A insistência de Tiago e a recusa de Bruno

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Tomei meu banho quando Bruno saiu do quarto, e já fiquei pronto pra jantar quando fosse a hora. Não fiquei no quarto, e fui pra sala de estar, não queria ficar a sós com Bruno, até que ele e meu primo se entendessem. Na sala estava meu tio sentado na sua poltrona, lendo um livro. 
- Olá Gil - disse meu tio assim que cheguei e fui sentar no sofá. - Logo vamos jantar. Vai ter batatas fritas, sei que ama.
Sorri agradecido pra ele. Inclusive as batatas fui eu quem descasquei. 
- Eu gosto muito. 
- E o seu primo, ele tem se comportado? 
Balancei a cabeça positivamente:
- Sim, sabe como ele, do jeito dele, mas eu já não espero que mude, e também já sei lidar com ele - não queria contar o que houve no quarto, entre Tiago, Bruno e eu. 
- Mas agora que o Bruno tá aqui, ele vai te proteger - disse meu tio, e fiquei curioso por meu tio considerar muito o amigo do meu primo. 
- Tio. 
- Sim?
Estava hesitando, mas queira perguntar:
- O senhor estava dizendo sobre Bruno hoje mais cedo... bem o senhor estava querendo dizer exatamente o quê? 
Meu tio ficou pensando, como se estivesse tentando lembrar, e seu rosto se iluminou ao se recordar:
- Ah, eu não queria dizer nada demais - meu tio sorriu sem graça, querendo fugir do assunto. - Talvez estivesse imaginando coisas. Mas se isso está o intrigando, porque não conversa mais abertamente com o Bruno, já que vão dormir juntos daqui pra frente. 
Fiquei todo sem jeito com o seu comentário:
- Não vamos dormir juntos, só dividiremos o mesmo quarto - expliquei nervosamente. 
- Foi isso que eu quis dizer. 
- Bom, que seja... - disse. - Não me importo com ele. 
Meu tio ficou me avaliando:
- Sobrinho, se você der uma chance pode conhecer muito mais do que Bruno possa querer mostrar. 
Meu tio estava novamente me deixando intrigado:
- O senhor fica mandando indiretas, como se tivesse tentando nos aproximar. 
Meu tio deu uma risada:
- Desculpe, acho que estou querendo ser uma espécie de cupido, desculpe minha intromissão querido, só achei que seria uma boa experiência você conhecer melhor o nosso hóspede, assim teria uma boa companhia. 
Suspirei:
- Eu não estou chateado com isso, não se preocupe tio.
- Entendo. 
- É que o Bruno me deixa bem confuso. 
- Confuso é?
- Sim, como posso explicar?... ah o senhor já deve imaginar que ele sendo amigo do Tiago isso acaba se tornando um desafio pra mim. 
Meu tio me avaliava:
- Está preocupado como vai reagir Tiago não é? - Olhei para meu tio, deixando meu olhar responder. - Eu sei que Tiago é muito difícil de lidar, ele e Bruno são bem unidos. Acho que Tiago tem ciúme, é inseguro, e tenta chamar atenção de Bruno o tempo todo. 
Não discordei do meu tio. 
- Sim, eu já percebi. 
- Mas isso não deve ser motivo pra você desistir de aproximar de Bruno, caso esteira interessado, meu filho já é bem crescido, se ele não se decide, bola pra frente, a fila anda - disse meu tio insinuando que eu devesse agir e não perder tempo. 
Suspirei:
- É tão complicado. 
- Eu sei, mas a vida é assim mesmo, cheio de alto e baixos, mas se a gente não der o primeiro passo, ficamos ser fazer nada, sem ter experiências. 
Meu tio me dava ótimos conselhos. Meus pais me aceitavam, mas apenas isso, e não ficava me incentivando a conhecer novas pessoas, como meu tio fazia. 
- É o senhor está certo. Eu... - parei de dizer quando Bruno e Tiago desceram um atrás do outro. Bruno estava vestido, e Tiago estava com uma cara de poucos amigos. 
- Você está aí! - Bruno veio caminhando em minha direção. Tiago ficou parado no hall da escadaria, aguardando. - Boa noite, senhor Roberto. 
Meu tio acenou a mão pra ele, sorrindo. 
Me pus de pé:
- Estava me procurando? 
- Não exatamente, mas não ti vi no quarto quando retornei. 
- Bom eu quis vir pra cá, só isso - respondi. - Está tudo bem agora? - perguntei um pouco mais discreto pro meu tio não perceber do que estava falando.
Bruno meneou o lado da cabeça, dando de ombros:
- Vai ficar melhor. 
- Hum. 
- Não esquenta.
Tiago me olhou desafiador. 
- É difícil não ficar. 
Bruno jogou o braço por cima do meu ombro e me puxou junto do seu corpo, e se dirigiu pra perto de Tiago. 
- Vamos pra sala de jantar? 
- Mas ainda a mesa não está servida? - avisei.  
- Oras, vamos mesmo assim. 
- Tudo bem! - resmungou meu primo, tomando a frente. Olhei para Bruno, preocupado e ele suspirou, sorrindo:
- Parece uma criança de cinco anos. 
Eu me sentia meio que responsável por aquilo, mas não ia adiantar falar nada pra Bruno. 

Bruno - O amigo do meu primoOnde histórias criam vida. Descubra agora