Capítulo Um - Coruja

58 8 0
                                    

Reino de Heyvers

O vento balançava seus cabelos platinados na frente de seus olhos, sem prejudicar a sua visão. Sangue pingava da lâmina de sua adaga. Olhando para os corpos feridos no chão, não estavam mortos por sua escolha de poupá-los. Mesmo estando de noite, não poderia se dar ao luxo de pensar que ninguém a veria. Então, começou a correr na direção oposta dos corpos inconscientes, avançou até pegar impulso e saltar para então seu corpo se transformar em uma coruja com as penas tão brancas quanto a neve que caía naquela noite, cobrindo todo o reino de Heyvers. Ela se encontrava no alto da torre Bizys, que ficava no centro do reino adormecido. Ficou boa parte da noite olhando para a cidade com a companhia das sombras, quando avistou algo incomum: o som de passos pesados na neve fazia barulho diante do silêncio. Curiosa, a metamorfa seguiu os humanos até uma casa de madeira no final da cidade. Os dois homens e uma mulher entraram, fechando a porta e impossibilitando a coruja de ver o que acontecia, insatisfeita com isso, pousou no chão e seu corpo mudou até ter a aparência de um rato.
Ele se esgueirou para dentro da residência pelas frestas da madeira. Quando entrou, conseguiu ver o que estava acontecendo: as pessoas dali estavam mexendo em caixas grandes retangulares. Tendo um mau pressentimento daquilo, ela então transformou-se de volta na forma humana. Todos ali olhavam para ela com os olhos arregalados de surpresa e uma fração de pavor. O homem com o maior porte corporal a atacou primeiro, desferindo um soco nela. No entanto, a vigilante desviou facilmente do ataque improvisado causado pelo pavor do homem. Quando ela desviou do golpe e atacou seu primeiro adversário, acertou-o com um chute nas costelas para desequilibrá-lo e, em seguida, acertou-o com um soco no pescoço para tirar-lhe o fôlego. A mulher tentou puxar seus cabelos, mas ela segurou o braço e girou, fazendo com que fosse deslocado. Chutou sua oponente contra a parede. O último que estava de pé era o menor, todo o seu corpo estava tremendo e seu olhar demonstrava puro medo. Ele ficou andando para trás com passos desajeitados até sentir a parede em suas costas. Ele se encolheu quando ela se aproximou dele, vendo que o pequenino era inofensivo, apenas o apagou com um golpe no pescoço.
Quando restou apenas ela de pé, finalmente olhou para o local onde estava com mais atenção; as paredes de madeira estavam mofadas, algumas quebradas. Não havia um móvel na área, apenas as caixas retangulares. No mínimo uma dúzia delas. Andou até as mesmas, usou suas adagas para ajudá-la a abrir. Quando foram abertas, a vigilante notou no mesmo instante que o que tinha dentro delas eram armas do reino de Guiles e havia por volta de umas 20 armas em cada caixa, totalizando cerca de 240 armas de outro reino naquela casa. Aqueles três roubaram tudo isso de armas do arsenal protegido por um exército real? Não, não conseguiriam. Eles são apenas os vendedores; os ladrões estavam em outro lugar provavelmente.
Sentiu raios solares atravessam as cortinas precárias, saiu da cabana com pressa e então pegou novamente impulso e saltou, virando em uma coruja, voou sobre o reino até chegar em sua casa, vendo a porta da sacada de seu quarto aberta voou para dentro do cômodo, após aterrissar ao lado da sua cama, então voltou a sua forma humana, caiu esparramada no grande colchão no meio do quarto imenso, estava exausta da noite que teve, aqueles vendedores lhe dariam dor de cabeça futuramente.
A contragosto, levantou-se, mesmo seu corpo desejando continuar ali no macio, mas seu trabalho ainda não tinha acabado, apenas estava começando. Dirigiu-se até a escrivaninha para fazer um relatório daquela noite. Depois de escrever os acontecimentos, espreguiçou-se na cadeira e levantou-se, indo para o lavabo que fazia parte de seu cômodo privado. Chegando lá, notou que a banheira de mármore branca já estava com água quente esperando por ele. Tirou todo o seu arsenal e, logo em seguida, a roupa apertada que tinha usado a noite toda. Então, entrou na banheira, sentindo a água aquecida relaxar seus músculos, ficando ali observando o teto claro com traços em azul marinho, transformando-os em desenhos de flores de jasmim, que se encontravam no centro e circulavam o lustre. Era uma bela arte de se ver.
