O castelo estava radiante, mesmo com todas as janelas fechadas, os lustres ainda podiam iluminar o lugar. Foi isso o que pensei, até ver a minha rainha, ela era a luz que iluminava o castelo. Mesmo num dia chuvoso tudo continha beleza se ela estivesse ao redor. A vi descer as escadas majestosamente, tão bella. Sorriu de maneira singela ao me ver e correu ao meu encontro. Fui agraciado com seu beijo, e que beijo! A cada vez que Stella me beija, sinto como se dissesse: Eu te amo.
-Buongiorno, vossa majestade. Disse em reverência.
-Bom dia, mia vita. Respondi galante enquanto a abraçava.
Quando os músicos entoaram a primeira nota, a minha Stella correu ao salão, já se via apenas em seus pés, sem amarras que a impedissem de dançar.
-Stella, mi amore, não gire tanto. A alertei enquanto a mesma dançava em círculos.
-Nic, como poderia não girar? Sinto-me livre e leve. Disse em meio a risos e pequenos saltos.
-Sua felicidade é a minha felicidade, piccolina. Minha rainha continuou a girar sem parar, seguindo o ritmo da canção que entoava. Apenas quando se deu conta do apelido sua atenção voltou a mim.
-Sabes que não há tanta diferença entre nossas alturas, majestade. Respondeu-me parando de girar.
-Não, não há. Concordei embriagado em seus olhos. Adorava chamá-la de pequena.
-Vamos para fora, amore. Disse saltitante ao ver a chuva.
-Está chovendo, querida, tem certeza de que quer dançar lá fora? Perguntei enquanto me deixava ser guiado por ela.
-Eu não me importo de dançar na chuva se eu estiver com você! Mal consegui sentir as gotas de chuva que caiam sobre mim após ouvir aquela frase.
Dançamos até que os céus voltassem a se abrir, até que os súditos pudessem ver o quanto o rei e a rainha de Verona se amam. A abracei com toda a minha força, imaginando ter a capacidade de segurar tudo que há de mais precioso para mim, em meus braços.
-Eu amo você, Dominic, amo tanto que chega a doer quando não o tenho por perto. Sua boca dizia aquilo que seus olhos já transbordavam
-E eu também amo você, mia bella. Eu não poderia dizer o que é o amor, se não tivesse a conhecido.
A deitei em meu peito enquanto sentia seu carinho em meu rosto.
O silêncio quando estamos juntos nunca foi incômodo, sempre foi paz. Era onde nossas almas conversavam, onde as mãos podiam sentir, os olhos podiam falar mesmo que as palavras já não fossem necessárias.
O vento bate em nossos rostos, trazendo folhas de primavera consigo. Posso dizer que não há sentimento melhor do que vê-la em meus braços, feliz, em paz, e leve, tão leve que mal sinto o seu peso sobre mim. Ao olhar para seu rosto, fico saciado de qualquer necessidade. Tenho tudo o que preciso em minha pequena. Me atentei aos seus pequenos detalhes, até que vejo Stella sumindo aos poucos, sinto o chão se transformar numa grande caixa, e me sufocar aos poucos. Apertando-me mais, e mais e mais…
-Majestade, Vossa Majestade, ACORDE! Despertei ao ouvir uma voz distante.
Levantei-me assustado e ergui pelo seu colarinho quem quer que tivesse me tirado daquela realidade. Me senti frustrado ao ver que se tratava apenas de Giovani.
-Foi apenas um sonho? Perguntei enquanto sentia toda a angústia voltando.
-Sim, signore. Disse aflito.
-Perdão, Giovani. O soltei ao perceber que ainda prendia seu colarinho. Alcancei minha vestimenta informal no apoio de minha cama e caminhei até a adega. Giovani como sempre, continuava em meu encalço. Pedi a chave ao mesmo que relutou em me entregar.
Dedilhei cada garrafa ainda intacta e escolhi minha taça da vez.
-Diga de uma vez! Irritei-me ao perceber que o mesmo me encarava a todo momento.
-Se vossa majestade me permite perguntar, acredito que esse sonho tenha sido como os outros, correto?
-Por que diz isso? Encarei-o confuso.
-Sei que não devo interferir em suas decisões, mas assim como das outras vezes, vossa majestade parecia não querer acordar de maneira alguma, e se não me falha a memória, o senhor vem aqui, mesmo sob meu protesto e procura um vinho que seja doce como o que a rainha gostava. Explicou desconcertado.
- Tem razão meu caro, não deve interferir em minhas decisões. Disse ainda perdido em tantas palavras cobertas de razão. Encarei o chão que Giovani deve ter acabado de encerar.
-Vossa majestade não prefere desjejuar com algo mais leve?
-Está questionando minhas escolhas? O encarei com os olhos semicerrados.
-Jamais, vossa majestade! Apenas cumpro o meu dever que é cuidar do senhor. Respondeu risonho.
-Há alguma carta ou mensagem vinda de Verona? Mudei de assunto, saindo da adega.
-Sim, majestade. Disse ao manear a cabeça.
-Quando chegou? Sentei-me ao lado da lareira.
-Hoje pela manhã, senhor. Disse distraído com algo em sua frente.
-Onde está essa carta, Giovani?
-Em seus aposentos, senhor. Seus olhos continuavam na cozinha.
-E porque não me avisou antes que eu saísse de lá? Perguntei tentando enxergar o que tanto puxava sua atenção, e finalmente vi o rosto de Antonieta, sua não compromissada, “secreta”.
-Perdão, majestade. Irei agora mesmo buscar. Saiu apressado até o quarto principal da cabana.
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RomantikUm viúvo, um reino, uma rebelde, uma escolha. Será o amor mais forte do que as responsabilidades? Pode a lealdade perder para uma grande paixão? Dominic e Maya são pessoas que perderam muito, para morte e para o amor. Maya vai ser o calor para o fri...