Capítulo 23

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- O que foi, Hon? Por que precisávamos vir tão longe para você me dizer alguma coisa? - Pergunto enquanto me afasto, observando atentamente o local ao redor.

Apesar da trilha em que estamos, a mata ao nosso redor é densa. As enormes árvores com longos galhos dão uma impressão horripilante, especialmente com a luz noturna se infiltrando entre alguns deles.

- Lá na fogueira, acho que rolou algo entre nós, não acha? Você sentiu também? Ou foi coisa da minha cabeça? - pergunta.

Fico em silêncio, ponderando minhas palavras enquanto a adrenalina percorre minhas veias. Antes que eu possa responder, seus lábios encontram os meus em um beijo inesperado. Por um instante, fico estática, surpresa com a súbita proximidade. Meu coração dispara e a incerteza domina meus pensamentos.

Enquanto nos beijamos, ouço sons de galhos se quebrando nas proximidades. Um arrepio percorre minha espinha, interrompendo a intensidade do momento. O beijo se dissipa lentamente enquanto ambos direcionamos nossos olhares para a escuridão ao redor, tentando discernir o que causou aqueles ruídos.

Um arrepio inquietante percorre meu corpo ao perceber a presença de algo ou alguém entre as sombras da floresta. Busco o olhar de Hon e encontro seus olhos já fixos em mim. Minhas bochechas coram na mesma intensidade do seu olhar.

- Hon?

- Oi?

- Será que podemos voltar?

- Você não gostou?

- Não, não é isso. É só que... - Faço uma pausa, olhando ao redor enquanto me abraço. - Estou com medo.
- Tudo bem, gatinha - diz, retirando seu agasalho e o colocando sobre meus ombros. - Vamos.

A proximidade do seu corpo ao caminharmos de volta me deixa tensa. Não é que eu não goste de Hon, pelo contrário, ele é lindo, alto, exatamente do meu tipo, e o beijo foi incrível. Mas, mesmo assim, sinto uma sensação desconfortável no peito, como se estivesse fazendo algo errado, traindo... não sei ao certo.
...

Chegando à praia, corro em direção a Mari, que está sentada na areia, entre as pernas do rapaz com quem flertou mais cedo. Ele a abraça, mantendo-a aquecida enquanto observam as chamas dançando e um dos garotos dedilha um violão. Sento-me ao lado dela, ainda corada.

- Onde você estava?

- Hum... em volta...

- Comigo - diz o rapaz, sentando-se ao meu lado e me abraçando com um de seus braços.

- Adoreeeeeeeei - pisca para mim enquanto saboreia alguns palitinhos de chocolate, voltando sua atenção para o grupo à nossa frente.

Por alguns minutos, tento me envolver na atmosfera e aproveitar, mas algo continua martelando em meu peito. Algo ainda me incomoda. Então, chamo Mari novamente:
- Mari?

- Oiiiiiii, Alice.

- Onde estão os meninos?

- Acho que os vi indo embora. Joon estava insuportável. Tentei chamá-lo para se juntar a nós, mas levei patadas, então decidi ignorar aquele idiota. E JungKook estava com uma expressão bem carrancuda quando os vi saindo por ali - aponta para a orla.

Passamos mais algumas horas naquela atmosfera encantadora. O som cativante das ondas quebrando e a luz das estrelas formavam a trilha sonora perfeita para nossas conversas. Trocamos histórias, risos e até soltamos algumas notas de músicas ao vento.

Decidimos então voltar para casa, seguindo o caminho sem a companhia dos rapazes. Nossos passos ressoavam na areia da praia quase deserta enquanto nos dirigíamos à nossa morada. A brisa noturna acariciava suavemente nossos rostos, uma presença suave e reconfortante durante nossa jornada de volta.

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