my heart's yours

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Valkyrie

Antes que eu pudesse fazer a minha saída dramática do prédio ignorando completamente os olhares de Carol que, diga-se de passagem, não saíram de cima de mim a reunião toda, Jane me aborda para dizer o quanto está admirada com minha liderança. Não me custou tanto tempo na Terra para saber que dificilmente mulheres assumem cargos tão altos como este, e quando assumem, nunca conseguem fazer uma sala ficar em completo silêncio para ouvi-la, como faria com um homem. E pensar que antes dos Skrulls, da Carol, e do caos que o Loki causou anos atrás, a raça humana se considerava os pioneiros da viagem intergaláctica e a espécie mais bem desenvolvida numa distância considerável de anos-luz.
De qualquer forma, mesmo com Jane me elogiando e me abraçando (ela realmente gosta de abraçar, o que é cômico porém reconfortante ao mesmo tempo. Eu até que gosto dessa hospitalidade dos humanos.), eu consegui ver por cima de seu ombro Carol murchar feito um balão quando nos viu, e sair andando para fora do prédio, não rápido o suficiente para demonstrar o quão desconfortável ela ficou mas ainda sim rápido o suficiente para sumir pela porta em questão de segundos.
-... Você faria isso!?-Jane fala exasperada, e percebo que não ouvi uma palavra sequer do que disse.
-Eu o quê?-respondo, confusa.
-Você daria uma palestra comigo!? Eu tenho certeza que você vai ser a inspiração de muitas garotas universitárias que dedicam a vida estudando uma área que vão passar o resto da vida sendo comparadas com os homens que começaram nela. Experiência própria, se quer saber-ela diz rindo, mas logo depois alguma coisa a faz mudar de expressão bruscamente, e ela por sua vez murcha como um balão.
-Está tudo bem, Jane?-digo, cautelosa.
-Não, é só que...-ela cruza os braços, claramente abalada-Onde é o melhor lugar aqui para ver o Sol se pôr? Faz anos que não faço isso. Muito trabalho, sabe? E como cientista, eu não posso me dar ao luxo de tirar férias e perder a descoberta da cura do câncer enquanto eu estava descansando-ela ri baixinho e murmura-Quem dera já tivessem descoberto.
Dou um sorriso solidário e indico com a cabeça a porta do meu escritório.
-Eu conheço o lugar perfeito. Só vou guardar meu blazer.
Na verdade, só quero dois minutos para poder deixar algumas lágrimas caírem de tristeza por ver a desesperança nos olhos dela.
É uma vida difícil na Terra.
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Dez minutos depois estamos nós duas sentadas no mesmo penhasco onde Thor declarou que havia me escolhido como Rei. Acho que, como os Deuses sempre procuram seus tronos quando precisam contemplar sobre todo o poder que carregam, porque um trono é o primeiro lugar que se pondera quando se é coroado, eu volto a esse lugar como se aqui tivesse sido minha coroação. É calmo, e não estou com um coroa enorme e pesada com 300 dos pebleus mais endinheirados me encarando como a Monalisa no Louvre. Mas além de tudo, é meu e só meu. Não sou ninguém além de Valkyrie aqui.
Droga. Um pensamento instantaneamente me ocorre de que, se eu me casasse com Carol, aqui seria o primeiro lugar que sugeria para o fazermos. Só eu e a minha garota flamejante. Ela naquele terno escuro que tanto amo. Eu em algo bem próximo disso. Anéis simples, mas palavras que se bordariam em minha alma até onde ela viajasse por esse universo ou em qualquer outro. Para sempre, eternamente, da minha Carol Danvers.
Não sei exatamente se amo ou odeio que isso esteja tão fora do meu alcance.
-No que você está pensando?-Jane me pergunta, sem me olhar. Devo estar murmurando enquanto divago.
-Ah, nada. E um monte de coisas ao mesmo tempo.
Jane sorri de canto, e apesar de tudo, ela está leve aqui em cima, como se não houvesse uma doença preocupando-a cada segundo que passa. E por decisão dela própria, ela subiu aqui sem o Mjölnir.
