🥀|ℭ𝔞𝔭𝔦𝔱𝔲𝔩𝔬 𝔱𝔯𝔢𝔰 |🥀

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ℜespiro fundo e sinto o calor da coragem percorrer em meu corpo, avanço entre os casais que dançam em direção ao palco sem tirar os olhos da cantora. Esbarrei em uma moça e peço desculpas sem olhar-lá. Não ouço a resposta, pois continuo em frente.
De repente, alguém segura meu braço e me impede de prosseguir. Acho que é o parceiro de dança da moça que atrapalhei. Viro para me desculpar de novo, mas fico surpreendida ao ver um par de olhos azuis fitando a minha reação com atenção. Ele abre um sorriso de lado e trás mil lembranças da nossa infância.
-Marie? -Chama me tirando do transe. - O que você está fazendo aqui sozinha - ele franze a testa.
-Marie,quem é ele? -Hanna me pergunta  segurando um copo de coquetel. Ela faz uma careta engraçada ao sentir o álcool queimar em sua garganta e me olha com curiosidade.
Olho para os dois, sem saber o que dizer. Ele ainda segura meu braço.
-Você não me reconheceu,Hanninha? - ele diz fingindo estar magoado. Ele pegou o copo da Hanna e bebe o resto num gole só. Sorriu de lado e nos encara com seus olhos azuis - Fiquei chateado por ter me esquecido tão rápido Hanninha. Só a Marie se lembrou de mim, a expressão dela não mentiu.
-Nicholas, agora não é hora para isso- Tento me soltar dele. Fico nas pontas do pé e olho por cima do seu ombro. No palco, outra cantora começou a cantar. Ela tem cabelo preso numa trança lateral e veste uma camisa vermelha e saia branca. Seus olhos varrem o salão, como se procurassem alguém. Sinto um aperto e volta a olhar para Nicholas. - O que está fazendo em Biloxi? Não deveria estar em Londres?
-Porque está bravinha, Magrela? -ele ri me chamando pelo apelido de infância e reviro os olhos - Meus pais voltaram para Biloxi por causa dos negócios, resolvi acompanhar-los e estou aqui - ele abre os braços.
-Marie lembra da sua missão? - Hanna me lembra, colocando o copo numa bandeja. O garçom a olhar bravo, mas ela sorri sem graça- Não perca tempo discutindo com o Nick, isso a fez perder a cantora de vista - eu olho para ele irritada, querendo bater nele.
-Porque segurou meu braço para conversarmos, não podia ter esperado um pouco para falar comigo? - Reviro os olhos cruzando os braços na altura dos seios -Obrigada Nicholas Castarelli.
-Você ainda brinca de premonições? - ele provoca, sorrindo de lado- Achei que tinha parado com esse tipo de brincadeira, Marie Alice Brandon.
-Olha seu... -Perco a paciência e tento avançar nele, mas Hanna me segura - A vida das pessoas não é brincadeira, preciso ajudar-la - Ele continua sorrindo, como se achasse divertido - Se eu descobrir que aconteceu algo com ela, vou culpar você por ter me parado para conversar.
-Não me culpe, eu não sabia que está aqui para salvar uma futura vítima- ele faz aspas com os dedos e cruza os braços -Fiquei surpreso em ver-la aqui sozinha nesse lugar.
-Não estou sozinha, a Hanna veio comigo - digo me soltando e olha para mim preocupada- Não vou continuar discutindo com você, vou atrás da cantora para avisar-la do perigo.
-Que perigo? - ele provoca-A bruxa da Branca de Neve vai levar a cantora para o castelo, porque ela canta melhor e tem inveja?
-Hanna vou dar uns tapas nesse garoto para ele, parar de provocar - digo irritada.
-Para de brigar, vocês dois -Hanna intervém ficando no meio de nós dois -Vamos focar na sua missão, Marie.
-Marie, você não sabe o que esta fazendo - Ele passa pela Hanna e segura meu braço sem me machucar - Não sabe o que pode acontecer com você ou a cantora se envolver nisso, mas como a conheço, não irá me dar ouvidos, então vou tentar ajudar.
-Não irei ouvir-lo mesmo, preciso avisar-la -Digo me soltando dele- Não atrapalha a minha missão.
