Capítulo 11.

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Dedicado há: annemariahleal *-*

Kath

Acordo e ao lembrar do que aconteceu fecho os olhos novamente. Isso não deveria ter acontecido! Eu deveria estar preocupada com outras coisas, mas nesse momento o que me perturba é o fato de poder ter perdido meu melhor amigo.

Levanto da cama e caminho na direção do chuveiro. Ponho no morno e fico ali tempo suficiente para as pontas dos meus dedos ficarem enrugadas. Assim que me enxugo ponho um vestido curto de cor rosa bebê.

O  silêncio no apartamento me encomoda e vou até o quarto do Gustavo. Oh não... As portas do guarda roupas estão abertas e suas roupas não estão lá. Ele foi embora! Ele gosta de mim como mulher. Como eu nunca notei? Entro e sinto seu cheiro ainda no ar. Percebo que ele levou o porta retratos que tem uma foto nossa, porém ele deixou o que tem a foto dele. Não consigo controlar a vontade de chorar que invade meu corpo e acabo derramando algumas lagrimas.

Pego meu celular e mando uma mensagem para o meu tio dizendo o seguinte: " Tio, me perdoe! Não estou em condições de trabalhar hoje. Estou passando por uns problemas pessoais. Espero que possa entender... Beijos!". Ele é dono de hotéis. O Charles é meu tio, porém a vida fez dele meu pai. Ele foi quem cuidou de mim e da minha mãe depois que o meu pai nos abandonou.

Um minuto depois ele responde: " Tudo bem, Kath! Sabe que pode conversar comigo, certo? Você é como minha filha. Quando se sentir a vontade pra vim trabalhar, venha! Enquanto isso não acontecer, fique em casa! Te amo, pequena!". Ele realmente faz eu me sentir amada. Agradeço mentalmente por ele existir na minha vida.

Ligo para a Suzan e ela logo atende:

_ Oi amiga! Que saudades! Você sumiu, por que?_ diz preocupada.

_Amiga, pode vir até aqui? Realmente preciso conversar..._ digo fazendo forças pra não chorar.

_ Estou indo! Vou correndo! Deixa a porta aberta!_ diz.

Ela mora duas casas depois da minha, por isso sei que vai chegar rápido. Abro a porta e lá vem ela, ainda com roupa de dormir. Dou um sorriso e a puxo pra dentro.

_Gosta de andar assim?_ pergunto rindo.

_Última moda! Você precisa experimentar! Antes que comece, tem algo para comer? Ainda não tomei café._ diz descontraída.

Caminho pra cozinha e ouço um grito:

_Kaaaaaath?

_ O que foi, garota?_ pergunto sorrindo.

_ Seu amigo que por sinal é lindo, não pode me ver assim. Vou no seu quarto colocar uma roupa decente. Tudo bem?

_Pode ir! Mas o Gustavo se mudou..._ digo fazendo a abrir a boca em forma de espanto.

_Perdi o apetite! Volta aqui! Me conta tudo! Ah, e com detalhes._ diz me encarando com curiosidade.

Caminho de volta e me sento no sofá colocando uma almofada sobre as pernas. Respiro fundo e tento encontrar as melhores palavras para a explicar o que nem eu mesma consigo entender.

_O Léo está namorando, amiga..._ desabafo!

_ Eu já sabia! Sei que isso te encomoda, mas não entendo o que isso tem haver com o Gustavo ter se mudado.

_Suzan, o Gustavo me agarrou e fez coisas que não deveria ter feito._ digo olhando em seus olhos.

_Eu ficaria surpresa se já não estivesse notado a vontade dele de fazer isso antes. Você gostou? Me conta!_diz animada.

_ Como assim? Por que nunca me contou que via isso nele? Sabia que ele me via de calcinha e sutiã? Não acredito que só eu não notei!_ Minhas palavras saem mais depressa do que o normal.

_ Até cego via, Kath! O Gustavo te ama de uma forma especial. Você não gostou, Katherine? Ele é ruim?_ pergunta maliciosa.

