PROLOGO

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3 anos antes do massacre quaternário

O ar abafado faz minha cabeça pesar, fechando os olhos com força, pensar que em algumas horas um trem me buscaria somente para eu aparecer em uma festa estúpida da capital, apenas para ser feita é tratada como uma marionete, fazia meu sangue ferver de raiva. O distrito 8 poderia parecer apenas parte da ralé, de acordo com os habitantes da capital, mas esse lugar sempre seria meu lar. Meus olhos se abrem rapidamente, se assustando com o barulho e a movimentação do meu lado, mas meu corpo se acalma assim que eu vejo meu irmão ao meu lado, saindo da janela de nossa casa e se sentando ao meu lado no telhado, Graham sorriu como se estivesse se desculpando por ter me assustado, mas eu não poderia culpá-lo, depois que ganhei os jogos, eram poucas coisas que não faziam meu corpo ficar em sinal de alerta.

Ainda me lembro claramente como Foster Gwen, meu mentor, me abraçou forte quando sai dos jogos, em uma das noites no trem, enquanto eu viajava para a tour dos campeões, não conseguia dormir nas primeiras noites, já que a cada barulho ou sombra fazia meu corpo se assustar. "O medo nunca vai embora, Ophelia, você apenas aprende a conviver com ele", bem, ele estava certo.

— Sem vontade de trabalhar hoje? — Meu irmão brincou, me perguntou fazendo rir fraco. — Se quiser me ajudar a tecer os fios antes de escurecer eu não irei reclamar, já que irei passar os próximos dias sozinho...

— Você sabe que se pudesse, eu ficaria aqui. — disse, abaixando a cabeça envergonhada.

Me sentia uma pessoa horrível por não conseguir dizer não às pressões que a parte burguesa de panem colocava sobre mim, após eu me tornar a mais nova "queridinha" da capital, se tornava cada vez se recusar de comparecer aos eventos, festas ou apenas discursar palavras ensaiadas as quais eu não concordava, mas toda que eu pensava em recusar, no fundo da minha mente eu conseguia ouvir a voz do presidente Snow dizendo para eu não o decepciona-lo ou eu iria me arrepender.

— Ei, não se preocupe, estou brincando, aliás, não vou estar sozinho, tenho que Sra.Lana, além de que prometi para Jasen que vamos caçar juntos amanhã. — Afirmou Graham.

Lana Greyskov, foi a mulher que cuidou de mim e Graham após a morte de nosso pai, quando minha mãe morreu durante meu parto, meu pai nos criou com a ajuda de Lana, nossa vizinha, mas um ano antes de eu ser sorteada como tributo, papai, um pacifista rebelde com uma mente extraordinária, ajudou alguns prisioneiros a saírem, mas no fim, quando papai descobriu que foi traído, ele teve que fugir juntamente com os prisioneiros para não ser morto por traição. Às vezes, ele nos mandava por alguns conhecidos uma pouca quantia de dinheiro e cartas que eu guardava com a minha vida. Jasen, nosso amigo de infância, acreditava na teoria que me sortearam como vingança, pois como não haviam conseguido matar meu pai, me sortearam para eu ser morta na arena.

***

O lugar exuberante com luzes fortes faziam meus olhos arderem, enquanto eu tentava andar entre as pessoas da festas, os habitantes da maior classe da capital, aparentavam se divertir na festa, com roupas extravagantes e tão coloridas quanto as luzes e brilhantes, me sinto perdida em meio a essas pessoas, as quais adoram ressaltar como eu fui incrível na edição passada dos Jogos Vorazes, mas eu não gostava de levar nenhuma daquelas sentenças como elogio, apenas sorria e agradecia, aliás, a única pessoas a qual eu acreditava que se sentia orgulhoso por matar crianças era o Presidente Snow.

O Presidente de Panem assistia a festa do mezanino, uma taça de champanhe em suas mãos e um olhar superior, talvez eu estivesse maluca, mas algumas vezes eu tinha certeza que o homem me encarava sem ao menos piscar, enquanto eu fingia aproveitar a festa.

— Você está deslumbrante, senhorita
Lovecraft. — Uma voz masculina se aproximou do meu ouvido, fazendo meu corpo se estremecer em pudor, enquanto tocava a parte superior das minhas costas.

