six .

140 15 30
                                    

No dia seguinte, ao entrar na universidade, Changbin sentiu uma mistura de excitação e ansiedade. Ele sabia que as coisas entre ele e Jeongin haviam mudado, mas o que isso significava para o futuro ainda era incerto. As aulas, os corredores movimentados da universidade e os rostos familiares proporcionavam uma sensação de normalidade, mas algo estava diferente.

Naquele dia, Jeongin parecia um pouco distante durante as aulas. Changbin notou os olhares perdidos e os sorrisos pensativos que escapavam de seu amigo de vez em quando. Curioso, ele abordou Jeongin entre as aulas:

— Algum pensamento profundo ocupando sua mente hoje?

Jeongin riu nervosamente. — Acho que sim. Ontem à noite foi... incrível.

Changbin concordou com um sorriso. — Sim, foi.

A atmosfera entre eles estava carregada de uma eletricidade sutil. Não eram mais apenas amigos, mas ainda não tinham certeza do que esse novo capítulo significava. Em uma tarde ensolarada, Changbin e Jeongin decidiram passar o tempo na biblioteca. Entre prateleiras de livros e sussurros abafados, encontraram um canto tranquilo para conversar. Changbin quebrou o silêncio:

— Sobre ontem à noite... isso mudou alguma coisa entre nós?

Jeongin olhou para Changbin, seus olhos revelando um misto de emoções. — Mudou, não é? Eu não consigo parar de pensar nisso.

Changbin assentiu, sentindo o peso daquelas palavras. — Eu também não.

A conversa continuou, mergulhando nos sentimentos confusos que ambos experimentavam. Eles concordaram em explorar esse novo território devagar, sem pressa. Ao entardecer, Changbin acompanhou Jeongin até sua porta. Antes de se despedirem, Changbin sentiu a necessidade de esclarecer:

— Jeongin, seja lá o que estiver acontecendo entre nós, eu valorizo muito nossa... amizade. Se você quiser dar um passo atrás, eu entendo.

Jeongin sorriu, tocando suavemente o rosto de Changbin. — Eu não quero dar um passo atrás. Quero descobrir o que está acontecendo entre nós.

Esses momentos foram suficientes para dissipar qualquer incerteza.

— Vamos... continuar o que estamos fazendo. Sem rótulos. — Jeongin sugeriu com um sorriso.

Changbin riu, relaxando um pouco. — Eu gosto disso.

Jeongin concordou com a cabeça e sorriu.

— Eu tenho que ir.

— Tem mesmo?

— Bem... talvez não.

— Sério?!

— Não, tenho que ir. — Jeongin disse, dando um tapa brincalhão em Changbin, que riu.

Na manhã seguinte, Jeongin acordou lembrando de tudo o que havia acontecido nos últimos dias. Foram como um sonho. Ele sentia que havia encontrado alguém que realmente o amava, alguém que sentia algo com a mesma intensidade que ele. Talvez até mais. Jeongin nunca foi de se abrir para ninguém além de seus amigos mais próximos, e por isso, ninguém nunca se interessou nele desse jeito. Era incrível que ele tivesse encontrado alguém que o amasse, que tivesse orgulho dele.

Enquanto se arrumava para a faculdade, Jeongin se sentia leve, quase flutuando. Ao chegar, ele encontrou Seungmin esperando por ele na entrada.

— E aí, amigo.

Seungmin acenou com a cabeça, um olhar sombrio em seu rosto.

— Que foi, hein? Que cara é essa?

— O Chan...

Quando Seungmin mencionou aquele nome, Jeongin já sabia do que se tratava. Ele se aproximou e abraçou Seungmin, que estava se segurando para não chorar.

— Seungmin...

— Eu acho que não falei sério quando disse que não levava ficante a sério... Levo até olhante a sério, imagina ele! — Seungmin disse, a voz quase falhando — Nunca, nunca chorei por homem, nunca chorei por uma relação amorosa. O que aquele cara fez com a minha vida?