Após terminar de se banhar, levantou-se da água, indo em direção a uma cadeira. Pegou uma toalha para se enrolar e seguiu em direção ao seu guarda-roupa. Decidiu vestir um vestido roxo com detalhes em vermelho, que possuía mangas longas e coladas. Como o seu cabelo não era muito comprido, não precisou fazer um penteado, apenas o escovou. Estava terminando de se vestir quando ouviu alguém bater na porta.
— Pode entrar.
Um homem entrou com uma bandeja de prata com comida nas mãos. Quando deixou o objeto em cima da mesa de trabalho dela, olhou para a mesma.
— Vim trazer o seu café da manhã, temos muito trabalho hoje, então precisa ter energia. — disse, entregando um pedaço de laranja que pegou da bandeja e entregou para ela.
— Obrigada, Ethan.
— Sem problemas, as sombras que foram com você me relataram os acontecimentos dessa noite. — Revelou, enquanto se sentava em uma cadeira.
— Então, já deve saber o que fazer. Irei mandar uma mensagem para Mia sobre isso, ela deve estar torturando alguém nesse momento para conseguir informações sobre as armas.
Freya foi até a bandeja para comer mais alguma coisa.
— Pobre alma que for torturada por ela. — disse ele com um falso lamento.
Os dois riram e então ela foi se alimentar e Ethan se levantou para pegar o relatório desta noite, e voltou a se sentar. Resmungou algumas coisas em outro idioma que a platinada não compreendia, mas não se importou com isso. Quando terminou, foi ao banheiro escovar os dentes, voltou para o seu quarto e viu o irmão arrumando sua adaga que possuía a lâmina preta ônix e seu cabo era feito de ouro, era a arma que os dois tinham em comum quando ganharam no aniversário de dezessete anos.
— Você vai precisar dela hoje?
— Espero fortemente que não, mas se tiver que usar, eu irei. — comentou, enquanto escondia a lâmina nas costas.
— Uma coisa, o seu relatório falava somente sobre os vendedores, e pelo que fiquei sabendo eles não possuíam capacidade de invadir um palácio, quem dirá o castelo vermelho, acha que os verdadeiros ladrões ainda estão em Guiles? — questionou.
— Não sei responder, mas descobriremos, quero que você vá naquela casa e pegue as armas e prenda os comerciantes. — A mesma comenta arrumando seu vestido.
— Já mandei minhas sombras cuidarem disso.
— Ótimo, vamos indo senão iremos nos atrasar. — falou ela indo em direção à porta e saindo com Ethan logo atrás. Passaram pelos grandes corredores até ficarem de frente a uma grande porta branca. Quando os guardas iam abrir, ela notou que tinha esquecido algo muito importante.
— Esperem! Preciso pegar uma coisa... — uma risada fraca interrompeu a sua fala; notou que era o irmão, só podia ser ele.
— Esqueceu de alguma coisa? Como isso? — disse, mostrando a mão que estava atrás das costas, revelando o que tinha.
— O que seria de mim sem você? — perguntou ela ironicamente.
— Não sei, realmente não sei..
— Deveria cuidar mais da sua vida diurna do que da noturna. — falou enquanto colocava o objeto em cima da cabeça dela.
Mesmo achando desnecessária a observação dele, concordou, checou para ver se não tinha esquecido nada, vendo que não, voltou para o seu lugar e Ethan fez o mesmo. Assim, os guardas abriram a grande porta, revelando vários rostos que os encaravam com sorrisos, alguns verdadeiros, outros nem tanto. Não se importavam com isso, eles seguiram pelo caminho que foi aberto para eles passarem por todos, chegando no final, subiram os poucos degraus até chegarem ao seu destino. Ela se sentou no trono feito de mármore que tinha um tom de branco cintilante, com desenhos de ondas em azul marinho, que se destacavam sobre a cor clara.
— Senhoras e senhores, apresento-lhes o conselheiro real Ethan Klein e sua majestade a rainha Freya Leroy. — Após a apresentação, todos do salão se curvaram em respeito à sua monarca.







~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~
NOTAS:
Na minha conta do TikTok e do Instagram eu posto coisas relacionadas e história, como curiosidades, personagens e talvez alguns spoilers sksksk
Por favor não esqueçam de votarem ❤️🔸

Instagram: @autora_blackmartin
TikTok: @black_martin_

Gostaram da Freya ??

As Monarcas Parte - IOnde histórias criam vida. Descubra agora