ACORDAR

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Notas iniciais: oiii espero que gostem, amanhã sai a continuação.
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Kelvin suspira, faz só meia hora que eles chegaram no hospital e ele já se sente a um ponto de infartar de tanta ansiedade.

Depois de perceber que Ramiro ainda estava vivo, graças a qualquer divindade existente, ele ligou para a ambulância e ditou da melhor forma que pode, em meio a seu desespero, o caminho até onde ele e Ramiro estavam.

15 minutos depois, eles haviam chegado no hospital, Ramiro tendo sido levado para longe em uma maca quase de forma imediata, para os médicos o examinarem. Kelvin até tentou ir junto em seu impulso mas. . . O impediram.

Obviamente o impediram. . .

Agora o ruivo se encontrava ali, sentado na poltrona olhando pro nada (como seu rams costuma fazer) e pensando em o que diabos ele e Ramiro fizeram para merecer isso, ainda mais no ano novo. . .

Pensando em o que diabos saiu errado para eles acabarem aqui. . .

Se ele pudesse. . . Ele pegaria toda a dor de seu Ramiro para si mesmo. Se ele pudesse, seria ele no lugar de seu peão. Se ele pudesse, ele protegeria Ramiro do mundo e nunca mais deixaria ninguém se aproximar da única coisa preciosa que ele tem em sua vida. Se ele pudesse. . .

No entanto, ele não pode.

Não há nada que ele possa fazer. . .

Nada além de esperar. . . E esperar, e esperar, e esperar mais um pouco. . . Em uma cadeira velha em um hospital ainda mais velho e sombrio e gelado, olhando pro nada e imaginando os piores cenários possíveis.

A sensação de impotência é quase insuportável. No entanto, ela não é mais insuportável que não ter notícia alguma.

Sacode sua perna mexendo-se se um lado pro outro sem conseguir se controlar enquanto tenta com tudo que tem não chorar.

Seu corpo inteiro treme, estremecendo a cada poucos segundos e tudo o que ele quer é acordar desse maldito pesadelo. De preferência nos braços de seu namorado.

O que ele não daria pra estar nos braços de Ramiro agora?

Dormindo garradinhos, no quartinho. . . Parece que a última vez que isso aconteceu foi a uma vida atrás. . .

Ele suspira, escondendo seu rosto então sobre suas mãos e reprimindo um suspiro angustiado e agoniado.

Morde os lábios tremendo e quase grita ao sentir alguém repentinamente por a mão sobre seu braço.

—Calma, calma rapaz! –O médico pede ao perceber o susto que o deu, olhos arregalados e mãos levantadas em rendição pro alto. Kelvin pisca repetidamente ao ver, ofegante, antes de lentamente tentar se acalmar, seu batimento acelerado.

—Me desculpa. . . Eu. . . –Os lábios do ruivinho tremem, suas mãos agarradas fortemente uma a outra, suas unhas recém ruídas e suas sobrancelhas curvadas.

Ele se odeia, ele odeia o mundo, ele odeia esse lugar, ele odeia tudo. Nesse momento, ele não é o Kevin de Ramiro, nesse momento ele é apenas Kelvin Santana, o único garoto de programa do Naitandei, o ladrãozinho, o sem caráter, o garoto em fuga de casa que nunca valeu a pena, que nunca foi amado o suficiente para ser procurado, aquele que passa por cima do que for para conseguir o que quer e garantir o que precisa, nesse momento Kelvin não é Kevin, nesse momento ele é apenas um sobrevivente, uma sombra do que ele atualmente é.

Agora ele é apenas o que era antes de Ramiro.

E até ele ter seu peão vivo e bem e seguro e quentinho a seu lado, ele continuará sendo apenas isso.

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