-Quem era aquela na sala de reuniões que você ficou encarando?
Sinto um leve desespero quando ela me pergunta. Por Frigga, é tão óbvio assim?
-Ah, a Capitã Marvel. Você não conhece?
Ela levanta uma sobrancelha e dá um risada leve.
-Nunca a vi pessoalmente. Só ouvi sobre ela, e como ela quase derrotou Thanos dando só porradas nele. Ela é definitivamente o tipo de pessoa que eu gostaria de ter um autógrafo.
Dou uma risada.
-Com o Mjölnir você podia tentar uma queda de braço com ela.
-Não sei se me garanto. Ela parece muito forte.
Ouvir isso me faz pensar em Carol me tocando. O jeito como ela me segurava. A forma como eu sentia sua energia transpassando por seus dedos. Pelos Deuses, como eu queria ter ido além de qualquer limite quando começamos com isso tudo. Se tem uma coisa que jamais me arrependeria seria de ter aquela mulher a minha mercê e eu à dela.
-Ela é-murmuro, dando um sorriso bobo feito uma adolescente.
Jane leva só 5 segundos para entender tudo de forma clara. Eu esperava uma reação desconfortável, ou até atônita, como se isso não a impressionasse, mas o que consigo é uma mulher rindo alegremente com as mãos sobre o rosto.
-Ai meu Deus, vocês são um casal. Que coisa mais fofa-ela diz, num tom de voz doce.
-Por que você está agindo como se eu fosse um filhotinho que você pegou no colo de uma ninhada de cachorros?-indago, levantando a sobrancelha. Ela ri e volta a olhar o horizonte.
-Desculpe. Acho que a tal síndrome do hétero que não sabe como lidar com uma pessoa homossexual quando a conhece. Você é a primeira lésbica que eu conheço e por alguma razão achei isso tudo muito lindo. É como ver meu filme favorito de romance, só que na vida real.
Eu devo expressar algo entre confusão e sarcasmo com minha expressão, porque eu acabo deixando-a confusa.
-Você é lésbica, não é?
-O que é isso?
Jane abre a boca e volta a fechar.
-Vocês não têm termos para relacionamentos entre o mesmo sexo? Ou para pessoas que se relacionam com mais de um gênero?
Balanço a cabeça negando, e ela parece intrigada.
-E como vocês chamam então? Se não têm rótulos como aqui?
-De relacionamento...?
Jane parece intrigada, mas acaba dando um sorriso.
-E a gente se considera a vida mais inteligente num raio de anos-luz. Que retrocesso.
-É, os seres humanos são bem...-olho-a com o canto do olho esperando uma reação negativa, mas ela parece interessada no que vou falar.
-Manda ver. Eu sei que você quer dizer alguma coisa ofensiva.
-É que eu não quero te ofender.
-Valkyrie, o pouco de herança que tenho como cientista veio de mulheres que for queimadas como bruxas por estudarem ciência no passado. Não tem nada que você desgoste nos humanos que vá me fazer ficar ofendida.
-Queimavam mulheres aqui!? E eu que achava as punições de Asgard horríveis. Mas lá éramos punidos por atentar contra nosso próprio sangue, ou algo parecido. Também se alguém roubasse da adega pessoal de Odin. Já vi alguém morrendo por isso quando era soldada.
-É, meu sogro não era a pessoa mais amistosa que conheci. Ele era um babaca, na verdade. Quase dei razão ao Loki por conta dele.
-O Loki era um idiota, mas ele sofreu na mão do Pai de Todos. Odin nunca foi o melhor dos Reis. O que significa que eu tenho uma comparação e tanto.
-Como assim? Se continuar como está, você já é um Rei muito melhor que ele jamais foi.
-Justamente. Ele nunca foi bom, logo eu preciso ser. Caso contrário eu sou "exatamente como o Pai de Todos. Frio e individualista". E apesar de sermos bem mais evoluídos, uma mulher no poder sem um homem à sua frente não é sinal de respeito para alguns.