_Bom... Seria mentira se eu dissesse que não! Mas não se anime, porque eu não poderia ter gostado. Poxa, ele é meu amigo! Meu melhor amigo!_ digo mais pra mim mesma do que pra ela.

_E você mandou ele ir embora depois disso?_pergunta

_Não. Quando acordei ele já não estava aqui_ digo olhando pra baixo.

_E isso te deixa triste, certo?_ pergunta me analisando com os olhos.

_Sim!_ É tudo o que consigo dizer.

_ Quer saber o que eu acho de verdade?_ pergunta seriamente.

_Quero!

_Que você tem muita sorte de ter dois homens lindos e gostosos que te amam_ gargalha.

Para, Suzan! Você não vale nada!_ digo rindo.

_ Parei! Quando soube que o Léo estava namorando, sabia que quando você soubesse iria desejar ir atrás dele e bagunçar a vida dele. Eu sabia e cheguei a rir de tudo isso! Mas agora é diferente, Kath. O Gustavo teve coragem de fazer o que eu sempre achei que ele tivesse vontade. Caí na real, vocês podem ser muito felizes juntos._ diz sinceramente.

Penso nas suas palavras antes de responder. Iniciar um relacionamento com Gustavo é algo que nunca esteve em meus planos. Pode parecer bobo, mas pensar nisso é um tanto estranho. Não é o que quero!

_Suzan, pensar em mim e no Gustavo juntos não faz nenhum sentido._ confesso.

_ É uma pena que eu não tenha esse tipo de oportunidade! O que você vai fazer, vai deixar o Léo viver a vida dele e vai mesmo viver sozinha aqui?

_Não vou deixar o Léo namorar ninguém!_ digo brava.

_Ainda o ama, amiga?

_ Não como antes. Aquela história do vídeo fez com que a magia que existisse entre nós se  perdesse. Mas não sou capaz de o ver com outra. Porém não suporto a ideia de viver sem o Gustavo. Eu não o amo como homem, mas ele é o que tenho de mais valioso._ digo sincera.

_ Obrigada pela parte que me toca!_ diz fazendo beicinho.

_Eu também te amo e você sabe! Porém o que eu construí com o Gustavo é mais sólido do que o que há entre muitos casais. O que há entre nós é verdadeiro! Ele me da um amor que du nunca recebi nem da minha mãe, Suzan_ sinto as lágrimas escorrerem pelos meu rosto.

_Continue! Sei que precisa por pra fora.

_ Tem noção de quantos vezes ele me cobriu e beijou minha testa antes de dormir? Tem noção do esforço que ele fazia pra que eu conseguisse sorrir quando eu só tinha motivos pra chorar? Tem noção de quantas vezes ele saiu mais cedo ou deixou de trabalhar pra poder cuidar de mim? Ele é tudo o que tenho! Minha mãe nunca fez nem a metade! As vezes sinto que minha mãe nunca me amou. Sinto que ela se culpa por eu existir. Quando eu estava me sentindo um verdadeiro nada, o Gúh apareceu na minha vida e fez eu me sentir pela primeira vez especial. Eu não posso o perder! Não posso o perder por nada nessa vida. Nem mesmo pra isso que ele sente ou para o que aconteceu. Eu não quero voltar a ser um nada, Suzan. Eu não quero!_ desabafo e a tentativa de segurar o choro falhou.

Minha amiga não diz uma só palavra, ela se levanta e posso ver lágrimas em seus olhos também. Ela se aproxima e depois de nos olharmos, ela me abraça. Deito no seu colo e ela faz carinho em mim enquanto ficamos em silêncio.

Permanecemos assim por alguns minutos. Mas decido que é hora de levantar, reúno forças e faço isso. Suzan segura minhas mãos e pela primeira vez a vejo desse jeito. A Suzan que leva tudo na brincadeira desapareceu, agora vejo ela triste e chorando. Ela olha nos fundos dos meus olhos e diz:

_Você precisa ir atrás dele agora! Se você não for, eu mesma vou e o obrigo voltar pra casa._ diz ainda chorando.

Acabou, mas nao teve Fim.Onde histórias criam vida. Descubra agora