Capítulo 11

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     Os dias se passaram rapidamente para a minha infeliz sorte, o casamento já era depois de amanhã. Minha cabeça girava em torno de achar um plano para fugir uma última vez, antes do terrível dia.

     Não tinha mais falado com Matteo, e as poucas vezes que o vi, sempre estava com uma carranca, ou todo sujo de sangue.

    Lorena nos últimos dias, anda bem ocupada, arrumando tudo em seu apartamento, ela estava realizada. E não podia de forma alguma atrapalhar sua felicidade, com meus problemas, e muito menos com meus planos de fuga, afinal, ela tinha se encontrado aqui.

    Estava indo até a cozinha tomar um copo de água, quando escuto vozes vindo do escritório de Matteo. Olho a minha volta não tinha nenhum segurança por ali, estranho.

      Vejo a porta meio aberta, e a conversa se intensifica, olho por ela e vejo a tal da Beatrice, só de lingerie, enquanto Matteo a afastava.

     Me apresso a sair dali, antes que alguém me visse. Me viro rapidamente, tombando em um grande vaso de porcelana, o quebrando em mil pedaços. Mas que inferno!

      Matteo sai rapidamente na porta, me vendo ali parada.

- Katherine, você está bem?- Pergunta vendo a bagunça.

- Estou sim, vou limpar a bagunça.- Digo, vendo a loira o abraçar por trás.

- Vamos querido, terminar o que começamos.- Fala dengosa, com um olhar de deboche para mim.

     Apenas sorrio, me retirando dali, indo até a lavanderia para buscar uma vassoura.  Mas que merda fui fazer da minha vida, além de ter que ser obrigada a casar, agora seria obrigada a ver suas pornografias ao vivo, como se já não bastasse eu ter que ver isso a vida toda, enquanto morava com meu pai e Lisete.

      Por um momento cenas da minha infância vem a minha cabeça. Na época tinha acabado de fazer cinco anos, lembro quando acordei a noite para ir ao banheiro,  meu pai tinha recém ido morar com Lisete.

       Estava apertada, corro rapidamente para chegar no banheiro, passando pela sala, vejo Lisete fodendo loucamente um de seus amantes no sofá. Apavorada com a cena começo a gritar e chorar, e ela irritada por eu ter atrapalhado seu momento, me pega pelo cabelos e me leva para o quarto, me batendo com um cinto.

       Lembro de ter chorado a noite toda, e por um momento ali parada conseguia sentir aquela mesma sensação de solidão, de estar mais uma vez sozinha, tendo que lidar com meus traumas e minhas dores.
     

    Tento tirar essas lembranças bobas da minha cabeça, eu não era mais uma criança. Mas estava chateada, eu que sempre quis me ver livre daquele inferno, olha pra mim agora, estou em um inferno pior ainda. Mas eu não queria isso pra mim, e precisava dar um jeito de fugir hoje mesmo.

    Subo novamente e começo a varrer a sujeira. Logo vejo a porta do escritório se abrir e ela sair.

- Mas Matteo, você não pode estar fazendo isso comigo.- Choraminga ela.

- Já falei Beatrice, e não apareça mais por aqui.- Diz ríspido.

   Ela sai, mas não sem antes me olhar com ódio, continuo meu serviço.

    " Ah querida, se tu soubesse o quanto eu queria estar bem longe daqui..." Penso.

Matteo cruza os braços e fica me observando.

- Estava me espionando?- Questiona.

- Não.- Respondo firme.- Apenas queria perguntar se podia ir levar algumas roupas para Lô, que ainda estão aqui.

       Ele me analisa por alguns segundos, como se procurasse algum resquício de mentira em meu semblante, porém nunca deixaria transparecer.

- Tudo bem.- Concorda.- Tenho algumas coisas pra resolver, mas vou pedir pra alguém te acompanhar.

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