-Então ensine-os a respeitar. Valkyrie, eu conheço presidentes que não calariam uma sala de pessoas da forma que você fez. Você não é o Odin, e está muito longe disso.
-É. Mas também estou muito longe do Thor. Que é quem eles esperavam que ficasse aqui e liderasse.
Jane suspira, voltando a olhar para o mar. O Sol está quase se pondo. O céu tem aquele tom entre o rosa pêssego iluminado pelo minúsculo Sol ao longe que se esconde atrás do horizonte, e azul intenso que se segue mais acima. É um dos pôr do Sol mais lindos do universo, o da Terra.
-Não deixe te colocarem atrás da imagem de um homem, como se só assim você merecesse respeito-ela diz, finalmente-Já passamos tempo demais aqui nesse mundo dessa forma.
Jane parece decidida em me fazer crer em mim mesma, o que me faz pensar em como a vida foi para as mulheres da Terra. Eu nunca fui desencorajada por ser uma mulher e uma guerreira. Na verdade, não havia sentido nisso quando o próprio filho do Rei podia se transformar em qualquer gênero que quisesse. Claro que existiam aquelas que precisavam se vestir em roupas sensuais e usar quilos de maquiagem para se exibirem para a corte, mas as de nós que decidiam não ser assim não éramos exatamente julgadas. Então obviamente, eu não faço ideia do que é estar na pele de mulheres como a Jane, o que me leva a simplesmente concordar. Não posso desistir porque estou com medo de não ser o que querem que eu seja. Eu não sou como os outros Reis, de qualquer forma.
Quando o céu quase se torna escuro com o cair da noite, Jane se põe de pé e estica a mão em minha direção.
-Vamos. Eu preciso descansar se eu não quiser desmaiar nas próximas horas, e você precisa falar com a sua garota.
Cruzo os braços, um pouco relutante. É difícil esquecer de como foi nossa última conversa, e não sei se vou conseguir manter indiferença enquanto estiver olhando em seus olhos de novo.
-E se ela não quiser falar comigo?-indago.
Jane ri quando me levanto e me ponho de pé ao seu lado.
-Eu vi como ela te olha. Aquela mulher está louca para falar com você.
Apesar de estar com medo, a ideia repentina de que ela ainda me queira me deixa instantaneamente em êxtase por dentro.
"Ou ela pode sumir por anos novamente. Talvez até se case com outro alguém intergaláctico." uma voz interior me diz.
Merda.
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Carol não foi embora ainda, o que me surpreende e me anima levemente. Achei que, da mesma forma que ela partiu das outras vezes, não veria a hora de partir desta também.
Adentro sua nave sem aviso prévio, porque na verdade nem sei o que dizer para iniciar uma conversa. Nem sei se ela quer iniciar uma conversa, de fato.
Sua nave parece uma casa, o que explica tantos anos longe sem nunca ter um lar propriamente. Ela passa tanto tempo sendo a protetora das pessoas, que mal esquece que não tem uma vida. Nesse ponto, eu entendo o porquê da nossa conversa de anos atrás. É mais reconfortante pensar que isso foi para me proteger de todos os dias deitar em uma cama vazia sem Carol ao meu lado, e sem nunca saber quando estaria preenchida de novo.
Encontro-a mexendo em uma mesa, olhando que parece ser um mapa. Ela tirou o blazer, e manteve a camisa preta, só que abriu os três primeiros botões, dando uma visão bem privilegiada de seu colo e a curvatura dos seios.
Engulo em seco, tentando manter a compostura.
-Capitã Marvel-falo, e acabo assustando-a de tal forma que ela tropeça e cai sobre um futon no canto do cômodo.
-Val...-ela se levanta bruscamente, o rosto ficando gradativamente vermelho de vergonha. É a primeira vez que nos olhamos estando intencionalmente uma perto da outra. É estranho, mas familiar de certo modo. Eu conheço esses olhos, sei o que eles já viram. Sei o que os aflige, e o que os dilata. Mas ainda sim, depois de anos, é como se eles tivessem visto tanta coisa sem mim por perto, que eles se tornaram diferentes. É como se eu tivesse estudado cada tom de azul existente mas agora, um novo tom se formou e eu não o entendo, nem o reconheço. Sei que é azul mas não sei o suficiente para me sentir apegada à ele.
-Valkyrie, desculpa-ela continua-Rei Valkyrie, na verdade.
Não digo nada depois dela mais por não saber o que dizer, mas ela entende como se eu estivesse exigindo uma reverência, e acaba se curvando para me cumprimentar, o que só torna tudo mais constrangedor.
-Não precisa disso, sério-digo, acalmando-a-Nós não fazemos isso aqui.
Ter dito isso parece deixá-la ainda mais desconcertada, e não vou mentir, é fofo. Carol, com todo seu poder, fica nervosa perto de mim, que honestamente não sou tão intimidadora assim.
Ou talvez eu seja?
-Você já está de saída?-pergunto, para quebrar o gelo.
-Ah, bom...-ela olha para suas coisas bagunçadas, como se estivesse tentando se organizar antes de começar outras viagens intergalácticas-Eu estava só me situando antes de sair por aí espaço afora. Se já é difícil fazer malas para viajar ao Havaí, imagina para outro planeta-ela diz, rindo para quebrar a tensão.
-O que é Havaí? É tipo, um lugar?-não consigo conter a curiosidade quando diz isso. O nome me soa agradável. Carol por sua vez arregala os olhos de forma como se estivesse chocada por eu de fato não saber o que é o Havaí.
-Fala sério, está na Terra todo esse tempo e não conheceu o Havaí!? O que daqui você conheceu desde que veio para cá?
É uma boa pergunta. Conhecer a cultura terráquea foi um tanto interessante. Claro que tem coisas que eu simplesmente não me acostumo sendo de fora desse mundo. Queijos com fungo. Sapatos caríssimos que honestamente não parecem nada confortáveis. Colocar abacate em um sanduíche. Minissaias. Agh, couve de bruxelas. A misoginia de sempre, só que pior aqui. Homens em cargos de presidência e política. Gente que me olha feio e cochicha quando passom Mal sabem que eu posso cortar a carótida deles sem hesitar. A velha que perguntou se eu lavava meu cabelo sendo "do jeito que ele é". Com certeza ser tratada com diferença pela pessoa que eu sou não era algo que eu imaginava acontecer comigo, porque nunca precisei me preocupar com isso.
Mas também tem as coisas boas. As que me fizeram ver a vida de forma diferente. A comida daqui é fantástica. Dá para sentir o amor que as pessoas colocam quando a fazem. Fiquei um mês obcecada por uma pizza de uma rede famosa que mal consigo lembrar o nome, mas que comeria uma daquelas todos os dias. As bebidas aqui são de fato muito melhores, embora eu tenha parado um pouco com o álcool. Mas a variedade de sucos de frutas aqui não são exatamente de todo ruim para substituir meu vício. Quem diria que uma coisa poderia ser tão doce e azeda ao mesmo tempo quanto morangos, ou uvas. A música é incrível, as mulheres são lindas. Mas não as mulheres que estão no "padrão". Todas elas em geral, em seus tamanhos e formas, em curvas e músculos, a beleza no que ser uma mulher representa. As pessoas têm paixão pela vida. Ficam felizes com um simples bolo de aniversário, ou ouvindo sua música preferida. Em dançar, pular, abraçar, gritar. Não consigo imaginar como vivi uma vida sem saber o que é essa sensação. Quase me sinto viva pela primeira vez.
-Eu gosto de pizza. E arte-é tudo que digo.
Carol dá um sorriso, como se estivesse se sentindo confortável pela primeira vez desde que chegou.
-Você precisa conhecer o Havaí. É lindo, praias de tirar o fôlego, clima agradável, pessoas bem receptivas.
-A gente devia ir um dia-falo do nada, e nem sei porque dei essa ideia. Eu não deveria estar furiosa com ela?
-É sério?-ela pergunta baixinho.
