Borboletas.

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— Pai? - minha voz sai fraca e baixa, o homem não me ouve e eu agradeço por isso.

Saio da loja sem pegar nada e sem ele me ver, pego a minha bicicleta e vou para a praça perto de casa.

Durante o caminho penso sobre tudo. O que está acontecendo?

Ouço uma buzina e um xingamento. Eu quase fui atropelada e nem percebi. Gritei um "desculpa" e decidi me sentar um pouco em um banco próximo dali. Suspirei e passei minhas mãos pelo meu cabelo.

Aquele merda não devia estar preso? Ele pegou 10 anos de prisão. Ele teria mais dois anos lá, não faz sentido ele estar solto.

— Bryanna? — ouço uma voz famíliar dizer atrás de mim e logo me viro para o ver.

— Oi Robin. — Me viro para frente e o garoto senta do meu lado.

— Está cabisbaixa, o que rolou?

— Eu acabei de ver meu pai.

— Não deveria ficar feliz? Eu ficaria assustado se visse o meu. — deu risada mesmo sendo algo triste.

— Sinto muito pelo seu pai. Mas não eu não deveria ficar feliz, aquele homem fez a minha vida um inferno por anos, não é porque de passou muito tempo que vou perdoa-lo fácil assim. — cruzo os braços.

— Tenta conversar com ele, vai ver ele mudou e quer ser um pai melhor agora. Você pode se arrepender no futuro. — desde quando o Robin se formou em psicologia e ficou sério e sábio assim?

— Tenho certeza que não mudou, ele já disse várias vezes que ia mudar e adivinha? Na noite seguinte ele sempre voltava mais bêbado ainda e batia mais ainda em mim e minha mãe. Não acho que ele mudou, nem dou esperanças mais.

— Sinto muito, eu não fazia idéia disso. Você e a tia Joyce sofreram bastante né?

— É, sofremos sim. Mas estamos bem agora, ou pelo menos estávamos até esse cara chegar e trazer seu mini projeto de capeta. — reviro os olhos e Robin riu. Me levando arrumando a roupa, o garoto faz o mesmo.

— A Harper tá na sua casa? Queria ir lá ver minha vó. Mas fica insuportável com aquela menina lá.

— Sua vó? Desde quando? — cruzo os braços e arqueio uma sobrancelha.

— Quem divide multiplica mi amiga, mi abuela, tu abuela, nuestra abuela! O que acha?

— Não me agrada.

— Que bom que te agradar nunca foi a intenção. — Sorri com sarcasmo. — Mas você não respondeu, a carente tá lá?

— Não, eu acho. A última vez que a vi foi saindo da casa do Vance. — abaixo um pouco a cabeça falando mais baixo.

— O QUE?! — O moreno grita, como um pedaço de gente pode ser tão escandaloso assim?

— Para de gritar Arellano!

— Aquela loira cretina tá me tirando do sério.

— A Harper? — pergunto confusa.

— Também, mas estava falando do seu namorado.

— O Vance?

— Tem outro? É sempre bom ter um reserva, gostei.

— Claro que não, mas ele não é bem meu namorado. — Estrala os dedos e aponta para mim piscando de um olho.

— Só porque ele não te pediu, cala a boca e aceita que vocês namoram, pedido é só uma cerimônia de oficialização pública. Nada de mais.

— Quando ficou tão inteligente? Você não era assim.

𝑶𝒑𝒑𝒐𝒔𝒊𝒕𝒆𝒔 - Vance Hopper Onde histórias criam vida. Descubra agora