Capítulo 8

1.1K 114 7
                                    

Valkyrie

Quando acordo de manhã, me sinto quase completamente renovada. Não sinto mais dor, ou medo, ou arrependimento. Só me sinto forte o suficiente para lutar.
Saio do quarto rapidamente depois de trocar de roupa, e procuro por Carol. Vou até seu quarto, mas ela parece já ter acordado. Quando passo pela sala de reuniões, encontro Natasha adormecida sobre a mesa. Olhando-a desse jeito, ela me parece mais nova e mais calma.
Passo por três cômodos até ouvir sua voz vindo da cozinha. Tem outra pessoa conversando com ela, e pelo tom forte, parece ser Steve.
-...não posso ficar por aqui-Carol fala. Steve suspira, mas concorda.
-Eu entendo.Tem outros planetas que precisam de você.
-Sim. Não posso desistir deles agora, ainda mais depois de tudo que aconteceu.
-Mas e a Valkyrie? Vai deixá-la aqui?
-Como assim?
-A Natasha disse que vocês ficaram bem próximas de repente.
-Aah...-Carol parece nervosa-Eu tenho a ajudado muito. E ela também tem me ajudado.
-Entendo-Steve ri.
-O quê? Ela é muito boazinha comigo. E ela perdeu tudo.
-Nós também.
-Ela perdeu tudo duas vezes. Ela perdeu as Valkyries e agora, os Asgardianos.
-Todos nós perdemos. É a consequência da batalha. Mas é preciso fazer isso, para que outros não percam também.
Carol fica em silêncio, mas volta a falar rapidamente.
-Se eu for, promete que vão tentar ajudá-la? 
-Nós somos os Vingadores. Protegemos uns aos outros.
Não sei o que eles conversam depois disso porque vou embora, estagnada demais para correr ou falar alguma coisa.
Carol vai embora. E ao menos sabe se vai voltar. Isso me desanima quase que por completo. Eu devia imaginar que se eu me apegasse a ela, eu iria acabar magoada. As pessoas sempre vão embora, de alguma maneira, e a única coisa que resta é o buraco que elas deixam dentro de nós.
Eu fui muito estúpida de ter me declarado para ela. Nunca devia ter feito amizade com ela, nem lutado com ela, ou contado coisas para ela. Agora eu vou perdê-la.
Talvez não. Talvez eu não esteja a perdendo, porque ela nunca foi minha.
-Nunca devia ter saído de Sakaar-sussurro, voltando para meu quarto.
***********************************
Evitei Carol o dia inteiro. Para falar a verdade, não saí do quarto o dia inteiro, e não é como sentissem minha falta. Então só fiquei olhando para o teto, sem fazer nada.
Ouço alguém bater na porta, e não estou com vontade de abrir, mas a pessoa não para de bater.
-Entra-berro, e vejo Natasha entrar. Ela me olha na cama, e mostra um pacote de esparadrapos.
-Bruce me pediu para trazer isso para você. Disse que se não trocasse a ferida podia piorar.
Assinto, e volto a encarar o teto.
-Está tudo bem?-ela indaga. Dou de ombros, esperando que ela não ligue, mas ela encosta na batente da porta e fica me olhando.
-O que você quer, hein?-indago. Ela ri e dá de ombros.
-Seu jeito marrento é muito engraçado.
-Isso quer dizer o quê?
-Que ser marrenta é seu jeito de lidar com as coisas. Sarcástica, despreocupada.
-Esse é meu jeito de ser. Se te incomoda...
-A questão é que eu era assim. Fui treinada para ser agressiva, sarcástica e sedutora. Mas eu aprendi com as pessoas que não precisava ser assim-ela sorri tristemente e olha para o lado de fora do quarto-Eu aprendi muito com essa família.
-Família?-encaro-a, irritada-Por que eu deveria ter uma família? Todos sempre me deixam e me abandonam.
-Algumas vezes as pessoas não têm escolhas. Perder pessoas faz parte da batalha.
-Você e o Rogers combinam o que vão dizer?
Ela ri e se aproxima de mim, sentando na cama.
-Você está assim por causa da Carol, não é?
Não falo nada, mas ela parece saber a verdade sem eu precisar falar.
-Está tudo bem. Eu não vou sair contando para todo mundo. Não é como se isso importasse muito, considerando tudo o que está acontecendo.
-Você não acha...-não consigo achar uma palavra para isso. Nunca precisei me preocupar com o que as pessoas pensavam sobre eu gostar de mulheres, porque ninguém nunca teve importância na minha vida a ponto de eu ser influenciada pelo que ela pensa.
-Olha, tem um guaxinim na sala de reuniões procurando uma nave no meio do espaço, onde meu amigo está ferido, preso com uma robô. Nada mais é surpreendente para mim.
Sorrio, e ela se levanta novamente.
-Se você a quer, acho que deveria dizer. A gente nunca sabe quanto tempo ainda tem. Principalmente nós, que estamos sempre arriscando nossas vidas pela dos outros.
Assinto, e me levanto. Ela me encara enquanto coloco uma calça por baixo da camisa larga.
-O que está fazendo?-ela indaga.
-Vou falar com a Carol.
Ela assente e sorri, me acompanhando para fora do quarto.
-Não façam barulho, okay?-ela fala, maliciosamente.
-Muito engraçado, Romanoff.
Ela caminha para sala de reuniões, e eu vou até o quarto de Carol, batendo na porta duas vezes. Ela abre, e quando a vejo sinto um frio percorrer minha barriga. Seu cabelo está molhado, e está sem camiseta, mostrando seu top preto.