Jeongin tentou manter o tom leve, embora seu coração doesse pelo amigo.

— Então, se você não me contar o que aconteceu, eu meio que não vou adivinhar, sabe? Eu não sou vidente nem nada. — Ele disse, tentando animar Seungmin.

Seungmin riu um pouco, limpando uma lágrima que ameaçava escapar.

— Acho que ele não gosta mais de mim. Toda vez que eu chamo ele pra lá pra casa, ele tá com uma história de que tá na casa daquela japinha que faz faculdade de artes, uma tal de Sana, Santa, Xana, sei lá.

— Ah, Sana? A Nayeon me apresentou pra ela. Ela é uma fofa.

— Exatamente! Ela é uma fofa, ela é bonita, ela é legal, inteligente... O Chan com certeza prefere ela!

— Acho que ele não trocaria um relacionamento de quase 9 meses por uma garota, Minnie...

Jeongin se sentia um pouco perdido, sem saber como aconselhar Seungmin em algo que ele mesmo nunca havia experimentado. Ele passou um tempo ouvindo o amigo, oferecendo apoio, até que teve que ir para a aula.

Na sala de aula, Jeongin se sentou no seu lugar habitual, na frente e na fileira do meio, para que ninguém prejudicasse sua concentração.

Depois da aula, Jeongin foi comprar uma água na cantina, já que havia esquecido sua garrafa.

— Moça, vou querer uma água, por favor. — Ele disse à atendente.

A cantina estava cheia de opções — água, suco, refrigerante, energético... e chocolate quente.

— E um chocolate quente, por favor. — Jeongin disse, hesitante.

Ele guardou a água na mochila e se dirigiu ao jardim da faculdade, onde encontrou Changbin.

— Eu comprei... pensando em você... Quer? — Jeongin disse, oferecendo o copo ao mais velho.

Changbin sorriu. — Nem um bom dia antes? — Eles riram. — Você me conhece tão bem.

Jeongin se sentou ao lado de Changbin, mantendo uma distância respeitosa.

— Acha que seríamos almas gêmeas em todos os universos? — Jeongin perguntou, olhando para o céu.

Changbin, que estava bebendo o chocolate quente, quase engasgou com a pergunta repentina e acabou cuspindo um pouco do chocolate na roupa de Jeongin.

— Nunca mais vou usar roupas claras quando eu estiver com você... — Jeongin brincou, limpando-se com um sorriso.

— Claro, mas... q-que pergunta foi essa?

— Nada, só saiu sem querer. — Jeongin disse calmamente, ainda tirando a mancha de sua roupa.

— Como você pode estar tão calmo...

— Eu não tô calmo... Como eu estaria calmo com a pessoa que eu gosto do meu lado?

Changbin se engasgou de novo, e mais chocolate escapou de seus lábios.

— Que merda, tá com a boca furada? Às vezes acho que você tem algo contra mim, sou sempre seu alvo. — Jeongin disse na brincadeira.

— D-desculpa, mas você tá parecendo uma máquina hoje, fala uma coisa atrás da outra e não dá nem tempo pra eu raciocinar!

— Eu só disse que gosto de você... Você sabe disso, por que o choque? — Jeongin riu.

— Nunca ouvi isso sair da sua boca...

Jeongin se aproximou de Changbin, apoiando uma mão na sua coxa, e sussurrou no ouvido do mais velho:

— Se me levar pra cama, vou te mostrar o que mais pode sair da minha boca. Talvez você goste.

Changbin se segurou para não ser escandaloso. Ele mordeu os lábios e olhou para Jeongin. Quando percebeu o olhar, Jeongin deu um beijo suave na bochecha de Changbin e voltou para o prédio da faculdade, deixando Changbin no jardim, processando tudo o que havia acontecido, sozinho com as árvores, o vento, e seu chocolate quente.


Chocolate Quente- JeongbinOnde histórias criam vida. Descubra agora