Meus tios retornaram cada um do seu negócio, e fui até a sala ver meu tio curioso pra saber mais do novo hóspede.
- Ah ele é o amigo do Tiago, esqueci de dizer que ele está passando uns dias aqui. Não ouve nenhum problema, espero - indagou meu tio me avaliando.
Balancei a cabeça negativamente. Não ia dizer que ouve sim uns desentendimento, pois ele havia se desculpado, então expliquei:
- Não tio, só um susto mesmo quando ele adentrou no quarto onde eu estava, pois não sabia de quem se tratava.
- Entendo. Mas e aí o que achou dele?
A pergunta do meu tio me deixou embaraçado.
- Como assim tio?
- Oras, sobrinho... - ele riu e deu uma piscadela. - O Bruno não é um cara de se ignorar, não é mesmo?
Eu não acredito que meu tio estava mesmo insinuando aquilo, mas eu apenas meneei a cabeça, dando uma risada alta:
- Tio eu não gosto de héteros, não ia caçar sarna pra me coçar.
- Mas eu acho que talvez ele não seja tão hétero assim, Gil... pois eu... - Meu tio estava fofocando? Adoro! Mas quando estava ficando bom, a porta da sala de estar se abriu, e ele apareceu, para a minha frustração. Meu primo estava de volta.
- Filho você veio pra almoçar com seu primo? - lancei um olhar para meu tio, pra pegar leve. Ele riu, piscando pra mim. - O Bruno tá lá no quarto, dormindo, segundo relatou o seu primo aqui - meu tio não estava mesmo colaborando. Eu ia matá-lo.
Tiago estava bem trajado, modestamente falando ele ficava muito bonito naquela roupa social, parecia um CEO... talvez logo seria um.
Tiago veio até onde estávamos, me olhou de baixo pra cima.
- Você já conheceu o Bruno então... espero que tenha se contido. Ele não é como os outros. Cuidado.
Senti meu sangue ferver pelo aviso desnecessário.
- Relaxa primo não vou roubar o seu boy magia de você.
Meu tio deu um tapinha nas minhas costas, contendo o riso.
- Muito bem, muito bem, vão se preparar pro almoço daqui a pouco. Eu acho que o Bruno não vai descer, ele trabalhou a noite toda...
Queria saber mais sobre o tal Bruno, mas era óbvio que não ia demonstrar nenhum interesse perto do meu primo, que naquele momento já estava pilhado pela minha resposta provocativa.
Minha tia logo se reuniu com a gente. Abraçou o filho, e depois me fez um chamego no cabelo.
- Que tal vocês irem lavar as mãos, enquanto mando começar a servir a mesa?
Meu primo e eu nos entreolhamos, nada amigável.
- Eu já vou mãe.
- Tudo bem tia.
E fui o primeiro a sair subindo as escadas, e meu primo apressou seus passos, e me alcançou, e me espremeu contra o corrimão ao me ultrapassar.
- Sai da frente sua lesma!
- Idiota! - resmunguei.
Eu preferi usar o banheiro social do corredor, ao entrar na suíte onde Bruno dormia.
Lavei as mãos, e sai. Meu primo tinha adentrado no quarto onde seu amigo estava, e aguardei um instante no banheiro, espiando pela fresta da porta. Esperei pra ver o que aconteceria.
Uns quatro minutos depois, a porta do quarto se abre e vejo meu primo empurrando Bruno que parecia relutante a sair do quarto.
- Vamos lá saco vazio não para em pé! - dizia meu primo enquanto incentivava Bruno a acompanhá-lo para o almoço.
Assim que eles desceram as escadas, resolvi sair do banheiro e fui descendo os degraus, calmamente.
A sala de jantar estava arrumada, a mesa servida, e os ocupantes em suas cadeiras. Meu tio sorriu para mim, indicando o meu assento, de frente para o Bruno, e ao seu lado.
- Bem agora que todos estamos reunidos, vamos almoçar! - disse meu tio. - Mas antes, quem quer fazer a honra de agradecer pela refeição?
Fiquei em silêncio.
- Que tal você meu anjo? - disse minha tia se voltando a mim.
- Eu?
- Vamos cara, eu tô com fome! - reclamou Bruno, e me deu um chute por debaixo da mesa. Olhei furioso para ele, e recuei minhas pernas pra não ser novamente agredido por ele. Bruno estava sendo um Ogro estúpido outra vez.
- Tudo bem... - murmurei e abaixei a cabeça, lembrando como a maioria fazia naquela ocasião. Pigarreei, e iniciei, após todos repetir o meu gesto. - Querido Deus, agradecemos pelo que vamos comer... e ficamos felizes por estarmos reunidos com saúde, abençoe cada um da mesa, e os que preparou esse maravilhoso almoço. Amém.
Seguiu-se um uníssono "Amém".
- Que lindo! - disse minha tia.
- Você fez uma boa prece - completou meu tio, apertando meu antebraço.
Olhei sem jeito para o Bruno, que estava fingindo dormir. Aí chutei a sua perna.
- O quê? Oi, já terminou a missa? - indagou Bruno, fazendo uma cara de deboche. - Ah desculpe, ainda estou com sono. Mas vou comer um pouco com vocês.
Meu primo começou a se servir, e todos o seguiu o gesto. Eu peguei um pouco, não queria extrapolar, pois havia muita massa.
Bruno comia lasanha quatro queijo, fazendo cara e boca, talvez para me provocar, já que estava só no arroz e salada com batata. Isso porque ele disse que ia comer só um pouco...
- Você só vai comer isso? - perguntou Bruno apontando o garfo para o meu prato. - Por acaso está fazendo regime, ou é algum tipo de promessa?
Meu primo não segurou o riso.
- Promessa do quê? A não ser que esteja se preparando para a Miss Baitolice do ano! - Bruno riu, e meu tio Roberto olhou para Tiago, sério:
- Filho esse tipo de comentário não é bem vindo, então não faça mais.
Bruno parou de rir, e Tiago se fez de surpreso, e explicou:
- Foi uma brincadeira pai, aposto que o primo está acostumado a esse tipo de piada, e nem se importa. Não é mesmo primo? - ele se dirigiu a mim, me olhando desafiador. Eu não ia dar o gosto para ele de me ver ofendido.
- Eu já vi piadas melhores primo, então se quer ser o centro das atenções, sugiro que mude o seu repertório, essa já tá bem desatualizado - disse e espetei a batata com o garfo e levei a boca.
Tiago ficou imóvel, e Bruno voltou a rir.
- Rapazes não é hora de fazer gracinha à mesa - avisou minha tia.
Bruno abaixou a cabeça, mas Tiago não parava de me olhar, como se quisesse me fuzilar com seus olhos.
Depois daquela sessão de piadas e provocações gratuitas, terminamos o almoço e degustamos da sobremesa. Bruno comera três vezes, sem fazer cerimônia, enquanto eu estava na metade da taça de pudim com sorvete.
- Estava muito bom! - disse Bruno satisfeito, alisando a barriga. - Eu adorei o almoço. Estava tudo muiyo delicioso.
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Bruno - O amigo do meu primo
Teen FictionEu me chamo Gilson, mas todos me chamam de Gil mesmo. Meus pais trabalham numa multinacional e precisaram ir numa viagem a negócios por 3 semanas. E então fui enviado para a casa dos meus tios, Roberto e Sandra, e iria ficar ali até a volta dos m...