002 - não te matam porque te amam

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A voz alta de Foster inundava meus ouvidos, seus gritos cheio de raiva, fazia eu sentir culpa e, ao mesmo tempo, revirar meus olhos, estando farta do assunto. Bryan Length, o meu parceiro de tributo, disse que não queria treinamento, sermão e muito menos dicas de Gwen ou Elyra, apenas gostaria de descansar até o momento do treinamento, Foster não argumentou com ele, desde que eu os conhecia, sabia que eles não se davam bem e como Bryan era teimoso e gostava de fazer suas próprias coisas sozinho.

O oitavo andar do prédio dos tributos, me deu um déjà vu, não haviam mudado muitas coisas desde a última vez que estive ali, mas a ansiedade e nervosismo no ar perpetuava, como sempre.

— Suicida, Ophelia! Isso foi suicida! — meu mentor berrou pela vigésima vez — Nós tínhamos um acordo!

— E eu deixaria aquelas pobres crianças sem mãe? — Respondi, visivelmente estressada com a situação.

— Isso não era da sua conta, garota! E você? Queria tanto assim deixar seu irmão sozinho? — Foster falou, mas pareceu se arrepender de suas palavras no mesmo instante.

— Sinto muito que tenha ficado chateado, Foster, mas você não tem direito de falar comigo desse jeito! — Me levanto do sofá, caminha em direção ao homem, apontando o dedo em seu peito — Eu sei como é crescer sem uma mãe e adivinha? Não é bom! Pode ficar chateado comigo o quanto quiser, mas não me faça sentir culpada pelas minhas decisões! Porque eu preciso de um mentor agora.

Gwen deu alguns passos para trás, com as mãos para cima em rendição pedindo desculpas pelas suas palavras, ele se sentou sobre o sofá, massageando as próprias têmporas, fazendo um silêncio horrível predominar pelo local, me sinto mal por alguns segundos sem saber o que agir, muito menos o que fazer, caminho de um lado para o outro ansiosamente até a mulher de cabelos vermelhos brilhantes entrar na sala, afagando meus ombros e me abraçando levemente, me consolando pelo, o que havia acabado de acontecer.

— Precisamos acalmar os ânimos, tudo bem? Eu pedi um chá para vocês — Bringel falou, calmamente — o que você fez, Ophie, além de inconsequente, foi extremamente nobre de sua parte, vai ser bem-visto pela capital.

Foster concordou em silêncio com a mulher, eu me sentei no sofá, enquanto uma funcionária deixava uma bandeja com chás e biscoitos no meio da mesa de centro, eu agradeci baixo, acenando com a cabeça, pegando uma xícara, meus olhos percorrem rapidamente entre Elyra e Foster, o homem suspirou, passando as mãos pelos cabelos e olhando para mim.

— Certo, já que não temos como voltar atrás do que aconteceu durante a colheita, temos que focar nos jogos... — Elyra suspirou.

— Um massacre quaternário não é a mesma coisa que os jogos, Ophelia... mas antes de focar no seu treinamento, deveríamos pensar como vamos agir em frente a tudo isso, nenhum dos tributos quer que esses jogos aconteçam então eles vão usar as jogadas mais baixas possíveis. — Foster se sentou em minha frente — Katniss e Peeta, distrito 12, os conhece, certo? — Eu assenti com a cabeça. — Seriam bons aliados, Ophie, mesmo você sendo uma das vencedoras mais amadas da capital, todos sabem o quão rebelde e descontrolada você pode ser. Eles só não te mataram, porque te amam.

Eu ri, fraco, relembrando às vezes que eu discuti com alguém importante, ou fiz uma piada sarcástica durante os programas de Caesar, eu sabia que Foster estava certo, eu era extremamente sortuda por não ter sido torturada pelo Snow, por algum motivo que eu ainda não entendia, o povo da capital gostava de mim, aquelas pessoas extravagantes adoravam me ver em eventos e conversar comigo, Elyra dizia que o motivo disso era porque eu agia como eu mesma, era gentil mesmo com quem não merecia e fazia questão de falar com todos da mesma maneira.

— Foster, você sabe mais que ninguém que a rebeldia está no meu sangue, mas me juntar com o rosto da revolução não é meio... arriscado demais até para mim? — perguntei para o homem à minha frente.

Fireflies - Finnick OdairOnde histórias criam vida. Descubra agora