Além do Estrelato

Capítulo 28

E enfim o trabalho voltou a ser meu combustível, mas não como antes, estava diferente, o raio de sol batia contra a janela da minha sala, meu corpo torcia para que ele pudesse ter a força de esquentar algo, mas o inverno estava no seu auge, as gotas de orvalho congelavam no mesmo momento em que se formavam, e mesmo um mero raio, não era o suficiente para esquentar. Com a frente mais fria do ano, as obras e os novos projetos diminuíram, afinal, as pessoas evitavam sair de casa, assim como eu não permitiria, que meus funcionários se colocassem em risco trabalhando expostos ao tempo. Então junto com os diretores, decidimos reduzir a jornada de trabalho de todos e indiretamente, acabamos reduzindo as nossas.

Não tinha muito o que fazer, mas ainda havia um monte de papeladas para reorganizar. Enquanto eu dançava com a caneta em meus dedos, meu celular apitou.

JK: Acho que o dia está lindo para um passeio.

EU: Como assim?

JK: Olhe pela Janela.

Lá embaixo, na calçada olhando fixamente para minha sala, estava a pequena imagem de um homem. Sua cabeça estava coberta pelo capuz de seu moletom preto, e seu corpo coberto por um sobretudo do mesmo tom, a máscara cobria seu rosto, e a aba de um boné era visível, mesmo que de longe.

- Ah Jeon, o que está aprontando? - Perguntei a mim mesma.

Peguei meu casaco que estava sobre o sofá, vestindo minhas botas em seguida, e correndo com minha bolsa em direção ao elevador, não tive tempo nem de arrumar minha mesa. Isso não era um problema para mim, não quando não tinha funcionários para ver o quanto a chefe deles era bagunceira. A não ser por Da-Won, mas estava tudo bem, eu era a chefe, mas era ela quem sempre me cobria das minhas bobagens.

Enquanto a musiquinha do elevador tocava, minha perna batia freneticamente contra o chão, buscando alívio da ansiedade. Fazia 3 semanas que não via JungKook, e isso já era o máximo que conseguia aguentar agora que o tinha. Quando finalmente alcancei o térreo e as portas se abriram, caminhei rapidamente para fora, passando diretamente pela porta giratória, sem prestar atenção em mais ninguém a minha volta, somente naquela figura masculina, parada encostada em seu carro, me esperando.

Nunca pensei que sentiria, mas o ver, mesmo que só seus olhos, à minha espera, acelerou meu coração em mil vezes. Me senti em um dorama, onde eu era a garota pobre e ele o CEO arrogante com um passado traumático, no qual só precisava de um amor para enfim descobrir a felicidade.

- Alice? - desencostou do carro caminhando em minha direção. E só então percebi que estava parada, imóvel o olhando (talvez admirando).

- O..oi Kookie! - Sorri envergonhada, tentando disfarçar minhas bochechas rosadas pelo calor, que me consumiu.
Suas mãos tocaram meu rosto, e o frio delas, fez com que eu me arrepiasse, de repente o cachecol que protegia seu pescoço, foi colocado sobre o meu e enrolado, montando um ninho reconfortante ao meu redor.

- Obrigada! - Balbucionei, parecendo uma garota apaixonada. Era impressionante como a partir de agora, eu tinha deixado minha idade de lado e regredido pelo menos uns dez anos.

- De nada - Ele acariciou minha cabeça, colocando-se ao meu lado, pegando minhas mãos e me guiando até o carro. Mas o frio novamente me consumiu quando o nosso toque foi desfeito ao ele abrir a porta para que eu entrasse e me conduzisse lá dentro.

Meus olhos o seguiram quando ele deu a volta pelo veículo até o lado do motorista. A rua estava pouco movimentada, então a atenção sobre a gente não existia. Mas eu me punia por dentro por querer toda a atenção, eu queria compartilhar com o mundo, como esse homem era lindo e como o vento que batia contra seu corpo o fazia parecer incrível.

...

Já fazia quase meia hora em que estávamos pela estrada e o caminho não me era estranho, havíamos conversado um pouco, mas o silencio entre nós tambem era confortável, o rádio tocava Black Swan, então não havia necessidade de fala, quando sua voz saia baixinho, acompanhando a musica.

- Então - Disse chamando minha atenção - Eu senti saudades. - Meu coração quase pulou para fora do peito.

- Eu tambem senti - respondi, sem disfarçar o quanto isso era verdade.
Seus olhinhos de jabuticaba se tornaram pequenos quando um sorrisou despontou em seu rosto, e suas mãos se encontraram com a minha, me trazendo mais uma vez seu calor.

- Para onde vamos? - Perguntei, era inevitável não perguntar quando se é ansiosa.

- É surpresa - Respondeu enquanto beijava a costa de minha mão.

Seguimos por mais alguns minutos, com sua voz ao flutuando como ondas pelo carro, enquanto cada vez mais se animava com as músicas. Dava para ver, esse era o prazer da vida dele. Cantar.

O carro então se aproximou de um lugar que eu conhecia bem, um lugar que eu já havia vindo, e quando por fim ele o estacionou na garagem. Permanecia quieta o olhando.

- Chegamos - Me olhou com expectativa.

- Por que estamos aqui? - Perguntei assustada.

- Gostaria que conheça...

- Sua mãe? Agora? Assim? Não estou nem vestida. Santo Deus Jungkook, por que não me avisou? Por que não me preparou? - Me desembestei em falar.

- Aisshh! - falou colocando as mãos sobre meus ombros enquanto me acalmava - Calma, gostaria que conheça a casa, agora que está finalmente pronta, gostaria que nos conhecêssemos um pouco mais, droga, eu gostaria de te conhecer um pouco mais.

- Mas e sua mãe?

- Ela não está, não tem ninguem ainda aqui. Somos somente nós, e toda a noite pela frente.

O ar soltou de meus pulmões ao saber que seriamos só nós.

"PERA, SÓ NÓS? SOZINHOS? PELA NOITE TODA?"

- Queeee? Pela noite toda? - Falei esganiçada.

- Sim - Um sorriso manchou os cantos de seus lábios - Pela noite toda.

- Jesus...

- Oque foi Alice, não gosta da ideia? - Sua voz era debochada.

- Não é isso, essa é... é a primeira vez que vamos ficar realmente sozinhos depois de que... depois de que nos envolvemos. - Gaguejava mais que a gaga do SBT.

- E eu vou adorar dar esse primeiro passo com você - seus dedos delicados envolveram uma mecha do meu cabelo os colocando para trás da minha orelha - Então vamos. Vamos conhecer o novo lar da minha família, o lugar que ajudou a nos juntar e que trouxe você para mim.