LUNA

24 4 0
                                    

Depois de convencer Nina de que não iria ser morta por uma família louca de assassinos, sem ter certeza de que isso não aconteceria realmente. Dormi por quase a tarde toda assim que despertei decidi tomar um bom banho e me arrumar para o tal jantar. Eu não tinha muitas roupas chiques, mas trouxe tudo que tinha de melhor em meu guarda-roupa e como Nina era gerente de uma loja de roupas cara sempre me conseguia peças exclusivas por preços acessíveis. Optei por um vestido preto básico rodadinho, sempre me elogiavam quando o vestia e queria causar uma boa impressão para a família de Luca. Coloquei meus cabelos lisos em um rabo de cabalo bem elaborado, com alguns fios na frente. Apliquei pouca maquiagem, apenas o necessário para estar apresentável. Assim que termino ouço uma batida leve na porta e sei que é Milena então peço que entre. Pela expressão de seu rosto sei que acertei no vestido, ela também está linda em um vestido longo verde que combina perfeitamente com seus olhos.

-Uai, você está muito linda! Vim te buscar para o jantar, será apenas nós e Miguel um amigo da família. - Ela diz e percebo que por alguma razão ela está realmente ansiosa com o jantar.

-Obrigado! Você também está linda. Então o que devo esperar desse jantar? Sinceramente Milena eu não sei o que estou fazendo. Você e sua mãe parecem ser boas pessoas, mas pelo olhar do seu irmão sei que não sou totalmente bem-vinda. - Milena era a única ali com quem tive mais contato o que fazia dela a pessoa com quem teria que falar o que sentia.

- Espera uma família ansiosa para saber mais sobre você Luna e ignore o jeito de Nik. Não é pessoal! Enquanto mamãe eu e Luca sempre fomos sociáveis Nikolai é fechado como o meu pai. Eles não são más pessoas, mas a família exige muito deles. Então estão sempre calados e no controle de tudo, mas acredite ele quer muito conhecer você.

Quando ela termina de falar percebo que já estamos no fim da escadaria e a sigo para uma enorme sala de jantar. Nikolai e sua mãe estão conversando em um canto da sala quando entramos eu sigo para cumprimenta-los, mas noto o lustre gigantesco que ilumina toda sala que está decorada com várias pinturas famosas na parede, algumas que nunca imaginei que veria pessoalmente. A artista em mim vibra pelo entusiasmo e o desejo de toca-las toma conta de mim, por um momento esqueço onde estou e que existem pessoas ao redor. Volto a realidade quando um homem jovem e muito bonito se aproxima me oferecendo uma taça de champanhe.

-Então você é a famosa Luna! Eu me chamo Miguel! É um prazer conhecê-la senhorita. O homem beija minha mão como se estivéssemos no século 19, mas não nego que seu cavalheirismo me deixa encantada.

- É um prazer Miguel. - Logo uma senhora de meia idade entra na sala comunicando que o jantar será servido e todos seguem para a mesa grande no centro da sala. Fico sem jeito não sabendo onde sentar, mas Nikolai aparece e puxa uma cadeira para mim ao lado do topo da mesa. Imagino que ali sentará Camile como matriarca da família, mas ela se sentar à minha frente do outro lado. Nikolai ocupa o topo e percebo que me conduziu para sentar ao seu lado, me pergunto se por uma razão boa ou ruim. Um tempo depois os pratos vão sendo servidos tenho que admitir que a comida italiana é divina. A conversa flui naturalmente entre eles como se jantassem todos os dias juntos como qualquer família, os assuntos variam entre política, eventos sociais e arte quando sou incluída na conversa.

-Então Luna, sei que estuda artes. O que achou das pinturas de Nik? Ele tem o maior ciúme delas. Milena revira os olhos para o olhar sério do irmão.

-São suas? Eu pergunto espantada e admirada, Nikolai não parecia ser um homem ligado a arte.

-Sim! Comprei a maioria em leilões, algumas procurei por anos. Ele diz como se não fosse nada demais e alguma delas devessem estar em museus pelo mundo.

- São magnificas! Nunca imaginei vê-las de perto algum dia. Não consigo disfarçar a emoção.

-Tenho muitas pela casa, posso te mostrar depois se quiser. Quando olho para ele vejo uma curiosidade em seus olhos.

-Eu adoraria muito, Obrigado Nikolai! Repondo sem tirar os olhos dos dele, era como se estivemos competindo para ver quem desviaria primeiro. - Os empregados entram com a sobremesa e eu me viro para Miguel ao meu lado que me oferece mais vinho. Não volto a olhar na direção de Nikolai e mantenho uma conversa acalorada com Camile sobre esculturas francesas. Durante todo tempo sinto seu olhar me sondando. Procurando alguma coisa, mas o que?

Depois do jantar Nikolai e Miguel seguem para o escritório alegando ter assuntos de trabalho para tratar. Camile insiste em me mostrar algumas esculturas no jardim, eu não recuso. Quero conhecer toda a arte rara e famosa que os Caccici têm a oferecer, sei que logo voltarei para Chicago e nunca mais teria essa oportunidade. Não estava errada! O jardim era um paraíso, havia uma parte apenas com esculturas e o maior chafariz que já vi em toda minha vida no centro. Camile falava sem parar sobre a história de cada uma eu a ouvia com atenção, enquanto Milena parecia entediada.

- Luca adorava esse jardim! De repente sinto sua voz suavizar até Milena percebe e passa a prestar atenção na mãe. Talvez preparada para intervir caso necessário, mas esse sentimento era única coisa que me tornava igual aquela senhora.

- Ele sempre falava que construiríamos um algum dia.

- Me conte Luna, como ele estava? - Ela me olha com tanta esperança que meu coração se parte. Se eu tinha dúvidas sobre o amor dela por ele, não tenho mais.

-Ele era alegria, era risos e amor. Eu nunca imaginei encontrar o amor tão cedo, mas encontrei nele.

Então passo horas falando sobre ele. Desde quando nos conhecemos até o seu último dia comigo. Elas escutam tudo com atenção, choram e riem das nossas histórias. No final estamos esgotadas e Milena decide levar a mãe para cama.

- Obrigado Luna! Por me dar uma parte do meu filho, a parte que eu perdi.

Depois que elas seguem para dentro da casa eu me sento no banco mais próximo e desabo. Choro com toda força e uma emoção que não sabia que estava segurando. Eu esperava uma família fria, amarga e distante que justificasse a mentira de Luca. Agora sinto o chão sair dos meus pais ao lembra do olhar se sua mãe e irmã que absorveram minas palavras, nossas histórias como se fosse a coisa mais importante do mundo. Sinto uma presença atrás de mim e me viro depressa. Nikolai está ali parado me observando com o rosto intrigado, me sinto constrangida quando penso a quanto tempo ele estava me vendo chorar.

-Você está bem? Ele pergunta com as mãos nos bolsos. Dessa vez detecto algo em sua voz, preocupação?

-Vou ficar. Digo me preparando para sair.

-Luna sei que não é um bom momento, mas precisamos conversar! 

Amor e Guerra ( SÉRIE AMORES NA MÁFIA )Onde histórias criam vida. Descubra agora