Nikolai

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Quando Miguel e eu chegamos a sala de jantar minha mãe já está a nossa espera checando os últimos detalhes com Mariana.

- Miguel que bom que se juntou a nós, deve estar curioso para conhecer Luna. Ela é uma mulher muito bonita.

- Não tenho dúvidas disso tia. Ele olha para mim com aquele sorriso bobo que tenho vontade de tirar com meu soco. Seu telefone toca e ele pede licença para atendê-lo.

- Milena foi buscar Luna para o jantar, tente se comportar e ser gentil. Lembre-se que o plano é ganhar sua confiança e não assustar a garota. Camile arruma minha gravata e me oferece uma taça de champanhe.

Em poucos segundos Milena entra na sala com Luna e preciso admitir, ela é tão deslumbrante quanto as raras obras de artes nas paredes que ela observa com tanta admiração. Miguel se aproxima dela com uma taça de champanhe se apresentando, quando ele leva sua mão até os lábios sinto uma vontade enorme de ir até lá e afasta-lo. Miguel é meu melhor amigo e tem todo o meu respeito, no entanto é oficialmente um mulherengo. Luna pode ser encantadora, mas é a viúva do meu irmão. Está fora dos limites para ele ou qualquer um. Para sorte dele Mariana nos interrompe para servir o jantar, vejo que Luna fica um pouco perdida sem saber onde sentar. Então decido mantê-la ao meu lado, assim a mantenho longe de Miguel e a avalio de perto. O jantar corre como de costume, falamos e comemos como uma família Italiana. Achei que Camile iria se sentir melancólica por causa de Luca, contudo ela conversa com todos como sempre. Milena começa a falar sobre ante e sei que é para incluir Luna na conversa, vimos nos relatórios recente que ela era uma artista muito conceituada em sua cidade. Ela parece espantada ao saber que as obras na sala são minhas, poderia até me sentir ofendido se também não tivesse detectado certa admiração em seu rosto. Admito que tenho um fraco por obras de arte raras, quando uma me agrada faço de tudo para tê-la sobre meu domínio. Observo como um falcão seus movimentos, tentando encontrar qualquer sinal de falsidade sem sucesso. Se ela está fingindo não saber quem somos ou que é uma espiã americana é uma atriz excepcional. Eu sei que ela sente meu olhar, mas se mantem firme em sua conversa com minha mãe. Tenho que admitir que apenas com o olhar intimidei homens com o dobro de seu tamanho, Luna é de fato uma mulher corajosa. Depois do jantar chamo Miguel para o escritório alegando que temos assuntos de trabalho para tratar, mas a verdade é que não conseguia tirar meus olhos de Luna. Tudo nela era cativante, como uma luz que insistia em chamar mina atenção. Entro no escritório e nos sirvo um pouco de conhaque.

-Então o que você achou da garota? Pergunto ansioso para saber a opinião de Miguel, ele era muito bom em ler as pessoas especialmente mulheres.

- Agora entendi o que quis dizer. Tem toda razão ela não é o tipo de Luca, ela é o seu. Eu engasgo com meu conhaque e Miguel sendo o idiota que é cai na gargalhada.

-Ela não é meu tipo, eu não tenho um tipo! Levanto irritado e me sento no sofá de frente para a lareira.

-Nik! Ela parece ser inocente. Passou a noite falando sobre esculturas com Camile, viu como tudo a deslumbrou desde o lustre até suas pinturas chatas? Sua voz suaviza quando encontra meu olhar –Se Luca se casou com ela é porque a amou e por ele precisamos protege-la.

As palavras de Miguel têm sentido, Luca pode ter se casado simplesmente porque se apaixonou. Se eu tivesse analisado melhor a comunicação dele começou a diminuir na mesma época que ele conheceu a esposa, talvez ela o tenha feito querer aquela vida permanentemente. Se esse for o caso Miguel tem razão, ela precisa de segurança. Em pouco tem todos vão saber quem ela é, inclusive os inimigos. Ela tem o direito se saber onde está se metendo e que sua vida pode nunca mais ser a mesma. Quando Miguel vai embora decido procurar Luna e esclarecer as coisas de uma vez por todas, ouço vozes vindas do jardim e vou checar se ela está lá. Antes de me aproximar ouço fungos de choro, as três estão de uma escultura chorando enquanto Luna conta histórias sobre ela e Luca. Pretendo deixa-las a sós, mas assim como minha mãe e Mi me pego preso nas palavras de Luna. Me alimento de suas memorias, pois são tudo que terei do meu irmão desde o dia em que saiu dessa casa. Logo minha mãe e Milena se despendem para dormir. Estava tarde e depois de toda emoção achei melhor adiar a conversa com Luna até amanhã, estava me virando para sair quando ouvi seus soluços desesperados. Aquilo não era fingimento, aquela mulher assim como nós sofria pela perda. Ela sente minha presença e não há mais como escapar, me asseguro que ela está bem e digo que precisamos conversar. Eu a guio até meu escritório e sei que ela está apreensiva, não é essa a minha intenção.

