🥀|ℭ𝔞𝔭𝔦𝔱𝔲𝔩𝔬 𝔡𝔬𝔦𝔰|🥀

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-𝔐arie - chama uma voz severa batendo no tampo da carteira onde estou sentada. Sobressalto na cadeira, distraída. Não sei quantas vezes ela tentou. Sinto os olhares dos meus colegas em mim e as minhas bochechas queimam de vergonha - O que acabei de ensinar? Repita para mim, senhorita Brandon.
Coloco as mãos no colo, suando de nervosismo.  Respiro fundo, tentando me acalmar. O silêncio é constrangedor. Não quero que a senhora hale perca a paciência comigo.
-Eu... não escutei o que a senhora ensinou por estar distraída. Sinto muito- digo engolindo em seco. Fico em pé, olhando seus olhos escuros assustadores. Junto as mãos atrás das costas e abaixo os olhos, arrependida.
-estenda a mão, senhorita Brandon - ela segura a régua na mão direita, aguardando a minha obediência.
Olho para o objeto que usa como disciplina com relutância, engolindo em seco.
-não tenho o dia todo - ela diz sem paciência puxando o meu braço esquerdo e estendendo a minha mão a frente dos seus olhos. Ela segura o meu pulso firme, batendo a régua na palma da minha mão cinco vezes, com força. Sinto uma dor aguda que se espalha pelos meus dedos.
Ouço os meus colegas murmurarem, alguns com pena e outros com escárnio. Ela me olha com severidade, enquanto eu tento conter as lágrimas.- vocês precisam de disciplina na escola,quero todos prestando atenção nas minhas aulas quando eu estiver na frente da lousa e não ficarem em seus mundos cor-de-rosa - ela solta o meu pulso  indo para frente da classe - Marie, vá para o canto da parede pensar nos seus atos, por favor. Não cometa os mesmos erros.
Respiro fundo, sentindo a ardência na palma da mão. Caminho até o canto da parede, de costas para a classe. Massageio a minha mão com os dedos até a dor sumir. A professora volta ao assunto da aula. Tento prestar atenção.

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-Marie, porque você estava distante na aula? - Hanna me alcança na porta da sala no intervalo. - Aconteceu algo com seus pais ou com a Cynthia? - Ela segura meu braço preocupada.
-Não- paro de andar e me viro para ela. Olho em seus olhos, decidindo se conto a verdade. Respiro fundo e opto por sim. Nunca escondi nada da minha melhor amiga. Hoje não seria diferente -Vamos conversar num lugar mais reservado. Nossos colegas, podem ouvir e fofocar - Olho em volta, saindo da sala com ela. Noto vários deles olhando para nós, curiosos e rindo. Caminho pelo jardim do colégio me preparando para contar a ela. Escuto seus passos ao meu lado, em silêncio. Arrumo a minha saia de prega cinza e sento no banco vazio entre as árvores. - eu tive uma premonição  de uma moça que está em perigo. Preciso encontrar-lá e avisar-la antes que seja tarde - Olho para ela com atenção.
Hanna senta ao lado franzindo a testa.
Respira fundo e pega as minhas mãos- já conversamos sobre esse assunto, Marie premonição não existe, não tem lógica e provas para comprovar- puxo a minha mão e cruzo os braços na altura dos seios. Olho para ela magoada- Quando eramos crianças, eu achava legal que você tenha essa imaginação peculiar. Estamos quase adultas. Precisa parar com isso antes que se machuque.
-Eu senti um arrepio na minha espinha, Hanna -perco a paciência, ficando em pé num pulo. Ando para os lados buscando a calma que tinha até agora - Eu preciso ajudar a moça, preciso de você para encontrar-la.
-Marie, calma- ela segura meu braço, tentando me fazer sentar ao seu lado. Seus olhos demonstram preocupação e tristeza - essa moça só existe na sua imaginação, amiga. você deveria procurar um médico para ajudar-la.
-Ela é real, Hanna - minha voz falha sinto um aperto no coração por ela não acreditar em mim - Como minha melhor amiga, você deveria me apoiar e ajudar. Mas é tão cética e inflexível, talvez não me conheça como eu pensava-Sinto meus olhos enchendo de lágrimas em cada palavra que pronuncio, encarando os dela. Sinto a sua dor. Mas ignoro, levanto do banco e corro pelo caminho de volta, deixando a para trás.
-Marie, estou preocupada com você, tenta entender- ela me alcança, segurando meu braço- eu te amo, você é minha melhor amiga.
-Quero ficar sozinha, me solta Hanna - tiro meu braço da sua mão, voltando a correr. Olhos curiosos e cochichos me seguem quando passo pelo pátio. Ando pelo corredor vazios da salas, respirando fundo. Entro no banheiro e numa cabine. Tranco a porta, sentando em cima do tempo da privada. Apoio o pé nela, abraçando-os. Liberto as lágrimas que segurei até chegar ali

𝕻𝖔𝖗 𝖉𝖔 𝖘𝖔𝖑Onde histórias criam vida. Descubra agora