-Vou encontrar-la para você, antes que a bruxa má a leva -anda de costas sorrindo de lado, Ascendendo um cigarro. Pisca o olho para mim e solta uma baforada.
Reviro os olhos e viro as costas para ele. Puxo a Hanna pelo braço e vamos para o lado oposto dele.
Procurarmos a cantora pelo lar, perguntando onde ela está depois de sair do palco. Ninguém sabia ou está bêbado demais para responder. Eu senti uma aflição crescer em mim. Eu estou preocupada com ela. Quando demoramos para achar-la, mais perto do perigo ela está.
-Vamos encontrar-lá, Marie - Minha amiga diz me olhando com confiança apertando minha mão. -Quem sabe Nicholas aparece com uma boa notícia.
A menção do nome me deixa ansiosa e esperançosa. Coloco o dedo na boca, mordendo a unha, enquanto fico nas pontas dos pés para tentar encontrar-lo. Meus olhos varrem a procura da sua figura alta e ombros largos.
As pessoas abrem espaço no salão como uma bomba fosse jogada neles, finalmente o encontro. Ele esta conversando com um homem de terno preto e chapeu. Parece que esta perguntando algo, e o homem aponta para uma porta atrás de si. Castarelli aperta a mão do Senhor para se despedir. Como sentisse que alguém o observa. Seus olhos encontram os meus, faz um sinal com a mão indicando que o seguisse. Será que ele encontrou a cantora ou é uma brincadeira dele?
-De jeito nenhum -Balanço a cabeça e cruzo os  braços nas altura dos seios.
Ele revira os olhos e se aproxima de mim. Segura meu corpo e me coloca em seu ombro. Caminha para o fundo do bar.
-Hanna, me ajuda - grito, socando as costas dele. Mas minha amiga sumiu -Socorro! - Olho para o salão, procurando por Hanna ou alguém que poderia me ajudar. Mas as pessoas estão ocupadas, me ignorando. Algumas acham que é brincadeira de casal e riem.
Bato meus pés nas costelas dele, tentando descer.
-Se acalma, Magrela - diz ele abrindo uma porta. -Precisa estar pronta para conhecer a estrela da noite - ironiza, segurando as minhas pernas.

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Nicholas me coloca em pé no chão, finalmente. Olho em volta encontrando a cantora sentada á penteadeira tirando as joias. Ela olha para nós através do espelho assustada.
-Quem são vocês? O que querem de mim? - ela pergunta com a voz tremula pegando um enfeite de cabelo pontudo para se defender.
-Não se preocupe loira, nós não vamos te machucar - Nicholas solta uma baforada -Minha amiga quer conversar com você.
-Olá senhora-digo, olhando seria para Nicholas. Abano a mão para tirar a fumaça do meu rosto tossindo e me aproximo da cantora. -Eu preciso falar com você sobre um assunto delicado.
Castarelli joga o cigarro no chão e pisa para apagar-lo. Reviro os olhos.
-Vocês dois querem se casar? - Ela sorri, largando o enfeite em cima da penteadeira e aperta a minha bochecha - Posso testemunhar o casamento, quando vai ser? Adoro casamentos.
-A senhora entendeu errado - Digo olhando  para o Nicholas que cruza os braços com um sorriso nos labios se divertindo, o fuzilo o fitando- Eu quero avisar-la que algo irá acontecer com você, toma cuidado.
-Algo vai acontecer comigo? - Ela pergunta, franzindo a testa- O que você é? Vidente ou algo assim?
-Sim - Respondo, olhando em seus olhos - Eu tenho o dom de ver o que esta por vim desde pequena. O que está por vir não vai ser nada bom.
-Ah que bobagem -ela responde rindo nervosamente - você deve estar brincando comigo, querendo me assustar. Eu não acredito nessas  coisas.
-Você deveria acreditar- insisto segurando a mão da cantora - está em perigo.
-O que vai acontecer? - pergunta a cantora curiosa mais ainda cética.
-Eu a vi de olhos tristes e profundos- Digo com a voz grave - O que vai acontecer é um mistério para mim.
-Você está inventando isso tudo, só para me impressionada -Retruca a cantora soltando a minha mão.
