Capítulo Três - Serpente

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Reino de Achyles

A bebida rodopiava dentro do copo que balançava em sua mão, olhando com ternura para o reino, para aqueles deveria proteger, até mesmo as pessoas frias tinham um ponto fraco, e o seu era a sua casa, seu território, seu reino. Observando as casas, a praça que ficava no meio da cidade estava movimentada, estava tão perdida em seus pensamentos que não tomou alguém entrar no seu escritório.
— No que tanto pensa minha Azz? — perguntou o homem ao se aproximar dela e dar-lhe um beijo na testa, a mesma sorriu com o gesto.
— Nas coisas que devo proteger, com os acontecimentos recentes isso está cada vez mais difícil. Talvez ocorra outra guerra...
— Letícia, sempre a possibilidade de uma guerra mesmo não a querendo, com os ataques ficando mais recorrentes, por que não tenta ter uma conversa civilizada com eles ? — perguntou, a mesma o encarou nos olhos com um olhar penetrante.
— Eu já tentei isso e fui apedrejada como resposta!
— Eu sei, mas...— ele foi interrompido pelas batidas na porta.
— Desculpe interrompê-la, mas nós temos um problema na masmorra. — disse o conselheiro para a monarca.
Letícia olhou para o lado não encontrando nenhum resquício do seu parceiro, uma leve pontada de desapontamento se fez presente no seu peito, mas naquele momento teria que ignorar aquele sentimento, seguiu Félix pelos corredores com paredes esverdeadas num tom claro parecendo a cor da grama na primavera, eram enfeitadas com quadros da família real, o caminho era iluminado pelas chamas dos candelabros e lustres.
Chegando na porta que levava para fora do castelo as abriu e então o vento gelado bateu em seu rosto, mas não pareceu incomodar a monarca — o sangue das serpentes são frios, afinal — se dirigiu até o fundo do pátio real, ela e Félix chegaram em frente a uma porta de madeira envelhecida, o homem então abriu a porta, e a mesma rangeu pelo tempo sem ser usada, o mesmo deu passagem para a dama ir na frente, ela olhou o caminho estreito que lhe aguardava, as paredes feitas de pedras das sombras se encontravam úmidas, não continha nenhuma iluminação pelo corredor, se encontrava tão negro quanto a noite de inverno. Com um longo suspiro profundo então foi em direção caminho escuro, logo após passar pela porta sentiu uma dormência por todo o corpo, depois de um curta caminhada encontrou uma escadaria que levava para baixo, não enxergando nada além do breu, colocou uma mão em cada parede gelada e então continuou o seu caminho cuidadosamente, com Félix atrás de si, com o silêncio reinando entre eles, podia-se ouvir somente o som de seus passos sempre que desciam mais um degrau, depois de longos minutos descendo finalmente chegaram ao fim da escada, se depararam com quem os esperava.
— A senhora demorou. — disse uma voz infantil, era uma garotinha que tinha ali, não parecia ter mais de onze anos. Letícia não conseguia enxergar a menina por conta do breu que o local se encontrava, mas conseguia sentir o calor corporal da criança, podia sentir o calor dela do lado esquerdo a uns dez passos de distância, também possuía outros rastros de calor, porém estavam desaparecendo. — Vamos brincar! — Ela parecia empolgada.
— Sua brincadeira tem como objetivo fazer minha cabeça rolar pelo chão? — A adulta perguntou, enquanto cruzava os braços na frente do corpo.
— Talvez... — O tom da mais nova era de sapeca, como se tivesse feito arte e estava escondendo sua bagunça dos pais. A monarca soltou uma leve risada.
— Acenda o cômodo novamente, para podermos conversar melhor — Sugeriu, enquanto isso Félix se encontrava no pé da escada, nervoso.
— Se eu acender,vamos brincar? — Perguntou.
— Claro, vou adorar ver você tentar arrancar a minha cabeça, se conseguir, poderá sair daqui, está bem? — A mesma entrou na conversa da pequenina.
— Fechado! — Com essa fala, um estalo de dedos foi ouvido, então as tochas presas nas paredes úmidas, acenderam-se. Pela claridade repentina Letícia e Félix tiveram que piscar os olhos algumas vezes, para enfim poder olhar o que aconteceu ali, Félix começou a suar frio com aquela visão dos horrores, já a monarca olhou fixamente para a criança coberta de sangue.
A menina com cabelos tão vermelhos quanto o sangue que a cobria, os olhos violeta que tentavam ocultar a perversidade dela com uma falsa inocência, a face dela era delicada, com um nariz pequeno e grandes bochechas, a mesma trajava um vestido azul marinho com babados em volta da cintura,as mangas iam até o cotovelo, com desenhos de flores bordados no fim da manga, a saia lisa ia até um pouco mais que o joelho. A tonalidade da pele da mesma se destacava com aquele vestido, parecia que a mesma estava doente, por ser tão pálida como a neve. Mas todo esse lindo vestido, toda falsa inocência que tentava transparecer, fora em vão.
Os seus guardas no chão com suas cabeças separadas dos corpos, e com um furo no peito onde se localizava o coração, mas Letícia não via onde estavam os órgãos sumidas, olhou novamente para a menina e percebeu as mãos da mesma banhadas em algo carmesim, ao redor da boca da mais nova tinha a o mesmo tom de carmesim.
— Pelo jeito você se alimentou, não é? — Perguntou a monarca, adivinhando.
— Como? — Félix pronunciou abismado, a mais nova ali sorriu debochada pela reação do mesmo.
— Eu estava com fome, fazia dias que não me alimentava. — Defendeu-se.
— Dias? — A monarca olhou para trás, e viu seu conselheiro olhar culpado para si, voltou a olhar para a menina.
— Isso não era mais acontecer, prometo e se acontecer novamente — olhou feio para Félix — basta me chamar, não precisa se alimentar dos meus homens, certo? — Sugeriu a mesma.
— Se eu aceitar, ainda vai brincar comigo?
— Claro.
— Então fechado.
— Ótimo, Félix pode deixar nós duas a sós.
— Mas senhora Rumuald...
— Nos deixe sozinhas — Falou novamente, mas de uma maneira mais severa. Félix mesmo não gostando daquilo, obedeceu, deu as costas para as duas e começou a subir os degraus para fora daquela masmorra.
— Então, agora podemos brincar — Letícia disse sorrindo amigável para a menina que retribuiu o gesto da mais velha. Então começou o sangue a ser derramado no chão novamente.





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Azz significa Amor

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