Léo
Estranho, eu há vi tão poucas vezes e tenho essa sensação esquisita que conheço aquele rosto. Sei que pode parecer ainda mais esquisito, mas também tenho a sensação que conheço aquele cheiro e até mesmo aquele beijo. Nossa! Como foi bom beija-lá. Não parece que há conheci naquele banco, a sensação que senti ali foi de um reencontro.
Não vou contar nada do que aconteceu pra ninguém! Aliás, quem iria acreditar que existe amor entre crianças de 10 anos?! Detesto admitir que ainda sou uma criança. Pense só, se eu tivesse os meus 18 e ela também, ela não precisaria ir embora e isso tornaria as coisas ainda melhores.
Não quero ter que ir embora! Ela ainda vai ficar por mais um dia. Me pergunto o que é mais bonito nela. Não imaginam o quanto é uma pergunta difícil. Ela tem cabelos loiros tão lisos que sempre cobrem alguma parte de seu rosto. Seus olhos são verdes. Sua boca é tão linda que parece ter sido desenhada. Ela é tão linda! Não queria (queria sim rs), mas o fato de imaginar a Kath daqui a uns anos me faz querer ser um homem mais rápido, bem mais rápido.
To deitado a tanto tempo pensando nela que só agora me dou conta que já são 2:45h. Preciso deixar com ela algo que faça com que se lembre de mim. Qualquer coisa! Mas o que? Eu pediria ajuda ao meu irmão, mas ele diria algo como uma cueca rs. Ela me fez prometer que eu não iria a esquecer, mas ela não imagina que o meu medo que ela me esqueça é bem maior que o dela. De repente a porta do quarto se abre e vejo minha mãe entrar, modesta parte minha mãe é uma mulher encantadora de fato que eu sempre entendi o por que o meu pai é louco por ela.
_Por que está acordado até agora, amor?_ diz ela preocupada.
_ Só estou sem sono, mãe!_ digo disfarçando.
_Está me dizendo então que não tem nada haver com a Katherine?_ diz divertida.
_Como sabe o nome dela?_ digo intrigado.
_ Seu irmão me disse! Gosta dela, certo?
Decidi que não diria nada a ninguém, mas talvez minha mãe seja a pessoa certa pra contar. Respiro fundo e digo:
_Nós nos beijamos!_ digo envergonhado.
_Não acredito! Me de detalhes?!_ ela diz rindo.
_Para mãe! Gosto dela! Gosto muito! Sei que pode não acreditar, mas sei que vou me casar com ela, só preciso que ela acredite nisso.
_Você não acha que está super cedo pra você falar de casamento não, meu filho?_ diz assustada.
_Pode ser! Mas quero ela pra mim! Disse que deixaria algo que a fizesse lembrar de mim, mas não sei o que deixar. Me ajuda?_ digo quase implorando.
_ Hum... Por que não escreve uma carta, querido? Aposto que ela vai gostar._ diz animada.
_ Boa ideia! Mas como começo?
_ Bom, eu não posso te dizer o que escrever. Só diga o que sente por ela, ta bem? Mas nada de mentiras!_ ela diz, em seguida me da um beijo e sai do quarto.
Pego um caderno e uma caneta, mas nada consigo escrever. O que acho estranho. Pego meu celular e olho a foto que tirei dela olhando a lua sem que ela notasse. Decido por uma música e tento escrever. Deu errado alguma vezes, mas consegui. Espero tanto que ela goste! Que ela acredite em mim! Pego o meu perfume e espirro sobre o papel. Vou até o meu guarda-roupas e decido que vou deixar um casaco de moleton com ela. Pego o vermelho, aliás, o que eu mais gosto. Sei que posso vir a sentir falta, mas imaginar ele nela me fazia sorrir. Espirro inúmeras vezes meu perfume sobre ele, realmente quero que ela sinta o meu cheiro quando eu já não estiver aqui.
Finalmente me deito. Penso que ela deveria estar dormindo e me lembro quando a vi dormindo pela janela do quarto. Parecia um anjo! Como realmente preciso dormir, fecho os olhos e acalmo meus pensamentos. Até que...
*
*
Acordo com meu irmão me sacudindo de um lado para o outro. As vezes o detesto por isso, mas tenho certeza que se um dia ele não estivesse aqui pra fazer isso eu sentiria sua falta. Quando me dou conta que preciso deixar com alguém a carta e o casaco para que entregue a ela, me levanto depressa. Tomo um banho e chamo pelo Estêvão. Ele é meu primo, seus pais decidiram só ir amanhã. Queria que minha mãe me deixasse com eles, mas ela achou melhor não. Ele acorda assustado.
_Preciso que faça um favor pra mim!_ digo animado.
_Cara ainda é de madrugada. O que você quer?_ diz sonolento.
_ Sabe a Katherine? Preciso que entregue algo a ela.
_Deixa aí em cima que mais tarde eu entrego. Mas agora saí e apaga a luz!_ diz me expulsando.
_Ta bem! Mas não se esqueça! Até amanhã!_ digo saindo.
Já estamos no carro. O Leony (meu irmão) joga um jogo de corrida em seu celular, minha mãe se olha em um dos seus espelhos e meu pai acabou de por no rádio um forró antigo pra tocar. E eu... Bom, eu sinto vontade de chorar. Nunca senti isso, mas é como se estivesse deixando pra trás um pedaço de mim