Não respondo que sim nem que não, mas acho que meu olhar diz tudo.
-Eu estou com saudades-ela murmura-Muitas saudades.
-Carol...
-Não fala sobre o que eu disse. Eu não quero lembrar daquilo.
-Você disse que não me amava. Que não se conhecia mais, e a pessoa que disse que voltaria para mim não existia.
Não sei porque estou tão empenhada em relembrar essa memória. Acho que da mesma forma que quero que ela corra para mim e me beije, quero também que ela se sinta mal pela forma como eu fiquei.
-Eu ainda não sei se ela existe. Ainda não sei se eu mereço você.
-Então você ainda está dizendo que não me ama?
-Valkyrie, por favor, eu...
Vejo pequenas lágrimas escorrerem por seu rosto, e me aproximo dela para limpá-las.
-Eu te amo-ela murmura, encaixando uma mão em meu rosto, mas ainda sem me olhar nos olhos-Mas não quero que você ame o monstro que eu sou. Eu não mereço o amor de alguém como você, alguém que está ali, à frente de líderes e pessoas importantes para fazer o que é certo. Eu não sou como você.
Ergo seu rosto com a minha mão, fazendo-a me voltar o olhar.
-Você não é um monstro, Carol. É a Capitã Marvel, você tem sacrificado sua vida pelo bem maior, você é uma heroína.
-Você não sabe tudo que eu fiz-sua voz está embargada. Nunca a vi tão vulnerável quanto agora. Devo ser a única que tem Carol Danvers dessa forma.
-Eu também já fiz coisas ruins. Não é isso que te define. É o que você faz para não ser mais daquela forma. É isso que importa.
Agora ela me segura com as duas mãos envoltas em meu rosto, mantendo-o elevado para alcançar sua visão.
-É isso o que você vê?-ela sussurra, com os lábios próximos dos meus. Sinto meu coração bater como da primeira vez que nos beijamos.
-Eu só vejo a minha Carol. É ela que eu quero de volta.
Não preciso dizer mais nada além disso. Carol me beija lentamente, mas ainda sim com um fervor de quem não esperava quando finalmente pudesse o fazer de novo. Passo minhas mãos por seu pescoço, nos unindo mais ainda. Sinto algo dentro de mim fervilhando de uma forma inexplicável. É incrível. É como estar viva pela primeira vez.
-Valkyrie-ela murmura em meus lábios, me erguendo de forma que eu acabe me sentando em sua mesa, logo atrás de mim. Dessa forma, ficamos com os rostos na mesma altura, e acho que é isso que ela queria.
-Você está tão diferente. Tão linda-ela enrola os dedos em minhas tranças, e coloca-as para trás, para desobstruir a visão que ela claramente quer ter do meu colo. Obrigada aos Deuses pela minha decisão de ter tirado meu blazer. Ver a forma como o olho dessa mulher brilha me vendo em uma camisa branca justa é tudo que eu preciso. Uma de suas mãos corre por mim cintura até minha coxa, sentindo o tecido que me cobre.
-Se eu disser uma coisa você promete que não vai enfiar sua faca em mim enquanto eu estiver distraída?
Dou uma risadinha, entrelaçando meus dedos com os seus.
-Depende do que você disser, Danvers.
A mão que antes acariciava minha cintura, me puxa bruscamente, fazendo com que ela se encaixe perfeitamente entre minhas pernas.
-Você está muito gostosa nesse terno-murmura, sem tirar os olhos de mim nem por um instante.
Meus Deuses, como eu queria perder a compostura com essa mulher bem aqui nesta mesa.
-E isso é só o que você consegue ver. Agora-respondo, e isso parece provocá-la instantaneamente.
-Nossa, como eu senti falta da minha Valkyrie.
Beijamos novamente, mais entrelaçadas do que antes, as mãos se movimentando de forma instintiva. Sinto-a se movimentar para caminhar seus lábios por meu rosto, descendo diretamente para meu pescoço. Carol sabe bem o que está fazendo ali, tão bem que preciso me segurar na mesa para não me exasperar de forma que alguém perceba que estamos fazendo alguma coisa aqui dentro, mas é difícil.
