A famosa filosofia de uma fanática

Cávida

Se você convive comigo, já percebeu que tenho um problema sério com escadas. Todos os dias de minha vida eu a subo com medo. Medo de cair e me machucar. E o medo de não conseguir  ficar a onde eu queria estar.

Mas eu sempre caio. É engraçado porque eu já esperava e sempre bato de cara no chão, apesar disso, todos os dias eu continuo subindo ela. Na maioria das vezes eu durmo aqui mesmo no chão. É bem confortável até. E não me admiro estar com medo de uma simples escadas. Eu até tentei falar com algum engenheiro para tirar essa escada de minha casa, mas aí eles disseram que não teria como pois moro de aluguel. Poderia também pegar outra casa sem as escadas, porém elas não estão mais sendo disponibilizadas.

Então eu tento subir, pelo menos tento. So que eu deslizo para um degrau a menos. Me rastejo para alcançar aquele degrau e volto de novo. E eu me deparo rindo de mim mesma.

Odeio escadas. Me sinto tão Indisposta ao seu lado. Forças quebradas, nem um pouco exageradas. Um loop que não tem fim, e que não haverá um fim, nem sequer pensar sobre o final de um fim. Até porque o fim é apenas o começo.

Escada mal caráter por que este ódio por mim? Você não está cansada de me ver subir? A senhora gosta de me ver cair? Ah! senhora escada, por que tantos degraus? Cada degrau é um obstáculo para pular, cada degrau mais um motivo para me desanimar. E sem consciência começo a reclamar com tanto vazio que começo a chorar.

Meu corpo tem diversas cicatrizes de todas as quedas que levei nesta escada, umas recentes e outras de muito tempo atrás. Preguiça de levantar e o medo de persistir, estou cansada de continuar.

Será que existe um final dessa escada ilusória? Ela me permite cair sem levantar. Ela me faz rir sem gargalhar. Me faz chorar sem nenhuma lágrima nos olhos.