- Por favor Luna sente-se! Aponto para a poltrona perto da lareira, para que ela se sinta aquecida.

- Obrigado! Ela murmura ainda com os olhos inchados de tanto chorar.

- Luna sei que está cansada e tudo isso é muito novo para você, então serei breve. Luca contou algo sobre nossa família ou sobre seu passado? Sento a sua frente ganhando uma visão perfeita de seu rosto.

-Não! Eu achei que seus pais estavam mortos e seus parentes não se importavam. Não falávamos sobre o passado, eu mais que ninguém sabia que era irrelevante. Ela passa as mãos pelos braços como se sentisse frio, como o bom cavalheiro que existe em mim tiro meu paletó e coloco sobre seus ombros. Ela me agradece e voltou para o meu lugar.

- Eu sei que é difícil! Tudo que você precisa saber é que somos uma família importante na Itália. Meu pai deixou para mim e Luca o dever de continuar todo o seu trabalho, isso exige sacríficos. Não podemos sair sem seguranças ou nos relacionar com qualquer um, um dia Luca decidiu que não queria fazer parte disso e me pediu para libera-lo. Eu reuni toda a família e nossos conselheiros e propus a vontade dele, eles aceitaram com a condição de que ele cortasse qualquer laço conosco para nossa segurança e a dele. Tudo que minha mãe pediu foi que mandássemos um segurança para nos alertar dos seus passos, era o que a mantinha bem com tudo isso. Ele costumava mandar cartas e cartões postais, mas parou quando conheceu você. Eu sinto muito pela mentira, era um mal necessário. Luna parece atordoada com todas as informações. Não é para menos, ela acabou de descobrir que não sabia nada sobre a pessoa com quem se casou. As informações que dei a ela não eram cem por cento a verdade, mas era o que ela precisava saber por agora. Tem alguma pergunta que gostaria de me fazer? Ela nega.

-Ótimo! Eu tenho algumas Luna, sobre a morte do meu irmão. Minha mãe e irmã não sabem, mas quando recebi o telefonema da morte dele eu voei até Chicago. Ela fica surpresa com a minha alegação. - Fui ao necrotério e falei com o legista, sei que ele foi encontrado enforcado na oficina. Os danos no corpo indicam a falta de ar o que condiz com as evidencias. Vejo mistura da dor e horror em seus olhos quando percebe minhas suspeitas.

- Espera Nikolai, você acha que Luca foi assassinado? Que alguém faria isso com meu marido e faria parecer um suicídio? Luna se levanta e anda pela sala exasperada. Eu toco em seu braço suavemente para que se acalme a sento novamente devagar a poltrona.

- Como eu disse Luna, nosso mundo é perigoso. Temos inimigos que não hesitariam em ferir um de nós. É por isso que você está aqui! Você é a chave, ninguém conhece mais ele do que você agora. Olhe para mim Luna! Pego suas mãos e olho profundamente em seu rosto - você realmente acha que ele se mataria daquela forma?

-Não! É tudo que ela consegue dizer – O que eu faço agora?

- Fique aqui! Na Itália posso te proteger e se eu estiver certo, você pode ser um alvo também. Sei que pedir que abandone sua vida é muito, mas não é permanente eu prometo.

Ela se levanta e caminha até a janela que tem a vista para o jardim, sinto sua angustia e gostaria de poder fazer mais para ajudá-la.

- Tudo bem! Eu fico. Ela responde com firmeza me surpreendendo. - Até termos todas as respostas que precisamos. Embora sua postura seja firme, vejo o cansaço nela e decido que é melhor continuarmos outra hora.

-Esta tarde! Descanse, amanhã conversaremos mais com se quiser. Ela parece aliviada por um momento, deve estar mais cansada do que imaginei. Eu a acompanho até a escadaria e me despeço.

- Boa noite Luna! Eu digo quando ela já está subindo de costas para mim, mas ela se vira e lança aquele olhar que tem me cativado desde que chegou aqui.

- Boa noite Nikolai! Nunca parei para pensar muito em meu nome, mas pronunciado na voz angelical de Luna me fez querer ouvi-lo mais vezes.

Antes de seguir para o meu quarto também passo na cozinha e peço para Mariana levar um chá de ervas para Luna, algo me diz que ela vai precisar.

Amor e Guerra ( SÉRIE AMORES NA MÁFIA )Onde histórias criam vida. Descubra agora