010 | Ecos de Desejo

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E V E L Y N
H A Y E S

Nós dois estávamos tão perto um do outro que eu sentia sua respiração perfeitamente em meu rosto, como se ela estivesse acariciando meus lábios.


Sua mão em minha lombar me deixou arrepiada no momento em que senti seus dedos roçarem minha pele.

Íamos nos beijar.

Quando ele saiu para encontrar a pessoa que o esperava em seu escritório, foi como se todo o ar no lugar voltasse novamente, eu realmente prendi minha respiração.

Desde o quase beijo, não vi mais Asafe, como se toda vez que ele fica perto demais de mim, ele faz questão de sumir da vista de todo mundo.

Asafe é um enigma intrigante. Num momento, ele é simpático, mas no próximo, sua aura sugere um distanciamento profundo. Isso pode ser interpretado como uma defesa instintiva, uma forma de resguardar-se de conexões emocionais intensas. Suas mudanças repentinas podem revelar uma complexidade interior, uma luta entre o desejo de proximidade e a necessidade de preservar seu espaço pessoal.

Ao se abrirem as portas do elevador, fui surpreendida pela presença de Asafe, sem camisa e preparado para o treino. Sua figura exibia uma leve barba, os cabelos desordenados e os olhos verdes destituídos de qualquer centelha. A pele expunha a preparação física iminente, enquanto os fios de cabelo desalinhados adicionavam um toque de informalidade à cena. Seu olhar, embora profundo, parecia desprovido de brilho, como se escondesse pensamentos ou sentimentos não revelados.

Ele se encostou na barra que fica no elevador, nosso olhar se cruzou por um momento, mas seus olhos desceram até meu short.

— Como isso não rasga? — perguntou.

Percebi que sua voz estava mais rouca que o normal, possivelmente por ter acabado de acordar. Enquanto observava a situação, meus olhos desviaram para meu short e depois voltaram para ele.

— Meus shorts são bem resistentes, mesmo que sejam curtos e com uma aparência fraca.

— Eu tenho certeza que não são tão fortes assim. — ele coçou a barba. — Se eu o puxasse, tenho certeza que rasgaria.

Minhas bochechas coraram intensamente ao imaginar a imagem do homem diante de mim arrancando meu short. Não era uma fantasia ligeira, como se ele o puxasse inadvertidamente ou de maneira humorística, era mais como se ele o retirasse intencionalmente, ávido por possuir meu corpo exclusivamente para si.

Ele me encarou.


— Se seu shortinho não conseguir cobrir tudo, me peça...

A porta do elevador interrompeu suas palavras, capturando sua atenção enquanto se abria.

Saímos e entramos na academia.

— Eu ia falar para me pedir o moletom para cobrir a parte de trás. — ele disse, colocando a garrafa no chão.

— Confio mais em meus shorts do que em mim mesma, senhor mistério.

Ele levantou as duas mãos e foi para esteira, interrompendo qualquer outro diálogo que poderíamos ter agora.

Coloquei meu celular no banco e fiz minha mobilidade para ir na leg press 45, observar Asafe é inevitável, estamos no mesmo lugar, não olhar para ele é considerado o impossível agora.

Não tenho certeza se é apenas imaginação, mas experimento uma sensação de calor intenso ao encontrar o olhar dele. Recuso-me a confirmar se estou sendo observada, mas percebo a intensidade penetrante daqueles olhos verdes percorrendo cada centímetro do meu corpo neste momento.

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