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A ofereci minha mão para que pudesse levantar, essa que ela aceitou aos murmúrios.

-Eu não teria tropeçado em vossa majestade se o senhor andasse em uma velocidade normal para humanos. Murmurou ainda sem me encarar e tudo que os meus sentidos captaram foi o seu aroma de canela.

-Como disse? Perguntei ainda distraído com sua ousadia e seu perfume tão característico.

-Nada, devo ir antes que minha cabeça seja servida numa bandeja de prata. Ergueu as mãos e disse enquanto se afastava sorrateiramente até correr.

-Espere, qual o seu no...

-DOMINIC, meu filho! Você está de volta, enfim. Antes que eu a alcançasse, fui interrompido pelo meu pai.

-Olá, Duque de Vierno. Como tem passado? Perguntei enquanto tentava visualizar a direção em que ela havia ido.

-Duque? Quem está aqui é apenas um velho pai, que estava sentindo falta de seu primogênito. Disse saudoso com os olhos banhados em lágrimas.

-Tutto bene! Venha papai, dê-me um abraço, daqueles de urso que sei que adora.

-Pensei que você não gostasse deles. Respondeu retraído.

-Mas o senhor os ama! Abri meus braços o aguardando. Disse tudo o que precisava com aquele abraço, e meus olhos finalmente molharam um pouco do meu rosto que andava tão seco e abatido. Passamos um longo período de tempo nesse abraço, senti o vento soprar as mágoas, e as folhas se encarregaram de levá-las embora.

-Que bela cena, entretanto, não gostaria de ter que me ocupar com os dois caso adoeçam pelo frio. Ouvi a duquesa dizer duramente. Ergui meus olhos e apenas a encarei com escárnio.

-Claro, querida! Já estamos indo. Como sempre, papai demonstrava ser um esposo submisso e isso me irritava por ver como ela o tratava. O soltei para caminharmos em direção ao palácio.

-Papai, espero que sua esposa não me incomode. Me falta aptidão para lidar com ela e sinceramente não medirei palavras hoje. Esclareci enquanto tocava seu ombro.

-Falarei com a sua MÃE para manter o decoro e a calma, mas você sabe como ela é, e o quanto ela sentiu sua falta. Você sumiu do nada meu filho. Disse compreensivo e defensivo com sua esposa.

-Eu não estava de férias, eu estava de luto e ainda estou. Bravejei sem conter a emoção. Papai concordou com a cabeça e me encorajou a entrar.

-AAAHHH. Ouvi alguém gritar e derrubar a louça no chão. -Dominic, meu menino, você voltou!!!! Fui recebido por Anabela, que correu ao meu encontro. A mulher que me amamentou enquanto a duquesa não pôde. A minha primeira mãe, Ana.

-Mamãe! A abracei com toda força que tinha e senti meu peito ficar leve.

-Como você está meu menino? Perguntou secando a maçã do meu rosto, e eu apenas sentia seu carinho. Vi papai se afastando para procurar a duquesa.

-Estou sobrevivendo, mamãe. Apenas sobrevivendo. E a senhora, como está? Como foram esses meses?

-Meses? Me encarou penosa. -Ó meu querido, passaram-se anos, você tem dormido? Parece tão desnorteado, minha criança. Olhou dentro de meus olhos e eles inundaram mais uma vez.

-Eu a perdi, mamãe. Não há como dormir, o tempo não parece passar. Ela se foi e eu fiquei, porque devo dormir se não a verei ao acordar? Senti seus braços me apertarem num casulo tão protegido e firme, era como uma casa outra vez. Poderia morar naquele abraço.

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