-Oi-ela sorri e me dá passagem para entrar-Você não falou comigo o dia inteiro.
-É, eu...-"Eu ouvi sua conversa e estou arrasada porque você vai embora, mas agora quero te beijar"-Eu queria falar com você.
-Pode falar-ela se senta na cama, me olhando.
- Eu...-começo a caminhar nervosamente de um lado para o outro, e ela começa a rir.
-Você está bem?
Encaro-a e não consigo pensar direito. Só consigo olhar para sua pele molhada, seus lábios delineados, seus olhos claros, e de repente paro de pensar, e começo a agir. Me aproximo dela, e ela fica me olhando caminharEu  na sua direção. Quando estou a centímetros de seu corpo, acaricio seu cabelo, levantando seu rosto com a ponta dos dedos. Carol me olha confusa, mas me puxa para seu colo. Me surpreendo com seu movimento repentino, mas não a afasto. Quando menos percebo, estou beijando-a, seus lábios suaves contra os meus. Suas mãos correm para minhas costas e as minhas passam por sua pele macia e quente.
-Eu...-tento falar, mas ela me deita e continua a me beijar. Seguro seu rosto, afastando-a lentamente.
-Desculpa-ela sussurra, me olhando-Eu quero fazer isso há tanto tempo que...
Sorrio, e encaixo as mãos em seu pescoço, puxando-a para outro beijo. Ela sorri entre os beijos e puxa minha camiseta para cima, tentando retirá-la. Deixo suas mãos quentes correrem por minha pele e é como se eu sentisse o poder que as duas emanam através dos toques. Ela retira os lábios dos meus e começa a caminhá-los por meu rosto, até meu pescoço. Suas mãos escorregam para minha barriga e sinto seus dedos passarem por minhas cicatrizes das antigas batalhas. Ela se separa de mim para olhar as marcas em meu corpo.

-Desculpe-sussurro-Eu sei que são feias.
Ela sorri e puxa minha mão para um cicatriz em suas costas.
- Eu também tenho. Mas as suas são bem mais bonitas que as minhas.
Sorrio e abraço- a, passando as mãos por suas costas seminuas. Sinto suas mãos apertarem minha cintura, me colocando sobre seu colo.
Carol encaixa os lábios em minha clavícula, me beijando até a curva de meus seios. Respiro suavemente, tentando não surtar com o toque quente de seus lábios. Agarro em seu top tentando retirá-lo, mas antes que eu consiga alguém bate na porta e nos assustamos.
-Danvers-é a voz de Rhodes-Você está aí? O Capitão precisa de você.
Carol fecha os olhos, pensando.
- Eu já vou-ela fala em voz alta, depois se vira para mim-Desculpe, eu preciso...
-Tudo bem-falo. Ela se levanta e pega sua camiseta largada na poltrona no canto do quarto. Levanto-me e acompanho-a para fora do quarto, mas ela para antes de atravessar a porta e me beija intensamente.

-Não terminamos ainda-ela sussurra contra meus lábios, e sorri, caminhando para a sala de reuniões.

Carol and ValkyrieOnde histórias criam vida. Descubra agora