Oh, Death

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Anubis estava ausente de sua área de trabalho há séculos, mas em dias tediosos como aquele, ele gostava de ir a terra cumprir um pouco de sua função. Afinal, não é como se os deuses se importassem com isso, eles apenas haviam encontrado outros sistemas para fazer aquele trabalho.

Entretanto, não havia nada para lhe distrair. Já havia perambulando todo Helheim e Valhalla atrás de algo para fazer e nada lhe chamou a atenção. Então por que não ir a Terra e julgar algumas pobres almas que definitivamente não passariam em seu teste?

Anubis adorava ver a surpresa no olhar dos humanos quando estava julgando seu destino. A intolerância e ignorância religiosas conseguiam ser bastante divertidas. E o olhar de choque quando viam que suas almas eram impuras era imperdível. O pavor e desespero mundanos eram um verdadeiro espetáculo para si.

Já havia julgado doze almas aquele dia, todas haviam ido direto para o inferno. Havia quem considerava seu teste injusto, mas se haviam almas que conseguiam subir, então era totalmente justo.

Ele estava quase cansando de julgar almas. Depois de um tempo acabava ficando repetitivo e ele não queria enjoar de seu passa tempo especial para momentos de tédio.

Querendo colher apenas mais duas almas, ele continuou a perambular por lugares com menos fatalidades para não esbarrar em algum ceifador.

Indo parar em Nova Iorque, ele seguiu o cheiro da morte até um hotel. Quarto três mil trezentos e vinte sete.

Invisível aos vivos, ele entrou no quarto sem pestanejar, olhando ao redor com intriga, achando um quarto bastante peculiar.

Ao avistar a alma que estava buscando, viu o homem de pé a beira da cama enquanto olhava para o próprio corpo morto. A aparência de sua alma estava claramente mais jovem do que o corpo na cama — as almas sempre ficavam na aparência que os corpos tinham quando estavam no auge.

O homem estava em total silêncio, mas estalava os dedos lentamente.

Mas que sorte. Ele provavelmente havia morrido a pouco tempo e ainda não havia absorvido o fato de que estava morto.

Pelo cheiro, Anubis podia julgar que a morte foi causada por um derrame. Bem comum até. Um humano velho que morreu sozinho. Bom, certamente não era muito agradável, mas que tipo de morte era agradável?

— Olá, humano! — Anúbis cumprimentou com empolgação, fazendo o homem se assustar e olhar em sua direção.

Lhe olhando completamente confuso, o homem continuou em silêncio por mais um tempo enquanto o olhava de cima a baixo. Um pouco vulgar, talvez.

— Quem é você?

— Deus dos mortos egípcio, Anúbis! — disse com um sorriso enquanto apontava para si mesmo.

O homem pareceu estar processando a informação após isso, novamente o olhando de cima a baixo e tombando a cabeça para lado.

— Isso é... Uh... Diferente do que eu esperava... — disse enquanto seguia analisando o deus.

— Oh, sim, você provavelmente estava esperando algum tipo de anjo ou passagem direta para céu ou inferno, não é? — perguntou em um tom divertido — Lamento informar, mas hoje sou eu quem vai julgar sua alma!

O humano lhe olhou por mais um tempo antes de falar mais alguma coisa.

— Você é bem diferente das ilustrações e descrições...

Anúbis desfez seu sorriso, um pouco confuso com o que ouviu. Ele não estava esperando um comentário sobre sua aparência nesse momento.

O deus cruzou os braços e tombou metade do corpo para o lado enquanto olhava para o humano, o vendo acompanhar o movimento com a cabeça, a tombando para o mesmo lado, de forma quase inconsciente.

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