7 - Caçada Voraz

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A noite estava fria, algo que o príncipe estranharia em Dahlia em qualquer outro momento, mas ali, próximo às árvores na clareira do bosque do castelo, o nortenho sentia sua epiderme se arrepiar como se os dedos da morte estivessem lhe acariciando maldosamente.

Os rastros da fuga desesperada e assustada do alazão jaziam no chão gramado, como um lembrete de que se precisasse fugir rapidamente Krum não estaria ali para ajudá-lo.

Um pouco acima da maçã do rosto, um corte se encontrava contrastando vermelho em sua pele alva pelo luar, ardendo como se estivesse sendo beijado por chamas. O sangue lhe escorrendo até o maxilar trincado e se misturando a imensidão negra de sua camisa.

Suas mãos, apertadas com demasiada força em punho, tremiam ao que o medo e a adrenalina lhe corroíam por dentro.

Jungkook estava estatelado ali na campina, com seus olhos perturbados fixos no ponto onde antes seu potencial assassino estava.

Sua mente trabalhava furiosamente com uma agitação que o deixava perturbado e tonto, a imagem daquele indivíduo lhe mirando com tamanha precisão não lhe saía da cabeça. Seu assassino só não o havia matado com aquela mira assombrosamente perfeita, pois havia tido a sorte de ter tirado a cabeça da trajetória da flecha a tempo. Jungkook estaria morto se não fosse por isso.

Seu estômago pesou e o ar parecia se recusar a entrar em seus pulmões.

O nortenho não era tolo e arrogante o bastante para dizer que não temia a morte, pois a temia. Morreria com orgulho e honradamente se precisasse durante batalhas ou missões em nome de Freesia e do rei, mas se pudesse evitar que sua cabeça saísse rolando ensanguentada pelo chão enlameado, então assim ele faria. A perspectiva de que sua vida quase havia sido arrancada de si tão facilmente o perturbou.

O alfa, então, foi despertando de seu choque aos poucos, levando uma das mãos sobre a boca e a cobrindo em uma reflexão atordoada e atônita. Seus olhos finalmente se desgrudaram da sacada do castelo, como se estivesse convencido de que tal ser não materializaria novamente  por ele estar olhando com tamanha fixação, e automaticamente seguiram o curso da flecha disparada e que agora jazia cravada com fúria na árvore atrás de si.

Se aproximou vacilante do tronco judiado, seus dígitos envolvendo a madeira do projétil como se estivessem tocando em brasas, para então seus olhos negros se amargurarem em assombro ao ver aquela penugem tão única ao fim da flecha. Penas brancas com rajadas em marrom. As flechas de seu noivo.

Suspirou como se aquele fosse seu último resfolegar, os dígitos se apertando em volta da madeira com força.

Não sabia o que sentir. Não sabia o que pensar.

Inferno, Jungkook não sabia o que fazer.

A bile parecia que iria lhe subir pela garganta ao mesmo tempo que aquele ser, imponente e lupino, em seu interior, se agitou após aquele momento de silêncio sepulcral.

— Não foi ele. — O lobo disse as palavras que Jungkook estava desesperado para acreditar, mas foi a incerteza na voz lupina que apunhalou o coração do nortenho com navalhas.

— Eu… — O príncipe nortenho soltou, atordoado, confuso e muito perdido. Não sabia o que dizer.

— Não foi ele… — O lobo soltou novamente, tão amargurado quanto o príncipe. — Não pode ter sido ele…

O nortenho assentiu em concordância para vento. Não podia ter sido Jimin. Ele não era próximo do sulista, mas… Não podia ter sido ele. O Jeon não conseguia aceitar aquele sentimento de traição em relação ao outro. Confiava no Park, mesmo que isso o tornasse um tolo morto, acreditaria nele e em sua inocência.

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