-Não estou inventando - afirmo com convicção - Eh senti até um arrepio na minha espinha e tinha que vir alerta-la.
-Isso é ridículo- a cantora levanta da cadeira e vai até a porta - Você é louca, uma charlatã e mentirosa. Eu não vou ouvir mais nada do que falar. Adeus Marie, não me procure mais - ela abre a porta - por favor saem ou vou chamar os seguranças.
-Vem Marie-Nicholas pega na minha mão, abraça de lado falando palavras doces para mim para me acalmar enquanto sairmos as presas do camarim e do bar.
-Onde vocês dois estavam? -Hanna nos encontrou na calçada em frente á porta. Ela olha preocupada para mim e Nicholas -O que aconteceu com a Marie?
Nicholas explicou para ela tudo que havia acontecido. Escondo meu rosto envergonhada em seu paletó, expirando o seu perfume masculino e encharcando com as lágrimas.
-Que grosseira! - Hanna me puxou para um abraço- Lamento não ter conseguido fazer ela acreditar- Beijou o topo da minha cabeça e passou as mãos pelas minhas costas.
-Marie, o que faz aqui fora? - Eu me afasto de Hanna e olho para trás, na direção da voz - Porque você esta chorando? O que aconteceu com você?
-A cantora favorita dela a maltratou quando a Marie foi pedir um autógrafo - Nicholas mente, revirou os olhos e cruzando os braços.
-Não liga para a Layla -Ele se aproxima e passa a mão pelas minhas costas - Ela se acha a estrela, porque já contou para a realeza inglesa - Ele revira os olhos - Quer um copo de água?
Eu senti o olhar de Hanna em mim. Ela afastou a mão das minhas costas e abriu um sorriso.
-Não, obrigada - eu olhei para ele e limpei minhas lágrimas com o lencinho bordado - Só quero ir para casa.
Nicholas de braços cruzados alterna seus olhos entre nós dois, atento á conversa em silêncio. Pelo canto do olho , eu vi a Hanna segurar a risada. Ela disfarça, tossindo e tampando a boca com a mão.
-Esta certo- Ele abriu um sorriso belo e curvou os cantos dos lábios mostrando a covinha - você assistiu o meu ensaio ontem, ao amanhecer?
Eu concordei com a cabeça e abri um sorriso, vendo seu rosto ficar vermelho, envergonhado.
-Obrigado -Ele me olhou com atenção - Você deve ser a melhor amiga da Marie, hanna né? - ele olhou para a minha melhor amiga que está ao meu lado e arregalou os olhos surpresa.
-Como você, sabe? - Ela perguntou, surpresa com a voz falhando.
Nicholas revira os olhos e ascendeu outro cigarro. Ele tragou e soltou a fumaça entre os lábios, fazendo um bico engraçado.
-Tenho uma amiga na vizinhança que falou sobre a amizade de vocês- ele respondeu, abrindo um sorriso e mostrando novamente as covinhas- Mudei recentemente para Biloxi com meus tios e a conheci.
-Como é o seu nome? - A Hanna pergunta curiosa.
-Vamos para casa, meninas -Nicholas se intromete na conversa- Está ficando tarde.
-Meu nome é... - Ele começou a falar, ao mesmo tempo que Nicholas nos arrasta pela calçada, na direção da casa.
        
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Mordo uma maçã, sentada ao lado da Hanna, que está terminando sua lição atrasada de aritmética. Minha mãe está lendo sua revista feminina do meu lado esquerdo. Enquanto a nossa empregada que voltou da folga, cozinha panquecas em frente ao fogão. Meu pai virá uma xícara de café na boca concentrado no jornal em suas mãos.
O entregador do jornal chega pontual na gráfica para distribuir-los nas casas. Cada um custa cinco moedas de ouro.
Bafo os dedos na madeira da mesa entediada, mordendo mais um pedaço da fruta, meus olhos vão para a primeira página do jornal. Eu arregalo os olhos, surpresa e coloco a mão na boca, com que tinha lido. Chamo a atenção da Hanna puxando a manga da sua camisa.
-O que foi Marie? - ela continua olhando para a folha, respirando fundo com a mão na testa - Tenho que terminar a lição. Não quero levar reguada na mão.