-Agh, queria tirar isso de você mas esse não parece nem de longe o lugar certo para isso-escuto-a dizer.
-E daí?-respondo, abrindo mais um de seus botões como resposta. Agora sim, tenho uma visão generosa de seu colo, e de um sutiã branco que o sustenta logo abaixo da blusa. Repentinamente, Carol guia uma de minhas mãos sobre um de seus seios, me instigando a massageá-lo lentamente, e faz o mesmo comigo. Não tiramos os olhos uma da outra nem por um instante, como se quisessemos ver o prazer através deles. Acho que nunca tive alguém me tocando dessa forma, pelo menos não em muitos anos. E não estranho de forma alguma. É como se meu corpo fosse escrito para o dela, o dela para mim.
-Queria te sentir sem todo esse tecido-murmuro, e ela sorri de forma afirmativa.
-Também queria. Mas eu, é...
-Também faz muito tempo para mim.
Carol ri, distribuindo leves beijos por meu tronco exposto até meu pescoço.
-E aquela garota que estava com você? Vocês não tiveram alguma coisa?
Dou uma risada genuína, passando meu braço por seu pescoço para mantê-la por perto.
-Ela é ex-namorada do Thor, só para você saber. Ficou com ciúmes, é?
Ela para com os movimentos sobre meu tronco e eu faço o mesmo.
-Eu tenho motivo para sentir ciúmes?
-Ah, tem. Não sei se você sabe mas eu sou muito disputada aqui em Nova Asgard. Pretendentes vem de todo o mundo pedir minha mão, e você nem imagina o que...
Carol me puxa pela cintura com seu braço livre, quase me erguendo da mesa, ficando com o rosto a pequenos centímetros do meu.
-Ninguém vai levar minha garota de mim.
Sorrio, envolvendo-a em um beijo novamente, dessa vez com certa selvageria. Ela me segura com as mãos quase em meu bumbum. Eu a acaricio do pescoço até seus cabelos louros.
Tenho uma sensação genuína que teríamos ido muito mais além se não tivéssemos ouvido um pigarreio logo atrás de nós, que nos faz separar de imediato e fingir que nada aconteceu.
Quando olho para a entrada da nave, é Fury com um sorriso de canto como se dissesse "eu sabia".
-Fury, o que é isso!?-Carol exaspera, fechando sua blusa com rapidez-Você não bate para entrar, não?
-A nave estava aberta, eu entrei.
-Eu podia estar trocando de roupa!
-Então da próxima vez, feche a nave.
Tem uma expressão no rosto de Fury que me faz quase querer rir. Ele está se divertindo com o nosso constrangimento, e como não poderia? Nem três horas juntas e já quase fizemos amor na mesa da nave dela.
-O que você quer?-Carol indaga, cruzando os braços.
-Eu preciso falar com você sobre alguns assuntos que você não está muito atualizada, considerando o tempo que passou fora.
Os dois se olham e depois voltam o olhar para mim, e eu entendo isso como um motivo para eu sair da nave.
-Ah, eu vou, é, deixar vocês a sós-digo, meio perdida.
-Val, espera-Carol se aproxima de mim na saída da nave, e sussurra-Eu quero te ver de novo. Em um lugar seguro, sem ninguém por perto.
Olho para Fury, que está nos observando avidamente com seu olho bom, e me ergo na ponta dos pés para falar em seu ouvido.
-Me encontra no centro a noite e nós vamos para a minha casa.
Ela abre um sorriso tão genuíno que quase sinto-me transbordar de emoção.
-Até mais tarde então, meu...-ela diz, mas hesita.
-O que foi?
-Eu ia te chamar de...
-Eu vou te esperar, amor.
Carol me olha com carinho e assente, beijando meu rosto.
-Meu amor.
Ela me olha uma última vez e se vai, e instintivamente eu toco minha bochecha onde seus lábios me tocaram.
"Amor".

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⏰ Última atualização: Apr 06 ⏰

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