Nikolai

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Quando chegou a hora do jantar com os pais de Miguel e Martina, já tinha descartado todos os tipos de desculpas que queria inventar para não comparecer. Hoje mais cedo na escada quando encontrei Luna em uma crise de choro algo em meu coração se quebrou; sem pensar a levei para o meu quarto e a abracei sem saber mais o que fazer. Tentei acalma-la, mas ela não me respondia; era como se seu corpo estivesse ali e sua consciência em outro lugar. Seu corpo foi perdendo a força, desfalecendo aos poucos até estar completamente apagada. Desci correndo as escadas; pedi Mariana para chamar o médico da família, Milena e mamãe aparecendo preocupadas com a agitação e eu as levei para que ficassem com Luna até o médico chegar. Em menos de trinta minutos ele estava checando seus sinais vitais e constatou que ela teve uma crise devido ao luto e as mudanças recentes.

- Ela não deve estar dormindo bem há dias. O cansaço e todas as informações recentes a sobrecarregaram de uma vez. Deixarei uma medicação para pressão e apliquei uma injeção de vitaminas. Ela está em sono profundo deve acordar em breve. Eu recomento repouso e algumas sessões de terapia.

- Obrigado doutor! Mariana o acompanha até a porta junto com Camile, deixando Milena e eu com Luna no quarto. Um sentimento de alivio toma conta de mim ao olha-la adormecida profundamente em minha cama. Solto todo o ar dos meus pulmões que nem sabia que estava segurando.

- Não vejo esse olhar atordoado em seu rosto a muito tempo. Eu caminho para fora do quarto e Milena Caminha ao meu lado.

- Ela é nossa responsabilidade agora.

- Por favor Nik! Não coloque essa máscara de gelo para mim; vejo como tem olhado para ela ultimamente; você se importa, o que há de errado nisso? Ela para e segura meu braço para me encarar. Eu tento encontrar as palavras para dizer; não encontro nenhuma.

- Fique com ela até que ela acorde e providencie tudo que ela precisar. Vou estar no meu escritório até o jantar. Seja lá o que estou sentindo nesse momento, não estou pronto para verbalizar; o melhor que posso fazer é colocar minha mente no trabalho. É o que esperam de mim.

No final do dia subo para me arrumar. Sou informado que Luna acordou bem e já foi para o seu próprio quarto. Sinto seu perfume assim que entro; um sentimento de vazio me pega com mais força que o habitual ao olhar para o espaço desarrumado na cama onde ela estava inconsciente a só algumas horas atrás. Camile está acertando os últimos detalhes com Mariana quando os convidados chegam; Martina como sempre me arrasta para algum canto da casa querendo ficar a sós. Sorte que Miguel nos acompanhou o tempo todo, mesmo percebendo o incomodo dela. Ouço mais vozes no salão e sei que Luna e Milena estão lá, noto o aborrecimento de Martina quando peço licença e sigo para me juntar aos convidados. Assim que coloco meus olhos no seu vestido tive a constatação de que Luna era linda naturalmente, mas naquela noite nenhuma das minhas obras de artes mais caras naquela casa se comparavam com a sua beleza. Durante todo o jantar ela conversava, ria e contava piadas como se conhecesse todos há anos. Eu a observava como falcão; Martina deve ter percebido, pois não saiu do meu lado o tempo todo; tentava chamar minha atenção com conversar aleatórias em vão. No final percebeu que não era de bom tom não se juntar as outras mulheres e acabou cedendo.

Fiore e Jasper estavam preocupados em como o conselho reagiria a permanência de Luna na família, mas não abriria mão da permanência dela na Itâlia; aqui teria certeza de que ela estaria segura.

- Quando souberem que seu irmão pode ter sido assassinado, todas as suspeitas vão cair sobre ela. – O pai de Miguel sempre foi um homem sensato; ele jamais condenaria sem provas concretas do seu envolvimento, mas ele tinha razão em relação ao restante do conselho. Desde a morte do meu pai muitos estão temerosos com que o que os americanos podem fazer outros querem vingança para reestabelecer seu poder diante das outras famílias; um desses casos é Fiore. – E você os culparia? Me perdoe a sinceridade Nikolai; a moça é um encanto, mas que certeza temos de que ela não sabe de nada? Ela deveria ser interrogada em uma audiência formal. O pai de Martina é um homem orgulhoso; sempre votou a favor de retaliação por meio da força-la. Com audiência formal ele se referia a coloca-la em uma cadeira em uma sala fechada, cercada de 40 homens forçando-a a expor toda a sua vida. Ouvi-lo sugerir colocar Luna nessa situação me causava raiva; usei toda minha força para me controlar e não o expulsar daqui.

Amor e Guerra ( SÉRIE AMORES NA MÁFIA )Onde histórias criam vida. Descubra agora