-Eu já explico - sussuro - Pai, desculpa incomodar engoli em seco - O senhor poderia me emprestar a primeira página?
-Para que você quer ler um jornal, menina? - ele respondeu ríspido- Pegue uma revista com  a sua mãe e aprenda com ele sobre uma ótima dona de casa.
Dona Lupita colocou um prato com uma torre de panquecas na mesa, junto com uma jarra de calda. Cynthia entra na cozinha, beija o topo da cabeça da nossa mãe e pai. Sento ao lado dele.
-É por um motivo bom, pai - respondi educado - Eu prometo devolver.
-Bom dia -Ela espreguiça abrindo um bocejo tampando a boca com a mão- Odeio a escola. Tenho inveja da Marie, que está no último ano.
-A resposta é não, Marie - respondeu bravo com os olhos no jornal.
-Quando estiver no último ano, não vai falar isso -A Hanna responde e me olha levantando uma sobrancelha- Porque está interessada no jornal do seu pai?
-Agurda só um pouco, Hanna - sussuro.
-Pai, empresta o jornal para a Marie- Cynthia me ajuda vendo a minha ansiedade enquando se serve.
-Está vem querida - disse tirando a primeira página e me entrega.
-Obrigada - Agradeço aos dois, dobrando com cuidado o jornal para não amassar.
-O que aconteceu? - Já cansei de esperar - Hanna pergunta após alguns minutos de silêncio.
-Tem uma matéria que diz que a cantora faleceu de madrugada- eu levanto os olhos do jornal para olhar-la - Aconteceu que um homem bêbado a seguiu e a esfaqueou na rua. Mas não obtém os detalhes do motivo e também das informações da Layla.
-Ela deveria ter ido para casa com um motorista - Coloca a mão sobre a minha - Não adiantou avisar. Ela não acreditou em você.
-Querida, você deveria estar con a consciência tranquila - Minha mãe beija o topo da minha cabeça e acaricia meu rosto - Você tentou.
-Eu concordo com a senhora Brandon- A minha amiga disse me apoiando.
-Não vou ficar aqui para escutar esse absurdo - Meu pai bate a mão na mesa nos assustando, limpa os lábios com o guardanapo e levanta- vou para a loja tenho joias para confeccionar e desenhar. Hanna já avisei que você não é bem-vinda nessa casa.
-Já estamos indo para o colégio, pai - coloco o jornal sobre a mesa e levanto me recuperando do susto - Vamos Hanna.
Ela guarda seu material rápido dentro da mochila com algumas lágrimas escorrendo. Meu pai saiu as presas de casa.
-Não precisa sair assim,querida -Minha mãe levantando.
-Mãe, já está quase na hora- olho para o relógio e a minha mãe com ternura beijando o topo da sua cabeça e Cynthia.
Ela abraça minha cintura. Acaricio o seu cabelo.
-Espero que a primeira aula não seja de aritmética- A Han a disse, limpando as lágrimas com as costas da mão mudando de assunto. Juntou as mãos entrelaçando, levanta os olhos para cima e faz uma breve oração- Deus, por favor, faça com que a professora não de aula de aritmética hoje. Prometo ser uma boa amiga para a Marie.
-Você já é-seguro a risada, puxo-a para um abraço e afasto - Agora vamos.
Olho para a Cynthia esta querendo sorrir, mais segura ficando vermelha. Solto risada.
-Boa sorte- Minha irmã solta a risada cortando as suas panquecas com o garfo.
-Desculpa a grosseria do meu esposo, querida - Minha mãe o cabelo dela - você o conhece desde pequena, sabe a relação difícil que tem com a minha filha e você é uma boa amiga minha Marie.
-Obrigada senhora Brandon - responde Hanna beijando a bochecha da minha mãe com ternura - Eu gostaria que ele fosse carinhoso com a Marie.
-Eu também queria que papai fosse assim com a minha irmã- Cynthia respira fundo magoada.
-Vão para o colégio e apreender coisas novas, queridas - ela fala me entregando a mochila - Boa aula, que não tenha aula de aritmética hoje. -solta uma risada.
Nós três a acompanhamos na risada.

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