PRIMEIRA LEMBRANÇA

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 03/O6/2016, sexta-feira, Bahia, Munícipio de Alboçar

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 03/O6/2016, sexta-feira, Bahia, Munícipio de Alboçar

Antes que se percam...

Este foi meu primeiro sentimento quando levei meu corpo até a papelaria e comprar um diário. Suas bordas eram coloridas, havia um elástico cor de rosa para o deixar lacrado, e as páginas eram impossíveis de serem vista, por estar revestido por um plástico. Era bonito. Meu propósito era preenchê-lo com memórias dele. Memórias preciosas que ainda fazem lágrimas rolarem por meu rosto.

Porém, eu tinha que ser forte e seguir com meu objetivo inicial, sem fraquejar.

Eu precisava deixar de ser frangote, e fazer o que eu desejava sem medo.

Deixar de colocar um monte de merda de desculpa em tudo o eu tentava fazer.

Nada me impediria. Nem mesmo minha mãe que está sempre preocupada com o que eu estou fazendo ou meu pai que acredita que estou me arruinando, e principalmente ele. Meu irmão. Que sempre quer meter a droga do nariz em minhas escolhas.

Caminhando sobre o chão de terra, com minhas mãos afundadas nos bolsos do meu casaco, eu pude avistar de longe uma silhueta masculina. Apertei os olhos com força por um segundo, disfrutando do pouco de paz que me restava, porque se fosse quem eu tinha certeza de que era, a calma iria por terra abaixo.

Abri meus olhos, vislumbrando seus cabelos negros destacados no meio da luz alaranjada do pôr do sol. Tanto quanto sua expressão de mal-humorada. Ele usava uma blusa branca folgada e uma calça jeans escura. Ele vinha na minha direção, tentando disfarçar o quanto estava incomodado em me ver ali.

Eu que deveria estar brava com ele. Ele que estava me seguindo como um stalker, acreditando que estava tudo bem seguir sua irmã para cima e para baixo, por causa dos olhares involuntários dos homens.

Continuei andando, enquanto ele andava na mesma direção. Mantive minha cara fechada, e tentei ignorar seu corpo tentando bloquear meu caminho, quando ele chegou próximo o suficiente de mim. Movi meu corpo de um lado para o outro, evitando alguns de seus interrogatórios desnecessários, que sempre me irritavam.

Nada de responder ou bater no seu irmão. Tudo isso porque eu tinha que ser uma boa garota.

— Ana — chamou, tentando parar o jogo de pés que estávamos fazendo.

Suspirei, desistindo de tentar escapar de suas atitudes superprotetoras. Ele havia ficado dessa forma desde que Ron morreu, dizendo que era seu dever me vigiar agora que meu melhor amigo havia partido. Antes que eu reclamasse, permaneci com os olhos focados nos meus pés, não encarando seus olhos castanhos escuros. Provavelmente, enfurecidos por eu não ter avisado para mamãe onde eu estava.

— Quero ir para casa — iniciei, com uma leve brisa soprando —, não vai ser possível com você no meu caminho.

Ouvi ele expirar alto, e observei seus pés saindo da frente e ele caminhar ao meu lado.

ANTES QUE SE PERCAM...[CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora