deveria ensiná-lo seu lugar. — Bastou aquela frase para que o furioso azul despertasse e tomasse conta das belas orbes castanhas do Park.
Não era um bom dia para ele. Jimin ainda estava cansado da viagem feita subitamente, visto que não havia repousado direito naquela noite.
A conversa na sala de música voltava em sua cabeça como um eco sem fim. E, para onde quer que olhasse sentia como se estivesse novamente se afogando naquele mar de fogo e rubis daqueles olhos, a voz dele externando as coisas que conversaram não parava de soar em seus ouvidos e sua garganta só não incomodava mais que sua mão com a lembrança da sensação gelada da adaga afiada contra a pele do noivo.
Embora parecesse e agisse como de usual em seus treinos, um excelente e exigente tutor, Jimin estava perturbado com tantos acontecimentos e com as inúmeras dúvidas sem solução que martelavam sua mente.
Haviam tentado assassinar Jungkook. Assassiná-lo. O peso dessa palavra lhe causava a mesma sensação que imaginava ter ao ser enforcado. Seu noivo havia sofrido uma tentativa de assassinato e Jimin foi usado de forma que as provas apontavam assustadoramente para ele.
Após o Jeon lhe contar cada detalhe do que ocorreu enquanto esteve fora, o sulista se perguntava como era possível que o lúpus houvesse confiado nele. Jimin não estava no baile quando o nortenho relatou ter se sentido perseguido pelos corredores do palácio, o ômega ainda estava indo em direção ao salão neste momento. Tal fato era assombroso pois não existia prova ou álibi algum, exceto sua própria palavra, que garantisse sua inocência.
Não conseguia compreender Jungkook. Como ele podia confiar tanto assim nele? Por que confiava tanto em Jimin?
Sua cabeça estava tão cheia de porquês que doía. Tudo doía em seu corpo com o cansaço e o estresse, de forma que sua paciência se encontrava em carne viva.
Sem pensar duas vezes, o príncipe armou-se de uma flecha da aljava de um dos aprendizes e quando tencionou-a em seu arco, girou o corpo e apontou a ponta afiada de sua flecha para seu novo alvo.
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Moon Wolves
FanfictionJikook| Kookmin| Universo ABO| Jimin!Ômega| JungKook!Alfa| Menção Taeyoonseok & Namjin O imponente uivo do lúpus parecia ser carregado pelos próprios ventos e auroras boreais, pois, de tão alto, o eco ainda ressoava entre as rochas cobertas de branc...