Capítulo 20

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Mais uma vez, encontrava-me no meu escritório, apoiada sobre a mesa, girando uma caneta em uma mão enquanto segurava o celular com a outra. O novo diretor de finanças falava ao vivo sobre sua estratégia de crescimento, tentando convencer-me dos benefícios de sua proposta. Mesmo que eu estivesse apenas parcialmente envolvida na conversa, não podia ignorar a qualidade da ideia apresentada. Sua proposta de investimento era arriscada, sim, mas também extremamente atraente. Afinal, em tempos como os atuais, qual negócio não carregava seu quinhão de riscos?

- Tudo bem, Sr. Park, eu entendo. Vamos marcar uma reunião para discutir isso mais detalhadamente. A proposta é promissora. Eu estou dentro.

- Sério, Senhorita Kim?

- Com toda certeza. Peço apenas um pouco de paciência, mas tenha certeza de que isso vai se concretizar.

Após fecharmos contrato com a construtora, conseguimos capital suficiente para adquirir algumas ações, garantindo assim 45% dos direitos sobre a KBG e tornando-nos a sociedade majoritária. Com essa aquisição, ampliamos ainda mais nosso portfólio. A proposta do Sr. Park indicava uma mudança estratégica, deixando de lado as construções para terceiros e passando a fornecer propriedades residenciais, comerciais e empresariais prontas para venda em toda a Coreia. E, quando digo "Coreia", não estou me referindo apenas a Seul; a expansão que planejamos é de uma magnitude que, se tudo correr como planejado, estaremos construindo em todas as províncias do Sul em um ano.

A caneta continuava girando incessantemente entre meus dedos. Minha mente trabalhava freneticamente, planejando cada detalhe meticulosamente para garantir que nada desse errado. Minhas mãos descontavam a ansiedade na caneta, tornando-a um reflexo físico da intensidade dos meus pensamentos.

Não sei ao certo quanto tempo fiquei absorta em pensamentos, mas assim que Da-Won passou pela minha porta segurando uma sacolinha do 'Subway', e o aroma se espalhou pelo ambiente, eu despertei.

- Senhora, aqui está seu almoço - ela disse, colocando a refeição sobre minha mesinha em frente ao sofá.

- Ah, obrigada, Da-Won. Me desculpe por fazer você buscar algo para mim tão perto da sua hora de almoço.

- Não tem problema, Senhora. Também estou cheia de coisas para fazer. Aproveitei a ida e peguei um para mim também - a garota sacudiu a sacola em mãos.

- Você é incrível, não sei o que faria sem você! - Não pude deixar de elogiá-la.

Apesar de todos os meus abusos de horário e excesso de trabalho, nos últimos oito meses, Da-Won não me abandonou. Ela estava sempre ao meu lado, ajudando em cada decisão. Com certeza, o sino que ouvi na minha cabeça no dia da entrevista, quando a vi entrar pela porta giratória, nervosa, com saltos gastos e roupas desgastadas, me fez tomar uma excelente decisão ao escolhê-la como minha secretária.

Ela permanecia à minha frente, observando enquanto eu me acomodava no sofá, pronta para devorar meu lanche enquanto revisava alguns relatórios financeiros.

- Sim? - Perguntei, olhando por cima dos óculos que usava.

- Após a reunião das 15:00h, a Senhora não terá mais nenhum compromisso. E a Senhorita Mariana me ligou perguntando. Então, ela pediu para lhe avisar que passará para te pegar por volta das 16:30h.

- Aish!!! - Exclamei, balançando meus cabelos - Tenho tanta coisa para fazer.

- Senhora, se me permite... - ela disse, procurando espaço para expressar sua opinião - a senhora merece descansar um pouco.

A olhei avaliativa. Realmente, ela estava certa. Já fazia dois meses desde que me diverti pela última vez naquela boate. Bem, não sei ao certo se me diverti de verdade, depois do episódio que passei. Mas, apesar de tudo, o final da noite havia sido incrível, e eu estava sentindo uma falta absurda do meu amigo, que mais uma vez havia retornado aos Estados Unidos para finalizar seu álbum. Confesso que estava ansiosa para ouvi-lo; depois de lançar "3D", só conseguia pensar que JungKook faria literalmente a perfeição com esse novo álbum.

- Tudo bem, mas só se você também sair.

- Mas Senho... - A cortei, encostando minhas costas no encosto e a encarando - Tudo bem... - Ela se retirou do escritório de cabeça baixa. No entanto, não pude deixar de notar um brilho em seus olhos.
...

Eram 16:30 horas da tarde, e eu permanecia parada diante do imenso prédio espelhado que se estendia atrás de mim, conferindo as horas no meu relógio. Apesar de o sol ainda nos banhar com sua luz, era inútil contra o vento frio que chicoteava meu rosto. Tentei me encolher dramaticamente na tentativa de me proteger do frio, mas foi em vão.

Como se Deus estivesse atento aos meus pensamentos, avistei meu carro se aproximando, conduzido por uma certa ruiva. Corri na direção dele, buscando abrigo do clima lá fora.

- Oiiiii!!! - saudei enquanto ajustava o cinto.

- A Senhora gostaria de uma água ou uma balinha? - ela perguntou, representando o papel de motorista de aplicativo.

- Ah não, só quero chegar logo em casa.

- E quem disse que vamos para casa?
- O quê? - A encarei, torcendo para que fosse uma brincadeira.

Com um olhar sorridente, ela apontou para o banco de trás, onde reparei duas malas grandes e muita bagunça.

- Vamos viajar!

Não consegui conter a gargalhada, minha reação era inevitável. Ri por alguns segundos, mas ela permaneceu lá, me observando como se fosse um avestruz.

- Isso é sério?

- Yup!!! - riu, apertando o botão de Start, dando partida no carro, e partindo enquanto batucava os dedos sobre o volante.
...

A viagem se desenrolava diante dos meus olhos, a estrada estendendo-se à nossa frente como um convite para o desconhecido. A paisagem colorida passava rapidamente, dançando em harmonia com a trilha sonora que ecoava no rádio. Meu olhar se dividia entre a janela e minha amiga ao volante, tentando decifrar a agitação em sua mente.

Após alguns minutos de silêncio, minha curiosidade tornou-se insustentável, e decidi buscar algumas respostas.

- Mari, para onde exatamente estamos indo? - perguntei, tentando decifrar sua expressão. Um sorriso brincou em seus lábios, desviando momentaneamente o olhar da estrada.

- Surpresa! - exclamou, mantendo o mistério.

- Surpresa? Não me diga que você está me sequestrando e planeja desovar meu corpo por aí? - brinquei, tentando esconder minha ansiedade.

- Nada disso. Esteja pronta para um final de semana incrível. Estamos a caminho da Ilha de Jeju. A família de Joon tem uma casa por lá, então decidimos passar um final de semana para recarregar as energias.

Minha surpresa se transformou em empolgação. A Ilha de Jeju era conhecida por sua beleza natural deslumbrante, e a ideia de passar o final de semana em um lugar tão especial encheu meu coração de alegria. Um sorriso involuntário dançou em meu rosto ao pensar nos dias que teríamos lá juntos.

Enquanto o carro seguia seu caminho, o vento soprava suavemente pela janela, levando consigo qualquer resquício de preocupação que pudesse persistir. Estávamos a caminho de Jeju, prontas para uma escapada que, com certeza, seria muito intensa. Pelo menos era o que eu esperava.

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