𝔖𝔞𝔫

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  — Aqueles desgraçados pensam que podem fazer o que quiserem? - bradou - um invasor entra em nossas terras, mata nossos animais, e ainda nos culpam? - forçou sua mão contra a mesa espairecendo a ira.

— A divisão de terra permaneceu por mais de um século - o mais alto dos três homens segurava uma carta polida, com o selo real.

— Mas quem traiu nossa aliança foram eles! - o loiro de expressão relaxada contemplava o livro em suas mãos - Vivemos ao lado dos mortais e a única coisa que recebemos em troca, desigualdade e falta de recursos. Não julgo-os por terem saído das terras alheias para morarem em suas próprias. - deu de ombros.

— Sabia que não devíamos ter voltado, que inferno!

Finn San bufava como fera, a cada lua surgia um novo incômodo, fora das grandes muralhas de Ninféria deveria ser extremamente perigoso, e com todos os pontos negativos havia pessoas saindo do reino.

— Até onde sei - diz Amyeon, deixando o livro de lado - O reino está sofrendo muitas crises, e ladrões estão invadindo.

— Não é nossa culpa se eles não sabem proteger aqueles miseráveis - San arfou puxando os fios gélidos para trás, soltando um sorriso hipócrita - Se fosse um de nossos homens invadindo as terras alheias, não mediriam esforços para matá-los.

— Use sua bela cabeça para pensar irmão, em outras terras nenhum ser imortal habitava junto dos humanos. Claramente o Rei teve muitas influências sobre essa situação, e na primeira oportunidade que teve nos tirou das terras dele. - respondeu Amyeon

— Então.. de tanto encherem-no de baboseiras, ele cedeu.

— O rei age assim, porque nós demos a ele o que queria, poderíamos muito bem ter assumido a liderança do reino.. - terminou Kang voltando sua atenção para o tomo.

— Por que sinto eu.. - a voz murchou, Seonghwa pairou alguns segundos antes de prosseguir, abandonando a carta - Não creio que Yunho esteja envolvido nisso.

— E por que imagino eu que ele está? - provocou Finn brincando com os anéis.

O contorno de seu rosto brilhava nas velas, a face pálida e dura encarando o vazio da sala, trincou o maxilar e soube que Kwon Seonghwa, estava irado. Não tinha nenhum problema sério com o rapaz mais novo, Park Yunho, porém também não possuía tamanha paixão por tal.

Assim que o corpo magro saiu às pressas, correu para conseguir acompanhá-lo, deverasmente contente com o que viria a acontecer, ou numa tentativa de sair do tédio, ser um vampiro limitava suas ações. Não era a primeira vez que Yunho passava do limite em suas brincadeiras. Num dia, o único momento que concordou e presenciou, fora quando Park esmurrou um bastardo por sabotar seu trabalho, sendo sincero, nunca mais vira o rapaz novamente, talvez tenha se mudado depois da cena.

Avistou de longe o jovem alto, vestes negras da cabeça aos pés, e um belo sorriso sarcástico dançando pelo rosto, pôs suas mãos para trás aguardando o teatro.

— Que caralhos fizestes? - seus olhos opacos encararam Kwon, talvez não esperasse ser descoberto tão cedo, os lábios abriam querendo proferir novas desculpas - nem pense em pedir perdão, quero saber o que fez! Porcaria Yunho! Recebemos uma segunda carta real, seu louco, pensas que farão o que a respeito de suas palhaçadas?

— Posso me explicar? - sibilou de cabeça baixa tomando a palavra - Caminhei pela manhã, peguei as estradas mais estreitas, e encontrei um cervo fêmea espalhado pelo chão, embuchado e judiado, senti remorso, não posso negar. Os olhos do animal eram como água parada, mas se fosse apenas isso - observou a face do homem e ele parecia compreender, ainda sustentando sua postura rígida, olhou para si por pouco tempo - As pelotas afastadas do ventre da mãe, três no total, apenas concedi a justiça que ela merecia! Segui a trilha e a noite vinha a cair, foi quando avistei o maldito; Era um caçador, não havia o que fazer.

San sentiu-se triste, percebendo que a história era verdadeira e Seonghwa teria visto a em sua visão, não havendo ultrapasses de territórios e roubalices, os reinos permaneceram em paz. Dizia a voz de Kwon enquanto lia a carta mais cedo, Yunho havia ou não invadido Ninféria?

— E o que fez com o moribumdo? - perguntou pela primeira vez após o silêncio. O belo sorriso sórdido do vampiro libertou seus pensamentos mais fortes.

— Pendurei seu miserável corpo num finco.. arranquei-lhe os olhos como duas bolas fundas.. maltratei bem de seus últimos tempos vivo! - ele estava satisfeito, totalmente visível pela sua feição - cortei o peito e roubei seu coração largando-o pelos pés...

— Basta! - exclamou Seonghwa, sentia se enjoado só de ver a cena retratando-se na mente - não quero proferir mais nada a você.

San não conseguia esconder a curiosidade e pouca admiração pelo jovem, talvez depois desse acontecimento o mesmo tome seguimento de sua vida. Riu tosco de si próprio, juízo e Park Yunho na mesma fala não existia. 

Império Imparcial; YUNGI *REESCREVENDO*Onde histórias criam vida. Descubra agora