Capítulo 3 - Sobrevivência

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(Perdoem os erros)

- Porra! Que frio do caralho – Resmungo entrando na cabana improvisada com dificuldade, a perna ainda incomoda para caralho e doí demais

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- Porra! Que frio do caralho – Resmungo entrando na cabana improvisada com dificuldade, a perna ainda incomoda para caralho e doí demais.

Quando entro na cabana Frederico está marcando o final de mais um dia, sessenta dias preso nessa ilha deserta do caralho. Ao ver as cabanas assim que acordei na praia dois meses atrás achei que alguém poderia viver aqui, mas as casas estavam abandonadas há muito tempo. Os dois vulcões lá fora devem ter sido a causa provável disso.

- Ei! Teve alguma sorte hoje? – Pergunta ele, nego acenando as mãos vazias. Os enlatados acabaram tem dois dias, montei armadilhas ao redor da ilha para ver se conseguia pegar algum bicho, mas até agora não tive sorte.

- Onde estão o Ralph e a Mônica? – Pergunto pelos outros dois sobreviventes.

Pensar na queda do avião me faz estremecer, não lembro de quase nada depois do impacto que sofremos assim que o avião bateu na água apenas alguns metros da praia, mas com certeza lembro da dor quando acordei sendo arrastado pelo Frederico para longe da encosta e da água fria. A minha perna estava quebrada, tinha cortes no antebraço e uma contusão na cabeça. Fiquei apagado por dois dias delirando devido à febre, antes de finalmente recobrar a consciência por completo. Quando isso aconteceu tinha uma tala improvisada na minha perna.

Lembro que passei dois minutos sentados em uma cama de madeira, com algumas cobertas ao meu redor e um copo com água limpa ao lado. Levei algum tempo para entender e lembrar de tudo. Acordei sozinho, com uma dor absurda na perna imobilizada e o medo de que todos estivessem mortos foi assustador. Cambaleei para fora da cabana e encontrei a Mônica enrolada em um tipo de cobertor azul observando Frederico, Ralph e Andreas cavando um buraco mais ao longe. Foi quando entendi finalmente, eram covas. Seis pessoas sobreviveram à queda do avião ou melhor ao pouso forçado na água, apaguei por dois dias então não fazia ideia do que tinha acontecido nesse tempo.

O que sabia até aquele momento é que eles salvaram a minha vida, foi somente mais tarde que soube de tudo que aconteceu. Ralph conseguiu nos trazer o mais próximo possível dessa ilha, mas sem ideia alguma de quanto saímos da rota original. O avião caiu a poucos metros da praia, partiu ao meio, eles conseguiram tirar tudo que podiam antes dele afundar por completo e salvaram quem puderam salvar. Isso incluiu a mim e a Mônica que estávamos vivos, porém desacordados.

Mônica tinha arranhões pelo rosto, um corte feio no braço. Ralph voou para fora e caiu na água, o copiloto não teve tanta sorte e bateu em uma pedra. Não tenho ideia alguma de como os outros morreram, mas a segunda aeromoça que também sobreviveu a queda ficou ferida demais e sem os cuidados necessários acabou morrendo pouco tempo depois. Eles enterraram os corpos que podiam no vale e desde então temos tentado sobreviver.

Cada um de nós teve que enfrentar seus próprios demônios, tanto físicos quanto psicológicos, para sobreviver. Ralph acha que quando o clima começar a esquentar talvez a gente consiga entrar na água e pegar algumas coisas extras do avião. Tive dois meses para tentar entender que porra aconteceu, como uma pane elétrica provocou tanto estrago em tão pouco tempo. Tenho milhares de perguntas e nenhuma resposta, mas há uma coceira em mim, uma que pinica o tempo todo e me diz que isso não foi um acidente.

Através do seu olhar - Parte II (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora