i keep coming back to u

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Valkyrie

Quando eu sugeri um acordo para manter os Skrulls a salvo, não esperava ter que vê-la de novo. Eu não sabia exatamente a situação deles na Terra. Tudo que eu entendi nos últimos dias em que me pediram ajuda era que eles eram um povo sem lar, perdidos no espaço, procurando aonde poderiam criar sua casa novamente. Eu sabia que devia ajuda à eles. Assim como eles, minha casa é meu povo. Eu sei o que eles sentem porque foi o mesmo que os asgardianos sentiram quando viram seu planeta completamente destruído. Mas me deixaram de fora da parte que a Carol foi quem se prontificou a ajudá-los.
Na verdade, essa parte ficou explicitamente de fora até dez minutos atrás quando Fury me disse que a chamou para falar sobre o tratado.
-Por que a presença dela é tão importante, Fury?-indago pela provável terceira vez nesta conversa.
-Os Skrulls esperam que a Carol seja a mediadora entre eles e a Terra. Eles esperam que ela possa garantir a segurança que eles não têm, considerando que eles "invadiram", por assim dizer.
-Achei que você iria coordenar essa situação. Carol nunca está aqui para sequer saber como eles estão-digo, cruzando os braços com certa raiva.
-Digamos que a Carol é para os Skrulls o que o Thor foi para os Asgardianos. Sem ele, vocês...
-Nós estaríamos vagando sem rumo pelo espaço, completamente à deriva. É, eu sei. Mas Thor era o herdeiro de Asgard. Carol não é nada comparada a isso.
Fury levanta uma das sobrancelhas, como se estivesse surpreso.
-Sabe garota, eu sabia que vocês duas tinham roupa suja para lavar, mas não imaginei que fosse tanta. O que a Carol fez de tão ruim para você estar falando dela assim?
Sinto um aperto no peito só de lembrar. Caminho até uma janela, observando minha casa. Tantas famílias, vivendo sua vida, sem a preocupação de ter que manter esse mundo em segurança. Casais apaixonados, criando sua própria história com seus filhos. Parece uma realidade muito distante da minha. Uma realidade no qual eu gostaria de estar, e odeio a parte de mim que me faz pensar imediatamente em Carol quando imagino como é ter uma vida dessas.
-Não importa. Não tenho tempo para isso. Eu tenho um povo para liderar, e o Rei deles não pode estar com a cabeça nas nuvens pensando em uma garota.
Caminho até a porta principal para deixar essa conversa, e a última coisa que escuto Fury dizer é:
-Sinto falta de quando a gente resolvia todo problema amoroso com um buquê de rosas.
Respiro pesadamente, como se estivesse segurando o ar por muito tempo. É muito estranho tentar fingir indiferença quando se trata da Carol. Ela era o principal motivo do qual eu sentia cada nervo meu se arrepiar de excitação, pensando no que eu poderia ser com ela, e não achei que eu a perderia tão bruscamente assim. Que nós caíriamos tão tragicamente. É quase como se fossemos escritas para desmoronar. Mas não é justo depois de sentir que nós éramos o porto seguro uma da outra. Que nossas cicatrizes eram escrituras em dialetos que apenas nós duas sabíamos decifrar.
-Rei!-escuto alguém berrar ao longe. Pelos Deuses, o que foi agora?
Um dos guardas faz uma curva brusca enquanto corre em minha direção e para em minha frente, a respiração entrecortada.
-Rei Valkyrie, eu..-ele coloca as mãos nos joelhos para recuperar o fôlego. Ergue um dedo como se dissesse "espere um minuto" e honestamente é uma cena meio cômica.
-Okay, o que está acontecendo?-digo com firmeza, mas tentando conter o riso que cresce dentro de mim.
-O Mjölnir, ele...
-Por Frigga, por favor não me diga que alguém quebrou o mostruário.
-Ah...-ele se retesa, abre a boca e depois a fecha novamente.
-O que houve com o Mjölnir!?
-Alguém o tirou de lá!
Agora as minhas expressões devem estar engraçadas. Eu vou de nervosismo a confusão e surpresa em questão de segundos, e as palavras não se assimilam em minha mente.
-Como assim alguém roubou o Mjölnir!? É o Mjölnir!
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Já tem uma multidão em volta do mostruário. É claro que com a notícia de uma cultura intergaláctica na Terra, têm turistas aqui todos os dias querendo conhecer mais sobre o planeta natal do grande Odinson.
-Com licença-digo rispidamente, mas preocupada. A última coisa que eu preciso é que uma das relíquias mais antigas e valiosas de Asgard seja simplesmente roubada por um bandido sortudo o suficiente para ser digno de levantá-lo. E quando chego, só o que encontro é um vazio onde deveria estar o Mjölnir. A doma que antes o protegia está estourada, o que me diz que não a quebraram para roubá-lo, e na verdade alguém o atraiu para fora. Realmente tem outro alguém digno de levantá-lo além de Thor.
-O que aconteceu!?-indago confusa, e mais furiosa do que eu deveria estar. Carol desperta literalmente o ápice de meus sentidos, sejam eles bons ou ruins.
-Nós não sabemos. Eles disseram que só viram o artefato sendo puxado, mas não viram para onde. Na verdade, até dez minutos atrás isso aqui estava um caos porque todos acharam que o Thor havia retornado de surpresa.
-Mas se o Thor não está aqui então quem...
-Desculpe-ouço uma voz feminina dizer-Não imaginei que ele viria até mim dessa forma.
Viro-me até encontrar uma mulher pequena com o Mjölnir em sua mão, os cabelos com os mesmos tons dos de Thor, um traje muito semelhante ao dele. Ela é linda. Na verdade, é absurdamente linda. É como se brilhasse com todo o poder que carrega. Não gosto da parte que lembra automaticamente de Carol quando penso nisso.
-Quem...-as palavras parecem que esqueceram como sair de meus lábios-Quem é você?
Ela sorri, constando que estou mais perdida do que brava de fato.
-Jane Foster. Namorei o Thor por alguns anos.
A atmosfera ao meu redor parece ter mudado instantemente. Nenhum de nós de fato sabia quem era a Jane, e que ela também era digna do martelo.
-Ah-é tudo que consigo dizer no momento.
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-Espera, como é!?-Fury parece tão incrédulo quanto eu, o que é cômico, considerando que ele já viu coisas absurdas demais para uma vida humana.
-É, eu também estou um pouco chocada-Jane diz, dando uma risada de leve.
Fury está com seu olho bom arregalado de uma forma que chega a ser cômico, mas a surpresa não o prende por muito tempo.
-Bom, acho que tenho mais problemas para resolver afinal-ele pondera no mesmo tom carrancudo usual, e se vai me deixando sozinha com a versão feminina e pequena de Thor.
-Me desculpe, eu não queria causar problemas-ela murmura, quando a porta se fecha-Eu só...
Jane aparenta estar cansada. Sem o Mjölnir, ela é pequena, os braços são finos, e a pele pálida. Eu sempre soube que alguns terráqueos tinham uma vida péssima considerando o seu próprio avanço na medicina e qualidade de vida comparado a outros planetas, mas é estranho ver de perto o quão aparente pode ser a falta de saúde deles.
-O Thor está por aqui? Eu precisava falar com ele-ela termina, finalmente.
-Infelizmente não. Ele não fica mais aqui com tanta frequência desde que eu assumi o trono.
Ela levanta a sobrancelha, obviamente surpresa.
-Você é a Rainha de Asgard!?-seu tom é exasperado. Para uma cientista que não impressiona com muito, ela está de fato bem impressionada com isso.
-Eu sou Rei de Asgard. Rainha seria se...-engulo em seco pensando em como essa frase se termina em minha mente. "Rainha seria quem eu escolhesse para se casar comigo." E sei quem eu gostaria de tornar minha rainha se eu pudesse. Mas não me permito mais pensar nela dessa forma-Rainha seria se eu fosse casada com Thor. Eu assumi o trono, logo eu sou Rei.
Ela ergue a sobrancelha de leve.
-Você e o Thor...?
Balanço as mãos freneticamente, negando.
-Não. Nunca. Eu...-não sei se contar que me relaciono com mulheres é a melhor forma de me apresentar para Jane-Thor não é exatamente a pessoa ideal para mim.
O semblante ciumento aparece e se vai em questão de segundos.
-Ah, então ele te escolheu tipo, a dedo? Você deve ser muito boa para ele confiar o reino nas suas mãos.
Na real, eu não sou. Muitas vezes me questiono se sei o que estou fazendo, se realmente sou mais do que uma guerreira. Se posso ser diplomática, mudar a vida das pessoas, lhes dar esperança de que nas horas difíceis, eu saberei o que fazer. Thor tinha um senso de liderança porque ele foi ensinado a ter sua vida inteira. E nunca esperaram nada de mim além de ser uma boa soldada. Na verdade, eu nunca esperei mais do que isso de mim mesma.
Conhecer Carol e assumir Asgard foram duas coisas em minha vida que me lembraram que eu sou mais do que as minhas armas e punhos.
-Bom, o reino não está um completo caos então, seja lá o que eu esteja fazendo, devo estar fazendo direito.
Jane acaba sorrindo, e me sinto menos nervosa perto dela. Apesar de não parecer fisicamente, a forma como ela fala tão convicta deixa até a mim assustada.
-Olha, você é próxima do Thor, ele fala bastante de você. E acho que esse lugar é tão sua casa quanto a minha então...-descruzo os braços, tentando aparentar menos nervosismo-Por que não fica até ele retornar? Tenho certeza que ele vai adorar te ver, e saber que você é digna também.
Ela assente, aparentemente menos nervosa também.
-Rei!-escuto alguém gritar novamente.
"O que foi agora?" penso. Minha cota de estresse já se esgotou por hoje.
O mesmo guarda de antes aparece, novamente ofegante, mas dessa vez com força o suficiente para me olhar e dizer:
-Alguma coisa brilhante está pairando no céu, e os cidadãos estão perguntando o que...
Paro de ouvir depois que ele fala "brilhante". Agora eu não tenho mais escapatória. Ela está aqui.
Vou ver Carol Danvers pela primeira vez em anos desde que ela disse que não me amava mais.

Carol and ValkyrieOnde histórias criam vida. Descubra agora