10% - Trabalho

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"Seu namorado precisa trabalhar, amor."

   Murmurou pela terceira vez, deslizando os dedos nas costas da jovem grudada ao seu pescoço, um alento para seu coração já saudoso. Ela beijava e beijava suas bochechas, testa, pescoço, cada pedacinho que podia alcançar, em uma tentativa de distraí-lo dos afazeres da vida adulta. E funcionava, porque se derretia nos toques suaves de sua amada, suspirando, cheirando-a até os pulmões embebedarem com o perfume doce. Viria morar nesse abraço na primeira oportunidade, entrar e nunca mais sair. Mas não é possível, então, mais uma vez, murmura:

"Eu preciso ir, minha dama... Mas eu prometo que volto."

"Quando?"

Ela dispara, impaciente, antecipando a angústia, a saudade de seu aconchego inigualável.

"Em dois dias."

Tenta, sabendo que sua namorada não estará satisfeita, até que estejam acordando e indo dormir na mesma cama, os dois, todos os dias.

"Só se você me der um beijinho."

A namorada impõe então a condição. E eles riem, o homem a joga novamente na cama, se deitando sobre o corpo menor e enchendo seu rosto de beijos, sua barriga, de cócegas. Mais uma vez, tentando enganar o tempo, para ver se ele esquece de passar.

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