O homem de cabelo preto com mechas roxas, aparentava ter uns 35 anos, ele usava terno dourado, um sorriso animado em seu rosto, mas a única coisa que eu conseguia sentir naquele momento era nojo. Neste momento, eu tive certeza que Snow estava me assistindo milimetricamente, pude ver ele assentir com a cabeça, me mandando apenas fazer o que ele mandava. Meu corpo se estremeceu novamente, eu estava com medo, uma sensação tão ruim quanto a que eu senti na arena.

— Gostaria de me acompanhar a um passeio? — O homem falou, empolgado.

Antes mesmo que eu pudesse reagir, ouvi uma risada se aproximando de mim, o homem o qual ainda não havia se apresentado pareceu se animar com a risada, ao virar meu rosto para trás, pude ver Finnick Odair, vencedor do 65º jogos, com um sorriso bonito e confiante, eu havia visto Finnick pessoalmente apenas uma ou duas vezes durante a minha tour normalmente acompanhado de outros vitoriosos, eu sabia que ele era um garoto forte e gentil, o queridinho da capital. Odair se aproximou de mim, depositando um beijo em minha bochecha, murmurando em meu ouvido: "Vou te tirar dessa".

— Senhor, posso ter a honra de roubar Ophie, para mim? Faz tempos que não a vejo. — Finnick diz, estendendo o braço para mim, o qual eu faço questão de segurar rapidamente, aliviada por saber que eu iria sair dali.

O homem não pareceu estar satisfeito com tal pedido, mas após perceber a movimentação entre os olhares curiosos e animados dos outros convidados da festas, que estavam todos concentrados em mim e Odair, o garoto nem sequer esperou uma resposta, antes de me puxar para o meio da pista de dança onde alguns casais se encontravam e me girar me pela mão, me fazendo rir, pela primeira vez durante toda festa, ele segurou minha mão, me puxando para algum lugar mais afastado da festa, ainda sendo seguidos pelos olhares e agora principalmente pelo o do presidente.

— Obrigada. — Nesse momento eu percebi que isto tinha sido a primeira coisa que eu disse para o garoto durante todo esse tempo, fazendo minha voz falhar. — De verdade, eu nem sabia o que falar e...

— Ei, está tudo bem. — ele disse, calmamente, rindo, passando o dedo pelo meu colar — Estou feliz de te ver novamente, besourinho.

Finnick brincou, fazendo menção a primeira vez que nos conhecemos no distrito 4, durante minha tour da vitória, no momento em que ele viu meu colar, ele achou engraçado o fato de ser um inseto e decidiu me chamar de besouro.

— Pode abaixar a bola, carreirista! — falei, me apoiando na parede. — E isso é um vagalume! Seria linchado pelo povo do meu distrito se eles ouvissem você chamando nosso símbolo de besouro.

— Bem, sorte minha que a única pessoa do distrito 8 aqui é você. — falou, antes de se afastar de mim com um sorriso arrogante estampado em seu rosto — Espero poder ver você novamente em breve, vagalume.

Finnick passou ao lado de Elyra, deixando um beijo no dorso de sua mão, a mulher, assim que me viu deu alguns pulinhos animados caminhando em minha direção, batendo palminhas, o que me fez rir, ela me abraçou rapidamente, logo segurando as nossas mãos juntas com animação. Elyra Bringel foi minha escolta de tributo no ano anterior, foi ela e Foster que me ensinaram tudo que sei, desde melhorar minha técnica com tesouras e foices até como se tratar em frente a capital, daria minha vida a qualquer um dos dois.

— Tigris vai surtar quando eu contar para ela! No próximo lugar que vocês estiverem juntos ela irá fazer um vestido belíssimo para você! — falou, animada — Os dois queridinhos da capital!

— Não tem nada para contar. — afirmei — Se acalme um pouco Elyra, mal conversamos por mais de 30 minutos.

— Anjinho, se aqueles olhos azuis olhassem para mim do jeito que olharam para você, eu já estaria comprando meu vestido de casamento! — Ela falou, me fazendo rir.

Eu revirei os olhos, começando a andar ao lado de Elyra, em meio às pessoas, mas em um breve momento, eu resolvi olhar para trás, e lá estava os olhos azuis brilhantes que eu minha cabeça gostou tanto de se lembrar.

Fireflies - Finnick OdairOnde histórias criam vida. Descubra agora