SÉTIMA LEMBRANÇA

58 15 110
                                    

17/O6/2016, 20:00, sexta-feira, Bahia, Munícipio de Alboçar

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

17/O6/2016, 20:00, sexta-feira, Bahia, Munícipio de Alboçar

Minha mão travou quando o barulho da porta da sala reverberou pela casa. Com o impacto até mesmo minha janela tremeu. Era um sinal de que nossa mãe estava furiosa, e teríamos uma longa confusão. Temi ela colocar a culpa em mim, por ser fraca e inútil. Por não ser capaz de não terminar o que comecei.

— Eu não criei filho meu para virar galo de briga. — Ela se queixou, com os passos duros chegando aos meus ouvidos, com a porta ainda servindo de barreira.

Eu não gostava de brigas. Quase sempre aconteciam por minha causa; se Felipe fez algo ruim foi devido as minhas ações, e pensar naquilo estava me corroendo.

— Felipe, você acha bonito isso? — Nenhuma resposta foi dita. — Me responde, Felipe! — exigiu, levantando a voz. Todos podiam ouvir e ela não estava se importando, só queria dar lição de moral no meu irmão.

Em nenhum momento escutei a voz de Felipe ou do meu pai, e foi quando eu me preparei mentalmente para encarar minha mãe. Abasteci meus pulmões, controlando o tremor dos meus joelhos. Maldita ansiedade que consumia meus dias. Fechei os olhos por um segundo, tentando manter uma cara de pôquer.

Saí do meu quarto, encontrando meu irmão jogado no sofá, olhando fixamente para minha mãe, enquanto ela estava com a testa franzida. Felipe se mantinha imóvel, confessando com a calma e os ombros relaxados que ele não se arrependia. Olhei para o canto, e meu pai estava em pé, mantendo o equilíbrio na situação, fiando calado para não piorar as coisas.

O maior sobrevivente da casa, e eu, a pior com toda a certeza.

Eu sabia como responder, e odiava ficar calada quando meu irmão estiver sendo injustiçado. Ele não merecia as broncas — mesmo em que alguns casos ele pedia por umas boas palmadas —, ele fazia muitas coisas erradas, e eu tinha consciência que ele não iria mudar por simples palavras.

— Mãe. — Seu olhar correu rápido na minha direção, com os lábios cerrados, e o superior levemente arqueado. Segurei um suspiro, e um medo terrível de falar algo errado. Eu não tinha mais tanta confiança em mim. — Isso foi culpa minha. Eu desafiei o garoto primeiro.

Tentei buscar reforço em Felipe, porém, ele não queria contato visual. Era como se estivesse se condenando pela atitude de mais cedo. O que era desnecessário. Felipe era um irmão como muitos que existiam por aí, fanático em me proteger, desejando me ter só para ele, devido a várias situações que poderia me tirar dele.

Eu era sua preciosa estátua de cristal. Ele gostava de me polir em momentos específicos, me expondo, e em outros, queria me cobrir com um pano escuro, para que ninguém pudesse me alcançar. Apenas ele.

A situação de sombras piorou quando Ron morreu. Fiquei distante, desnorteada, como se a morte de Ron fosse meu round final, e Felipe sentiu-se na necessidade de cuidar de longe. Que tudo poderia me afetar.

ANTES QUE SE PERCAM...[CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora