𝕷𝖎𝖒𝖎𝖙𝖊𝖘

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Bom, recapitulando um pouquinho, vou contar como fiquei com aquele machucado no rosto.

Assim que Carol me pede para sair do quarto, vejo Zerena e Matheus discutindo, Matheus fala coisas que até então não fazia sentido, até ele lançar

Você está fazendo com a Carol, tudo que sua mãe fez com você, e você jurou odiar a sua mãe, Zerena.

Como assim? "Tudo que sua mãe fez com você"?

– Como ousa usar tais palavras comigo? disse que não era para falar sobre isso, para não falar essa faze horrível pela qual passei. Desmonta totalmente minha dignidade.

– É por falta de dignidade que ele não pode falar, ou é simplesment8e pelo fato de você ainda não ter superado ela?

Digo essas palavras, sem pensar na consequência que aquilo poderia me causar, sem pensar noque estava falando, afinal ela poderia se ofender pelos seus próprios pensamentos, pelo oque aquelas palavras iriam causar nela. E também não pensei que estou falando isso para a mãe de Carol, para a mãe dela.

– Quem você pensa que é?

– Uma pessoa que não usa máscaras para esconder meu verdadeiro eu. Uma pessoa que não tem vergonha de ser quem é, e você? Quem você pensa que é?

Em resposta, recebo um forte tapa na cara, que faz um grande barulho ecoando pelo ambiente, e percebo que meu rosto começa a sangrar, ela me machucou com aquele anel que ela usa.

– Zerena, você passou de TODOS os limites, Agredir uma adolescente? Aonde está com a sua cabeça, ela está certa, quem você pensa que é? Você humilha nossa filha, bate na amiga dela, você não é ninguém para fazer isso. Oque você está fazendo não deveria ser feito nem com um animal.

– Matheus, vai realmente ficar do lado dessa mendinga?

Já sei de aonde a Caroline puxou um pouco da ignorância dela e também já sei aonde de onde ela puxou a bondade.

– Eu não estou do lado de ninguém, somente estou do lado da justiça. Você está sendo injusta, não deixando uma pessoa com livre-arbítrio ser quem ela é e agredindo adolescentes.

– Pare de falar como um advogado, por mais que você tenha feito faculdade e exerce advocacia, você continua sendo um merda. No trabalho você é um merda, como marido também, como pai mais ainda, nem limite em nossa filha sabe impor.

Sei que as palavras de Zerena machucaram Matheus e que por mais que ele tente se manter forte, as palavras são doloridas.

Eu me aproximo de Zerena, ficando tão próxima ao ponto de sentir seu hálito enquanto ela fala, ela me olha intrigada e desacreditada na proximidade que exerci entre a gente, mas percebo que ela também ficou intimidada, ótimo, era exatamente oque eu queria, exatamente como eu esperava que fosse sua reação.

– Zerena, tudo oque está falando, não faz sentido algum. Começando pelo trabalho, nunca vi ele exercendo a profissão dele, mas reconheci que tem pulso e empatia, e é um homem justo e isso é incrível para um advogado, porque o trabalho dele é ser justo. Não sei como ele é como marido, mas percebi que ele é muito melhor doque você como esposa, pois ele provavelmente não diminuiria você a uma merda, como você fez com ele, e em momento algum ele te ofendeu. E como pai? O carinho que ele tem pela filha, o apoio, a lealdade, o respeito e tudo que ele demonstra ter e sentir por ela, é maravilhoso. E não é a Caroline que precisa de limites, é você. - faço uma pausa, para respirar, parece que derrepente virei uma metralhadora de palavras, uma atrás da outra. Para dar ênfase termino de falar com calma. – Eu vou impor os seus limites, que ninguém fez isso com você, eu vou fazer. Começando por: Respeito, que é o básico de um Ser Humano. Seguindo de: Amor pela sua filha e seu marido, se você não aceita Carol do jeito que ela é, não aceita que ela é uma adulta e que ela pode escolher com quem andar e ter amizades, você não ama ela. Se você não apoia e não respeita o seu marido, e faz críticas que não são reais, com o intuito de lhe humilhar, você não ama ele. E o último: não agredir as pessoas.

Após terminar de falar, eu me afasto dela, o marido dela me olha e sorri, e então me abraça, e eu correspondo, sussurrando em meu ouvido

– obrigada, vou te ensinar a falar português.

– Vai ser um prazer.

Ele se afasta indo ao lado da esposa

Você pode cuidar da Carol? Temos que voltar para casa.

– Matheus, confia nela?

– Ela me mostrou ser forte e que gosta da Caroline, ela pode ficar responsável por ela, então respeite minha decisão.

Ela me olha com raiva, sorrio para ele como um gesto de cumplicidade.

Após isso, entramos e ele se despede, sussura em meu ouvido perguntando se quero passar o Natal na casa dele, eu respondo que não posso por causa da minha família e ele diz que posso levar minha família, que ele pagará tudo, digo que vou ver com a minha mãe, ele concorda e pede desculpas pela inconveniência da esposa. E eu fico com  Carol no quarto, conversando.

69 - 𝓓𝓪𝔂𝓻𝓸𝓵 / 𝕮𝖆𝖗𝖆𝖞Onde histórias criam vida. Descubra agora