2 - Sina Desdida

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O sol forte reluzia em meio ao céu azul sem ao menos uma nuvem para proporcionar uma sombra fresca, como se estivesse pronto para queimar tudo aquilo que houvesse abaixo de si. Os ventos de nada serviam para refrescar, pois vinham quentes como baforadas abafadas em direção às comitivas reais.

Montado num alazão caramelo se encontrava o lúpus que suava como nunca em toda a vida e bebia sedento de seu cantil a água cristalina que vinha do rio paralelo à estrada que seguiam em direção ao palácio de Dahlia, o reino do Sul. Com os fios negros grudados na testa e o pescoço molhado de suor e água que jogava na própria cabeça a fim de se refrescar, JungKook resmungava e bufava contra o calor que fazia naquele reino, rindo sarcástico e irritado ao lembrar que o Sul era conhecido como o Reino do Verão assim como Freesia, o Norte,  era o Reino do Inverno.

— Quer parar de bufar assim? Está me irritando! — Jung Hoseok exasperou montado em um corcel negro ao lado do alfa, estalando a língua ao ganhar um olhar atravessado do amigo.

— Deixe-o em paz, Hoseok-ah! Não vê que o príncipe de gelo não é acostumado com um pouquinho de calor? — O tom de deboche do ômega montado em um cavalo marrom ao lado do Jung foi o suficiente para que o herdeiro do Oeste soltasse uma gargalhada divertida, enquanto o Jeon apenas olhava indignado para Yoongi que acompanhava o noivo a rir.

— Calem a boca! — O mais novo estalou a língua enquanto sentia uma pontada na cabeça, provocando um franzir em sua testa pela dor. Realmente, Jeon JungKook não estava acostumado com tamanho calor e sabendo bem que estavam somente na primavera, o rapaz abominava a ideia de algum dia ter que ficar em Dahlia durante o verão. Só de imaginar já se sentia tonto e enjoado.

Ambas as comitivas reais, tanto a dos Jeons quanto a dos Jungs, avançavam pela estrada real que ia em direção ao Sul há cinco dias. Passavam o dia inteiro caminhando e só acampavam quando o crepúsculo chegava pintando os céus com sua aquarela de alegria aos animais — que serviam como transporte e puxavam as carruagens — e diversão as crianças de ambas as Casas, que seguiam entediadas e exaustas pelo estresse que a viagem trazia.

Como conselheiro real do primogênito da Casa Jeon, JungKook ia próximo da comitiva do irmão que liderava o grande grupo de pessoas e revirando os olhos para o casal de amigos que ainda riam de si, trotou para perto de Junghyun.

O primogênito dos Jeons era o típico homem que as pessoas seguiam como exemplo de um filho honrado e um alfa disputado e imponente. Assim como o irmão mais novo, possuía cabelos tão negros quanto carvão, sua pele alva destacava os lábios rosados, tendo os olhos um pouco mais claros que o irmão. Junghyun era o orgulho do Rei de Freesia, era inteligente, bonito, forte, habilidoso com armas e gentil com todos, embora a família soubesse que o rapaz era na maioria das vezes tolo por ser orgulhoso, não lhe tiravam as qualidades dignas de um herdeiro do trono.

Notando o irmão mais novo se aproximar calmamente com Krum, o herdeiro sorriu amistoso.

— JungKook, você está péssimo! — Comentou divertido e riu gostosamente quando o rapaz xingou-o.

— Espero que não tenhamos vindo até aqui à toa! Eu deixarei que Krum coma meus cabelos como se fossem feno se você não noivar no baile! — Disse exasperado ao irmão, bebendo o restante da água do cantil e choramingando de calor quando avançaram para uma parte da estrada onde não havia mais as sombras das árvores.

— Você ouviu os boatos? Eu soube que os filhos dos Parks parecem até mentira de tão belos. — Ouviu-o murmurar em segredo à si, sorrindo debochado para o irmão.

— Então eu espero que você fique noivo de um deles. Ouvi dizer que um dos Parks é difícil de fisgar, o segundo mais velho pelo o que dizem. Não é ele o seu pretendente? — Arqueou a sobrancelha ao outro, acariciando a crista negra de seu corcel.

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